Conselheiros das Comunidades Portuguesas preocupados com atividades cívicas e ensino do português_LusoJornal·Comunidade·7 Julho, 2025 O encontro do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) que decorre a partir de hoje em Lisboa tem como eixos fundamentais a participação cívica, o associativismo civil e empresarial e o ensino da língua portuguesa, anunciou à Lusa o Presidente Flávio Martins. De acordo com o Presidente do CCP, a participação cívica das Comunidades “tem de ser revista”, para que o processo eleitoral não “perca a sua segurança, mas seja diversificado”, ou seja, “que possam existir várias modalidades de voto”, como a melhoria do voto por correio, mas também o presencial e que se avance para um teste piloto do voto eletrónico. Em 24 de março, o Conselho Regional do CCP / Europa considerou que seria possível o voto eletrónico à distância nas próximas eleições presidenciais, em 2026, defendendo a criação de um Grupo de trabalho na Assembleia da República para desenvolver esta ferramenta. Questionado sobre esta possibilidade – até porque o Conselho Permanente vai reunir-se, separadamente, com os candidatos à Presidência da República portuguesa António José Seguro, Henrique Gouveia e Melo e Luís Marques Mendes -, disse não achar que isso possa ser uma realidade. “Eu acredito que para essa eleição de janeiro de 2026 será mantida a única forma, que é a presencial. Acho que não há interesse da Assembleia da República nem tempo para se fazer alterações à lei eleitoral”, lamentou o Conselheiro das Comunidades Portuguesas eleito pelo Brasil. Dentro do primeiro eixo de preocupações está também a exigência da melhoria da rede consular, cujo funcionamento tem sido alvo de diversas reclamações, indicou. “O segundo eixo trata-se do movimento associativo nas Comunidades, porque entendemos que é um ponto agregador”, prosseguiu. Segundo o representante das Comunidades portuguesas, nesta questão não está apenas patente o associativismo “social ou cultural”, mas também o empresarial e industrial, relacionado nomeadamente com as Câmaras de comércio portuguesas no estrangeiro. Para o Conselheiro, as pessoas ligadas a estas áreas de negócios “também são pontos de ligação entre as empresas no estrangeiro e as empresas portuguesas. Ou seja, tanto serve para que essas empresas lá fora possam enviar ou oferecer os seus produtos ou os seus serviços a Portugal, como também as empresas sediadas em Portugal possam estabelecer negócios com esses países ou com essas outras comunidades”. O terceiro ponto a ser discutido será o ensino do português no estrangeiro, que é algo que “precisa de ser visto e acompanhado com muito cuidado, muito interesse, que colabora com questões como a cultura e a própria ligação afetiva a Portugal, especialmente dos lusodescendentes”. Flávio Martins recordou que foi aprovada, para o orçamento deste ano, a isenção da cobrança de Propinas no estrangeiro para o ensino da língua portuguesa. “O que nós queremos justamente é isso, é fazer com que o número atual de estudantes a aprender o português no estrangeiro, que é bem menor do que o que havia há alguns anos atrás, possa voltar a aumentar”, declarou, acrescentando que esse ensino tem sido mais voltado para o Português como Língua Estrangeira. “Nós entendemos, diferentemente do que têm entendido os últimos Governos e não o atual, que há sempre uma preferência para o português voltado mais como língua estrangeira no exterior, mas para nós também é necessário o português como língua materna, para que os lusodescendentes não apenas aprendam português, mas estabeleçam com Portugal algum vínculo cultural, histórico, afetivo”, declarou. Será também apresentado o relatório anual das atividades do Conselho, que será “entregue às diversas autoridades”, frisou. Flávio Martins destacou que irão reunir-se com outros Conselhos da diáspora – o madeirense e o açoriano – e que pretendem estabelecer “um protocolo de cooperação”.