Artistas portugueses nos «mundos flutuantes» da Bienal de Lyon

A Bienal de Lyon, em França, inicia-se hoje sob o tema «Mundos Flutuantes» e vai receber bandeiras transparentes, paredes carimbadas com «Forever Immigrant» e um piano a tocar um poema, da autoria de Marco Godinho e Davide Balula.

A 14ª edição do evento, que se realiza entre hoje e 7 de janeiro, conta com artistas de 23 países e questiona o conceito do «moderno» na arte, a partir do tema «Mondes Flottants».

O tema atraiu, de imediato, Marco Godinho que, no ano passado, já tinha feito uma exposição no Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Nice intitulada «Mundos Nómadas», tendo agora escolhido três obras que convidam à «deambulação porque não se pode apreender só com o olhar».

Na primeira obra, «Forever Immigrant», um carimbo circular da frase em inglês vai preencher a fachada do edifício de exposições, La Sucrière, e propagar-se ao interior, fazendo eco não apenas do exílio e «tudo o que acontece no Mediterrâneo» mas também da própria «ideia de incerteza», ligada ao seu percurso de emigrante.

«Sem Título (Bandeiras Transparentes)» é uma «obra em evolução», inicialmente inspirada nas estrelas da União Europeia, em que «as bandeiras em vez de terem símbolos são completamente transparentes» e, sendo expostas no exterior, «pouco a pouco vão começar a rasgar e evoluir no tempo».

Em «Written By Water», vão ser expostos cadernos que o artista recolheu ao longo de viagens por países mediterrânicos e que meteu na água, «para que a água pudesse escrever a sua própria poesia e história», uma obra que vai estar acompanhada pela projeção de um vídeo.

Davide Balula, que nasceu em 1978 na aldeia de Vila Dum Santo, no concelho de Viseu, e reside entre Paris e Nova Iorque, escolheu para a Bienal de Lyon duas obras inéditas: uma peça sonora em que «um piano vai tocar um poema» e uma peça luminosa que realiza um «movimento abstrato de ‘laser’ nas paredes».

Os trabalhos apresentados dialogam com o tema da bienal, com David Balula a interpretar os «Mundos Flutuantes» como «a impossibilidade de alcançar as coisas», ilustrando a sua ideia com uma peça de Marcel Broodthaers, «muito importante» para si e exposta na sala ao lado da sua.

Para a Bienal de Lyon, também foi convidado o artista mexicano Hector Zamora, que vive e trabalha em Portugal, os brasileiros Cildo Meireles e Ernesto Neto, residentes no Rio de Janeiro, e o realizador tailandês Apichatpong Weerasethakul, vencedor da Palma de Ouro de Cannes, em 2010, com o filme «O Tio Boome Que Se Lembra das Suas Vidas Passadas», e que em 2016 esteve em Portugal, para acompanhar o ciclo que lhe dedicou o Cinema Ideal, em Lisboa, e apresentar a sua primeira performance, «Fever Room».

 

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