Associação Lusophone quer aulas de português em Varennes mas ninguém informa como devem fazer

A associação Lusophone de Varennes-sur-Seine (77) foi criada para proporcionar aulas de português nesta cidade com cerca de 20.000 habitantes, no sul da região parisiense, mas até hoje, 5 anos depois, não conseguiu atingir este objetivo.

“Temos mais de 20 alunos disponíveis, mas ninguém nos consegue ajudar, ninguém nos explica o que temos de fazer” afirma, desesperado, o Presidente Joaquim Morais (na foto). “Telefono para o Consulado, não me sabem explicar nada, já escrevemos, mandámos mensagens ao Deputado Carlos Gonçalves, mas nem nos responde, e estamos assim há 5 anos” diz ao LusoJornal.

Varennes-sur-Seine é uma cidade junto a Montereau-Falt-Yonne, já mais próximo de Sens do que de Paris e Joaquim Morais diz que o Maire da cidade “é um espetáculo. Ajuda-nos muito. Até já evocou a possibilidade de pagar a um professor de Português que mandássemos vir de Portugal e ele propunha-lhe também o alojamento”.

Ninguém, no Consulado Geral de Portugal em Paris encaminhou o dirigente da associação para a Coordenação do Ensino de Português. Por isso, Joaquim Morais sente-se “perdido”. Sabe que a autarquia apoia, sabe que há muitos potenciais alunos na cidade, mas não sabe como fazer para cumprir o principal objetivo da coletividade.

Na cidade não há, segundo Joaquim Morais, nenhuma escola que proponha aulas de português. “Temos de promover mais a nossa língua, a nossa cultura” diz Joaquim Morais. “Aqui à volta, só no Liceu Politécnico de Fontainebleau se ensina português, mas ainda é longe”.

 

Contacto com o Consulado nunca foi estabelecido

A associação Lusophone de Varennes-sur-Seine diz que nunca conseguiu estabelecer um contacto com o Consulado português e acredita que “talvez seja por estarmos longe de Paris”.

“A nossa associação está devidamente oficializada, temos número de tva e tudo, fomos obrigados a declarar no Consulado, mas, apesar dos nossos convites, nunca ninguém nos contactou e nunca ninguém do Consulado veio aos nossos eventos” queixa-se Joaquim Morais ao LusoJornal.

O Presidente da associação também não sabia que pode concorrer aos concursos anuais de atribuição de subsídios da Direção Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas (DGACCP). “Nunca ninguém nos disse nada. Não sabemos de nada”.

O único apoio que dizem ter vem da Mairie de Varennes-sur-Seine. “A Mairie é um espetáculo. Disponibiliza-nos salas e não pagamos nada. Até a nossa sede está num espaço municipal, não pagamos água, nem eletricidade… são os únicos que nos ajudam. Por isso, não podemos pedir subsídios à Mairie. Eles já nos ajudam tanto…”.

“Até as empresas, apesar dos nossos pedidos, nunca respondem. Só o CIC Iberbanco é que nos apoia” garante Joaquim Morais.

 

Aulas de concertina e grupo folclórico

A associação tem uma sede aberta – salvo agora por causa da pandemia de Covid-19 – e “junta sempre 300 a 400 pessoas”. Também organiza 5 eventos por ano, como por exemplo a Passagem de ano, o Magusto, o S. João com sardinhas, o 14 de Julho e o Porco no espeto. Também organiza a comemoração do Dia da língua em outubro.

A associação criou uma escola de concertina onde tem atualmente 15 alunos inscritos e com os 9 melhores elementos, criou o grupo de concertinas Novas Ondas. “Fazemos espetáculos, casamentos, batizados, eventos, participamos nos eventos da Mairie, representamos sempre a nossa cultura portuguesa e interagimos com outras culturas da cidade, por exemplo os Árabes, os Turcos, os Cabo-verdianos”.

Depois surgiu também o grupo de folclore “Orquídias” de Portugal, que “representa Portugal inteiro, de Viana a Viseu, de Trás-os-Montes à Póvoa. Temos trajos de todas as regiões”.

Só este ano Joaquim Morais garante que o grupo tinha 12 saídas agendadas, mas com a situação causada pela Covid-19, nenhuma teve lugar.

 

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