Cátedra Lindley Cintra comemorou 20 anos de existência na Universidade de Nanterre

[pro_ad_display_adzone id=”38158″]

 

 

Na quarta-feira desta semana, dia 23 de março, teve lugar uma cerimónia comemorativa dos 20 anos da Cátedra Lindley Cintra na Universidade de Paris-Nanterre, na presença do Embaixador de Portugal em França, Jorge Torres Pereira e do Presidente do Instituto Camões, João Ribeiro de Almeida. Marcou também presença o Presidente da Universidade, Philippe Gervais-Lambony, a Vice-Presidente com o pelouro das Relações internacionais e na sala estavam muitos alunos, mas também a Coordenadora do ensino português em França, Adelaide Cristóvão, entre outras personalidades.

Citando uma canção de Serge Régiani, “Votre fille a vingt ans”, Philippe Gervais-Lambony desejou as boas vindas às personalidades presentes e destacou a importância do “interconhecimento cultural” que pretende que seja desenvolvido em Nanterre.

Depois de uma longa introdução de Graça dos Santos, Diretora do Centro de pesquisas interdisciplinares sobre o mundo lusófono (CRILUS), para explicar o percurso de 20 anos da Cátedra Lindley Cintra, mas também do Departamento de português naquela universidade, o Embaixador Jorge Torres Pereira lembrou que um colega de colégio o convidou um dia a casa e apresentou-lhe o pai. “Era o Professor Lindley Cintra. Mal eu podia imaginar que, tantos anos mais tarde, estaria aqui a comemorar os 20 anos de uma Cátedra que tem o seu nome”.

Lindley Cintra era linguista, cujo trabalho é reconhecido internacionalmente, mas também investigador de literatura portuguesa que contribuiu para a criação de aulas para estrangeiros na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, “e era um democrata, defensor da evolução democrática do meu país” disse o Embaixador português.

O Departamento de português na Universidade de Paris Nanterre foi criado em 1974. “A especificidade do nosso Departamento é que nós fazermos muito, com poucos. Somos só 3 titulares neste Departamento” diz Graça dos Santos ao LusoJornal. E destacou também o facto de “trabalhamos de mãos dadas com as outras línguas românicas aqui no nosso Departamento, com os colegas italianistas e hispanistas e produzimos eventos em conjunto”.

O Diretor do Departamento de Português, Gonçalo Cordeiro, explicou ao LusoJornal que “temos uma oferta de formação no quadro das línguas, literaturas e culturas e também na área da formação das línguas aplicadas ao mercado e ao mundo empresarial. Para além disso existe também a oferta de língua portuguesa como opção para não especialistas ou especialistas de outras áreas, aberta e disponível para alunos de outros diplomas na Universidade de Paris Nanterre”.

“O Departamento também tem ofertas a nível de mestrado e de doutoramento, permitindo aos alunos de encontrar uma continuidade para o seu projeto académico nesta mesma Universidade” explica Gonçalo Cordeiro.

“Temos uma investigação orientada para a literatura e as artes, temos aqui pessoas que trabalham as relações entre literatura e cinema, entre literatura e teatro, e também as culturas lusófonas estão muito representadas, não apenas com Portugal e Brasil, mas também a África lusófona e a Ásia” acrescenta Graça dos Santos. “A nossa complementaridade é que faz a nossa força. Somos poucos, mas temos uma relação muito próxima e nós damo-nos muito bem, funcionamos como uma família, de certa maneira. Temos a paixão pelo que fazemos e isso provavelmente que é um adjuvante importante”.

A Cátedra Lindley Cintra foi criada em Nanterre com base num Protocolo assinado pelos Presidentes da Universidade Paris Nanterre e do Instituto Camões, em 23 de maio de 2002 e sucessivamente renovado.

“A Cátedra nasceu com o espírito que têm todas as Cátedras que é o de apoiar e de promover os estudos Portugueses em função das especificidades de cada universidade” explica José Manuel Esteves, responsável pela Cátedra Lindley Cintra. “No caso de Nanterre foi muito importante criar esta Cátedra, porque nós estávamos num Departamento de estudos ibéricos e a Cátedra permitiu dar uma força à secção de português que se ‘autonomizou’, que conquistou a sua ‘independência’ e permitiu a criação do Departamento de português com licenciaturas, quer nas línguas estrangeiras aplicadas, quer nos cursos mais tradicionais de literatura portuguesa” explicou ao LusoJornal.

O Presidente do Instituto Camões destacou a importância do ensino da língua portuguesa no contexto atual. “As Cátedras são o reflexo maior daquilo que a língua portuguesa pode atingir em termos de ciência e de investigação, porque uma grande língua não é só grande porque é falada por milhões de pessoas, mas também por ser respeitada a nível de comunidade científica e de investigação” disse ao LusoJornal João Ribeiro de Almeida. “Eu gostava de frisar a importância do português enquanto língua do conhecimento, língua de ciência. Nós hoje temos uma realidade em que a maior parte das comunicações científicas são feitas em língua inglesa, mas o português tem um papel importante para tentar, não digo ultrapassar o inglês, porque isso não está em causa, mas reverter um pouco esta tendência de toda a gente comunicar cientificamente em inglês a nível universitário”.

Este evento recebeu o selo da “Temporada Portugal-França 2022”, integrando assim a respetiva programação e durante a tarde foi organizado o primeiro Encontro das Cátedras de Português em França.

 

[pro_ad_display_adzone id=”46664″]