LusoJornal / Mário Cantarinha

Covid-19: Nathalie Afonso dá aulas de pintura nas redes sociais

A artista plástica Nathalie Afonso dá aulas de pintura a cerca de 300 alunos no departamento 91, mas com a pandemia do Covid-19 decidiu dar aulas de pintura gratuitamente, nas redes sociais. E para manter o ritmo, pinta um quadro por dia.

Nathalie Afonso nasceu em Vichy, mas mudou-se para a região parisiense com os pais em 1975 e estudou na prestigiada École Boulle, uma escola de artes aplicadas, arquitetura de interior e designer, em Paris 12.

O pai de Nathalie Afonso é de Almeida, na Serra da Estrela, e a mãe é da Póvoa do Varzim. Costuma dizer que tem família em S. Paulo, no Brasil, mas decidiu ir trabalhar para Portugal durante três anos. De dia trabalhava na construção civil – “é verdade!” confirmou ao LusoJornal, certamente habituada a quem não acredite – e à noite trabalhava numa agência de eventos de Valongo.

Diz que adora Portugal. “Costumo parar muito no Porto, mas comprei uma casa na terra do meu pai”. É fã de touros e cavalos, e gosta daquela região “onde se mistura o português com o espanhol”.

Depois viajou pelos Estados Unidos, pelo Canadá e pela Itália – a terra do marido -, sempre para trabalhar na pintura e no design. E finalmente fixou-se na região parisiense, em Yerres (91).

“A minha pintura foi classificada como etnográfica, porque trata de pessoas do mundo. Trabalhei muito sobre a África e o Japão” disse ao LusoJornal. Costuma misturar o abstrato com o hiper-realismo, mas “o realismo sobressai face ao abstrato que fica em pano de fundo” confessa.

“Neste momento estou na fase ‘Portugal’” garantiu ao LusoJornal, ao mesmo tempo que mostrava uma mesa de ferro e vidro, com andorinhas, uma estante com a cruz de Cristo, um coração de Viana,… Porque Nathalie Afonso não faz só pintura. Faz também escultura e conceção de mobiliário. “Tudo sobre medida” garante. “As pessoas dizem-me o que querem, eu desenho com eles, faço um esboço em 3D e depois fabrico. Trabalho essencialmente em metal, madeira, vidro e cerâmica”.

“Portugal está muito na moda, as pessoas procuram tudo o que diz respeito a Portugal, essencialmente os franceses”.

Nathalie Afonso tem um atelier grande onde faz as peças em metal. “Passo dois dias a trabalhar o metal. Dá para bronzear bem” diz a sorrir. “Gosto muito desta relação com o fogo. Mesmo a minha cerâmica é uma cerâmica japonesa, onde as peças saem do forno a 900 graus e está tudo em fusão. Gosto de trabalhar o metal, a cerâmica no meio do fogo,… não é muito feminino, eu sei, mas gosto”.

Nathalie Afonso tem vendido esculturas para várias autarquias, como por exemplo para a Mairie de Paris, para a Marie de Créteil ou para a Mairie de Villeneuve St Georges, onde tem uma escultura numa rotunda perto do hospital. Tem um trabalho em vidro na Maison du Portugal em Champigny, e tem muitos clientes, em França e no estrangeiro. “Ainda ontem enviei seis quadros para Barcelos” disse quando foi entrevistada pelo LusoJornal.

Mas também já fez caricaturas para o semanário Sol, para ilustrar textos do arquiteto Fernando de Matos. “Até cartões de Boas Festas faço. Tudo o que passa na cabeça de uma pessoa, fala comigo e eu faço” diz a sorrir.

Em Portugal integra a Cooperativa Árvore, no Porto, onde tem exposto. Também já expôs em Lisboa e na Guarda, mas também no Brasil ou na Itália, na zona de Pisa. “Sou muito produtiva, nunca paro de pintar e tenho muitas encomendas” disse ao LusoJornal. “É uma necessidade de pintar, esculpir… é a minha paixão, é como uma droga”.

Por isso, neste período de confinamento, fechou a escola, mas mantém o contacto com os alunos via WhatsApp e decidiu transmitir a sua paixão pelas redes sociais, para aqueles que têm dificuldade em ocupar o tempo. No seguimento de um problema de saúde, não se pode expor ao Coronavírus e por isso respeita rigorosamente as recomendações sanitárias. “Só saio de casa para ir ao hospital para receber uma injeção”.

 

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