LusoJornal / Mário Cantarinha

Feira de produtos portugueses trouxe «diplomacia municipal» a Nanterre

Nanterre acolheu, durante o fim de semana passado, mais uma edição da Feira de produtos portugueses, no habitual Espace Chevreul. O certame é organizado há 15 anos pela Associação recreativa e cultural dos originários de Portugal (ARCOP) presidida por Manuel Brito.

Tal como nos anos anteriores, dezenas de municípios portugueses deslocaram-se à região de Paris para apresentarem os melhores produtos de cada região. Dezenas de autarcas deslocam-se também a Nanterre para defenderem os produtos locais e para contacto com os Portugueses desses concelhos emigrados em França.

«Este ano temos mais dois municípios do que no ano passado» afirmou Manuel Brito, explicando que 19 Câmaras municipais marcaram presença nesta que é a feira portuguesa mais conhecida de França.

A inauguração oficial teve lugar na sexta-feira, ao fim da tarde, na presença do Embaixador de Portugal em França Jorge Torres Pereira, do Maire de Nanterre Patrick Jarry, do Cônsul Geral Adjunto de Portugal em Paris António de Melo Alvim, do Adido Social do Consulado Geral Joaquim do Rosário e de três Deputados do Parlamento português: Carlos Gonçalves (PSD) e Paulo Pisco (PS), ambos eleitos pelo círculo eleitoral da emigração e a Deputada Comunista Diana Ferreira. No discurso inaugural também falou Cristina Semblano, na qualidade de dirigente nacional do Bloco de Esquerda.

«Quando cheguei aqui, perguntaram-me se queria fazer um discurso de imediato ou depois da volta aos stands. Agora percebi que foi uma armadilha, porque fazer um discurso depois da volta, não sei se serei capaz de dizer o que tinha pensado dizer» confessa o Embaixador de Portugal. «Já percebeu que para falar aqui em Nanterre é necessário primeiro fazer um percurso iniciático» acrescenta com ironia o Maire Patrick Jarry.

Esta foi a primeira vez que o novo Embaixador foi à Feira de Nanterre. «Eu acredito plenamente na diplomacia do salsichão e do queijo amanteigado, isto é estes produtos que nos identificam como Portugueses, é evidente que também são cartões de visita quando nós nos apresentamos no exterior» disse no seu discurso.

«Para além de tentar que a Comunidade portuguesa se sinta orgulhosa de si em França, aquilo que eu quero mais é que Franceses e Portugueses se conheçam melhor. E não é tão evidente assim, mesmo com muitos Franceses a visitarem Portugal e muitos Portugueses a viverem em França. Não é assim tão evidente que nós nos conhecemos uns aos outros. E não há nada como nos conhecermos sentados à mesa, com um bom vinho, com um bom queijo, com um bom enchido».

O Deputado Carlos Gonçalves falou de «grande momento» e felicitou os organizadores desta feira que «mostra aqui em Nanterre a realidade do nosso país».

«Portugal não é só o seu território, é o seu povo e hoje aqui estamos em Portugal» disse Carlos Gonçalves e referindo-se às dezenas de autarcas portugueses presentes, disse que «eles sabem, tanto como eu, que Portugal é um país repartido pelo mundo. E eles também entendem que os seus territórios estão repartidos pelo mundo e daí esta presença assinalável de um conjunto de municípios que vem ao estrangeiro fazer diplomacia municipal para promover a sua terra, para promover a sua gente, mas sobretudo para atrair o vosso investimento e o vosso apoio».

Praticamente todos os concelhos estavam representados pelos Presidentes de Câmara ou por Vereadores executivos. Este passou a ser também um momento onde se faz «política municipal».

«É uma grande honra estar aqui, porque esta é uma iniciativa exemplar e significativa» disse por sua vez o Deputado Paulo Pisco. «Esta Feira de Nanterre que a ARCOP organiza há tantos anos é um facto que todos nós nos podemos orgulhar. É um momento de festa em que Portugal entra pela França dentro e se instala aqui com os melhores produtos que temos».

Logo no dia da abertura, sexta-feira, centenas de pessoas partilharam um jantar com um espetáculo de fado, com a participação de Tony do Porto e Cláudia Costa, acompanhados por Manuel Miranda e Pompeu Gomes. O espetáculo, transmitido em direto pela rádio Alfa, teve apresentação de Odete Fernandes.

No sábado à noite houve um grande baile, tradicionalmente animado pelo grupo musical Roconorte que há 15 anos vem de Portugal propositadamente para tocar nesta feira. E durante todo o fim de semana houve muita animação, provas de vinhos, cantares ao desafio, cavaquinhos, concertinas e até a atuação de vários ranchos folclóricos da região de Paris.

«Devemos felicitar o Maire de Nanterre. Ele dá um apoio impecável à Comunidade portuguesa, desde todos estes anos» diz Paulo Pisco. «A Comunidade portuguesa agradece-lhe pelo seu empenho em promover esta diversidade que há em Nanterre».

Também Carlos Gonçalves elogiou Patrick Jarry «pelo que faz pela Comunidade franco-portuguesa e pela consideração que tem pelos Portugueses e eles também têm por si» disse o Deputado português virando-se para o Maire da cidade.

Patrick Jarry confirmou que «Nanterre sempre soube ter um olhar particular para com a Comunidade portuguesa». E lembrou que «esta história começou com 2 ou 3 concelhos e entretanto foi crescendo». Jaime Alves, o impulcionador do projeto foi para o Brasil, mas Manuel Brito assume deste então a pilotagem do certame. «O meu amigo Manuel Brito disse-me que se eu encontrasse uma sala bem maior, ele trazia-me metade dos concelhos de Portugal» diz o Maire.

Durante uns anos ainda se falava na eventualidade deste evento deixar o Espace Chevreul, demasiado pequeno, para se instalar na nova Arena que foi construída em Nanterre. Mas finalmente já não se evoca esta eventualidade, já que a autarquia não gere aquele espaço.

Patrick Jarry agradeceu também os autarcas que vieram de Portugal. «Os que já aqui encontro há vários anos e os muitos novos que foram eleitos nas últimas eleições autárquicas portuguesas e que estão em Nanterre pela primeira vez».

 

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