Fernando Medina veio a Paris para participar na conferência Women4Climate

O Presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, defendeu na semana passada, em Paris, que combater as desigualdades de género é um “desafio de todos” e “essencial” para a sustentabilidade das cidades e dos países.

“Combater a desigualdade é um desafio de todos. Da mesma maneira que combater as desigualdades de género, assegurar que temos uma sociedade que não discrimina as mulheres no acesso à funções de responsabilidade de poder e o exercício pleno da sua cidadania, é crítico. É essencial para uma cidade avançar e para um país avançar”, disse o autarca de Lisboa à Lusa à margem da conferência Women4Climate, que se realizou em Paris.

Fernando Medina falou no painel “Um futuro sustentável construído através da igualdade”, numa organização conjunta da Mairie de Paris e da C40, uma rede de mais de 80 cidades em todo o mundo que quer liderar os esforços e metas ambientais a nível local e regional, da qual Lisboa faz parte.

Também neste painel falou Celia Blauel, Maire Adjointe de Paris responsável pelo Ambiente, indicando que o esforço das mulheres na sustentabilidade das cidades passa, muitas vezes, desapercebido. “As mulheres estão muito envolvidas na mudança necessária para travar as alterações climáticas, somos verdadeiros atores desta mudança na sociedade através de diferentes papéis, mas continuamos a ser ignoradas”, lamentou a autarca parisiense.

Com uma relação sólida com a Mairie de Paris, Fernando Medina indicou que a cooperação entre as duas cidades se faz também através da comunicação dos efeitos das alterações climáticas e como isso afeta quem vive nas cidades. “Um aspeto essencial no processo de transformação de como se vive as cidades, ainda com muita circulação automóvel e muita poluição, é a consciência dos impactos que isso tem na saúde. A poluição é um dos principais responsáveis por doenças que implicam mortes precoces que podiam ser evitadas se a vida nas cidades ocorresse de forma diferente, com mais verde, mais circulação pedonal e mais circulação com bicicleta”, indicou Fernando Medina.

Em França, as autoridades estimam que morram mais de 48 mil pessoas por ano devido às partículas finas no ar, causadas principalmente pelo trânsito e pelos sistemas de aquecimento e refrigeração dos edifícios. A circulação destas partículas no ar tem efeitos diretos em doenças cardíacas e doenças respiratórias.

O Presidente da Câmara de Lisboa defendeu também que a ação judicial de Paris contra a Comissão Europeia devido a gases poluentes é um exemplo de como as cidades podem resistir a decisões que afetam negativamente as alterações climáticas.

Numa conferência dedicada à justiça e ao clima, que decorreu Hôtel de Ville de Paris, o autarca lisboeta defendeu que as cidades são fulcrais no combate contra as alterações climáticas. “Estamos todos no mesmo barco. Claro que Lisboa tem as suas particularidades, estando perto do mar e havendo vagas de calor mais permanentes. E há cada vez mais pessoas com consciência de que as mudanças do clima estão mesmo a acontecer. A cidade é onde a batalha [contra as alterações climáticas] se vai ganhar ou perder”, afirmou Fernando Medina.

O autarca socialista agradeceu ainda a Maire de Paris, Anne Hidalgo, a liderança de Paris nestes temas, garantindo que a ação judicial interposta pela autarquia francesa “mostra às cidades que é possível resistir”.

Paris, com o apoio de Madrid e Bruxelas, ganhou no final do ano passado uma ação no Tribunal de Justiça da União Europeia contra a Comissão Europeia, que visava as diretivas europeias que responderam ao escândalo Dieselgate e permitiam ainda largos limites poluentes para os produtores de automóveis. Aquela diretiva ficou conhecida como uma “permissão para poluir” pelos grupos ambientais que se mobilizaram contra ela.

A “vitória” em tribunal abriu a possibilidade às cidades europeias de questionarem as normas europeias, nomeadamente em relação às questões que dizem respeito ao ambiente.

 

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