LusoJornal / Carlos Pereira

Governo de Cabo Verde veio a Paris procurar investimento de 850 milhões de dólares

O Primeiro Ministro de Cabo Verde veio a Paris com uma forte delegação governamental para participar no Fórum Internacional de Doadores e Investimentos de Cabo Verde, e procura financiamento na ordem dos 850 milhões de dólares.

O Fórum começou ontem na Delegação francesa do Banco Mundial e vai terminar esta tarde na sede da Câmara de comércio e indústria de Paris (CCI).

No primeiro dia teve lugar uma Conferência internacional sobre “Construir Novas Parcerias para o Desenvolvimento Sustentável de Cabo Verde”, dedicada exclusivamente aos parceiros de desenvolvimento.

“Concluímos esta Conferência com sucesso, em primeiro lugar pelo número de representantes, pela participação de instituições parceiras, instituições financeiras e países da nossa cooperação bilateral” disse o Primeiro Ministro Ulisses Correia e Silva em declarações aos jornalistas. “Tínhamos um engajamento muito forte de compromissos para o financiamento do Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável (PEDS) que ronda os 850 milhões de dólares, de compromissos solicitados. Este montante inclui um conjunto de engajamentos que já existem, que já estão em curso, e que contribuem também para o financiamento do PEDS, assim como inclui, obviamente, os investimentos privados em setores fundamentais para a economia caboverdiana, como por exemplo a economia marítima, a economia digital, a plataforma aérea, a localização de empresas em setores que consideramos importantes para o próximo futuro do país”.

A Conferência foi anunciada com a intervenção inicial de Bruno Le Maire, Ministro francês da Economia e das Finanças. E para além do Primeiro Ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, deslocaram-se a Paris o Vice Primeiro Ministro e Ministro das Finanças Olavo Correia, o Ministro da Economia Marítima e Ministro do Turismo e Transportes José da Silva Gonçalves, o Ministro de Comércio, Indústria e Energia Alexandre Dias Monteiro, o Ministro de Agricultura e Ambiente Gilberto Silva, o Secretário de Estado Adjunto das Finanças Gilberto Barros, o Secretário de Estado da Economia Marítima Paulo Veiga e a Secretária de Estado para a Modernização Administrativa Edna Oliveira.

No final do primeiro dia da Conferência, o Governo de Cabo Verde assinou vários Acordos com instituições internacionais: um Acordo com o Governo do Luxemburgo, no valor de 1,2 milhões de euros para uma plataforma de desenvolvimento no Cabo, outro com o Banco Mundial, no setor da educação, num valor de 10 milhões de dólares, um Acordo de financiamento para um porto de pesca na ilha de Maio e a extensão do porto de Palmeiras, na ilha do Sal, com o afDB no valor de 17,8 milhões de euros, e uma Convenção de financiamento da União Europeia para o programa da boa governação e desenvolvimento, competitividade no setor privado, no valor de 10 milhões de euros.

“Para nós, mais importante do que os pacotes financeiros que são substanciais, é ter Cabo Verde como ponto de interesse do investimento privado, é podermos atrair mais investimento privado estrangeiro, é podermos criar as condições das reformas que estão em curso no ambiente de negócios, reduzir os custos do contexto para que os investidores e as empresas nacionais possam ter um papel importante no crescimento económico, na criação de emprego e oportunidades de rendimentos particularmente para os nossos jovens” disse o Primeiro Ministro aos jornalistas.

Ulisses Correia e Silva diz que “Cabo Verde necessita do apoio dos seus parceiros de desenvolvimento, muitos tradicionais, outros novos, que se engajaram para deixarmos de ter mais necessidades de ajuda num futuro que queremos construir com maior sustentabilidade”.

Aliás a tecla da sustentabilidade foi a que o Governo mais acentuou durante a Conferência. “É muito bom que esta ideia da sustentabilidade seja afirmada como um processo que conta com boas parcerias” para que Cabo Verde “possa andar pelos seus próprios pés”. O Primeiro Ministro afirmou várias vezes que “vamos poder contar com esta boa parceria para que juntos possamos criar novas condições para que a economia privada em Cabo Verde substitua de forma sustentável a ajuda externa”.

O Primeiro Ministro – ladeado pelo Vice Primeiro Ministro e Ministro das Finanças – disse esperar que o resultado da segunda parte da Conferência, com os investidores privados, “seja mais substancial ainda no financiamento da economia caboverdiana”. E questionado sobre o financiamento português, Ulisses Correia e Silva referiu que “Portugal é o nosso parceiro de referência. Temos um programa de cooperação em curso, de 125 milhões de euros, é um programa em execução e que vai no mesmo sentido de financiar as condições do Desenvolvimento Sustentável no quadro do PEDS” disse o Primeiro Ministro, antes de acrescentar que há também a componente do investimento privado das empresas portuguesas em Cabo Verde, “que também tem um peso substancial” e “o contrato assinado há pouco tempo com a CPLP, que tem um plano estratégico com todos os países lusófonos, e com um financiamento também importante”.

Na delegação vieram ainda vários empresários e representantes de estruturas públicas, como por exemplo Isaías Barreto da Rosa, Presidente da Agência Reguladora Multissetorial da Economia (ARME), Jorge Spencer Lima, Presidente da Câmara de Comércio de Sotavento, Ana Barber, Presidente da Cabo Verde Trade Invest ou Hélder Santos, Presidente do Conselho Diretivo do Fundo de Água e Saneamento (FASA). Também participou o Embaixador de Cabo Verde em Paris, Hércules da Cruz e o Embaixador Permanente de Cabo Verde junto das Nações Unidas em Nova Iorque, José Luís Rocha.

Durante a conferência, e depois de lidas as conclusões pela Secretária de Estado para a Modernização Administrativa, Edna Oliveira, o Primeiro Ministro anunciou aos participantes que pretende para Cabo Verde um crescimento na ordem dos 7%. Interrogado pelo LusoJornal sobre o realismo desta promessa, Ulisses Correia e Silva explicou que “saímos de uma recessão económica longa, de 2009 até 2015, em que o país cresceu em média 1%, demos um salto em dois anos e meio para um crescimento na ordem dos 4%, a nossa projeção de crescimento para o próximo ano situa-se entre 4,5 a 5,5% e portanto esta tendência tem de nos levar aos 7%, que é a taxa que nós precisamos para, numa década, duplicar o rendimento per capita dos Caboverdianos” explicou ao LusoJornal. “Para nós é um indicador importante”.

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