Guarda-redes francês Beunardeau com processo disciplinar no Aves

O Desportivo das Aves abriu processos disciplinares ao guarda-redes francês Quentin Beunardeau e ao médio Estrela, confirmou à Lusa o Presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF). “Os jogadores foram notificados da nota de culpa de um processo disciplinar que visa a aplicação de uma multa, num momento em que estão com vencimentos por receber. É mais um ato absurdo de gestão desportiva, um capricho de quem não tem mais nada para fazer e uma ofensa à nossa inteligência”, lamentou Joaquim Evangelista.

O departamento jurídico avense invocou na sexta-feira a infração do regulamento interno, que inviabiliza declarações à comunicação social sem autorização do clube, enquanto os plantéis principal e sub-23 convivem com dois meses de ordenados em atraso. “Um processo disciplinar contra um trabalhador por exercer a sua liberdade de expressão e se pronunciar sobre factos públicos e notórios, respaldados por uma posição coletiva tomada anteriormente através da sua associação sindical, não merece qualificação sobre o caráter das pessoas que estão a promover isto”, prosseguiu.

Em 22 de março, o guarda-redes francês Beunardeau garantiu que as dívidas sobre o iraniano Mohammadi e o brasileiro Welinton Júnior foram repostas pela Diretora executiva Estrela Costa antes da derrota com o Sporting (2-0), em 08 de março, da 24.ª jornada. “Prometeu que nos iriam pagar os dois meses e concordámos em treinar e ir ao jogo, mas a meio da semana ninguém tinha recebido. Soubemos depois que tinha pagado da sua conta pessoal aos dois avançados, que têm maior valor de mercado, e o grupo ficou revoltado. Era para todos ou para ninguém”, afirmou à Radio Monte Carlo.

A ideia foi corroborada pelo médio luso-angolano Estrela uma semana depois quando, em entrevista ao diário desportivo Record, admitiu que a falta de condições laborais e salariais contribuíram para “prejudicar e mexer com a cabeça dos jogadores”.

“Os salários em atraso não vêm de agora. O Presidente [o chinês Wei Zhao] disse que tinha sido por causa do vírus, que agora já cá está e o problema continua por resolver. Além de sermos profissionais e vivermos do futebol, cá fora temos família, mulheres e contas para pagar. Se não conseguirmos isso, qual é a motivação?”, atirou.

O Desportivo das Aves justificou os atrasos com a paralisação da atividade económica na China, motivada pela pandemia da Covid-19, detetada em dezembro em Wuhan, e foi notificado pela LPFP em 18 de março a regularizar todas as dívidas no prazo de 15 dias.

 

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LusoJornal