LusoJornal / Mário Cantarinha

Guarda veio a Paris dizer que quer ser Capital Europeia da Cultura em 2027

A Cidade da Guarda esteve em Paris para promover a sua candidatura a Capital Europeia da Cultura 2027. A apresentação decorreu no sábado 12 de outubro no auditório do Hôtel de Ville de Paris perante cerca de uma centena de pessoas.

Na sessão da iniciativa marcaram presença o Presidente da Câmara Municipal da Guarda, Carlos Chaves Monteiro, o Conselheiro de Paris com o pelouro dos Assuntos Europeus, Hermano Sanches Ruivo, e o Embaixador de Portugal em França, Jorge Torres Pereira.

A comitiva da Guarda também participou, no sábado ao final da tarde, na Gala da Lusofonia 2019 da Cap Magellan, onde foi referida a candidatura da cidade a Capital Europeia da Cultura.

A candidatura envolve 17 municípios da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, do Douro, da Associação das Aldeias Históricas e das Aldeias de Xisto, assim como autarquias e instituições de Espanha.

Recorde-se que o Parlamento Europeu aprovou em 13 de junho de 2017 a lista dos Estados-membros que vão acolher as capitais europeias da cultura de 2020 a 2033, que prevê que uma cidade portuguesa seja capital em 2027, juntamente com uma localidade da Letónia.

Em entrevista ao LusoJornal, o Presidente da Câmara Municipal da Guarda, Carlos Chaves Monteiro, abordou os pontos fortes da candidatura da cidade portuguesa e explicou as razões que o levaram a estar presente em Paris, uma capital central e aberta para o Mundo.

 

Quais são os pontos fortes da cidade para esta candidatura?

O primeiro é que nós sabemos que a Comissão Europeia procura cidades com ambição. Ambição quer dizer que são cidades que têm dificuldades e que não são capitais. Cidades que só fazem parte de um território. E como é que conseguem debelar muitos dos seus problemas e transformá-los em potencialidade. É o que nós estamos aqui a fazer. Pegamos na nossa história, a história do nosso território… do nosso Distrito saíram milhares, hoje posso dizer milhões, de pessoas para a Europa, para trabalhar à procura de melhores condições de vida. Hoje temos de refletir nisso porque faz parte da nossa história e o país beneficiou com isso, com a entrada de divisas desses emigrantes. Eles que criaram laços com a nossa terra. Este aspeto histórico da Diáspora, da ligação à Comunidade portuguesa no estrangeiro, é o primeiro pilar da nossa candidatura.

 

Quais são os outros?

O segundo pilar da candidatura é o diálogo inter-religioso, ou seja, o turismo religioso. É a ligação histórica que este território fronteiriço teve no passado com Espanha, com a fuga e a perseguição dos Judeus do território espanhol para o território português. Ainda hoje existem marcas acentuadas no território e essas marcas fazem com que a comunidade judaica espalhada pelo mundo quer visitar aquilo que foi a sua herança, a presença dos seus antepassados em território português e nós temos um território rico nesses vestígios. Sabendo a importância que o turismo religioso tem, a Guarda quer-se focar muito nessa atração religiosa.

 

E ainda há uma forte ligação com Espanha?

Temos desenvolvido essa ligação ao longo dos 20-30 anos com mais importância, desde logo a cooperação entre as Câmaras espanholas e portuguesas, as universidades Coimbra e Salamanca, mas também a cooperação empresarial, os projetos transfronteiriços que a União Europeia fomentou muito para esbater uma das fronteiras mais antigas da Europa. Todas essas ações que foram desenvolvidas por nós em colaboração com outras entidades ao longo da nossa história, fomentam esta estrutura da candidatura, porque é única e diferenciadora. Nós temos a nossa história como outras partes da Europa, mas esta é diferente e é isso que nós queremos divulgar.

 

Em Paris foi uma apresentação internacional do projeto?

Temos de trabalhar a nossa candidatura para além das nossas fronteiras, quer dizer a diáspora, a cooperação transfronteiriça com os vizinhos espanhóis, o diálogo inter-religioso, a relação de vizinhança com diversas entidades. Aliás não é só a Guarda, a Guarda está à cabeça, mas esta candidatura envolve 17 municípios. Esta é uma candidatura de um território. Temos de ter ações no território, ações transfronteiriças com Espanha ou até com outras instituições europeias e a ligação à Comunidade portuguesa espalhada pelo mundo e pela Europa. Temos que desenvolver ações concretas que corporizam esses atos que permitam chegar, como esperamos nós, aos objetivos que a Comissão Europeia determina para as cidades que querem ser candidatas.

 

Paris é importante do ponto de vista da Comunidade portuguesa?

Temos de desenvolver atividades nacionais e internacionais. Quem decide quem será a cidade escolhida é a União Europeia, mas todas as atividades, todas as relações que estabelecermos com cidades europeias, com a Diáspora que ajudou a construir esta Europa com essa mão-de-obra – menos qualificada e hoje em dia já com elementos altamente qualificados – espalhada pelo mundo, ajudam a nossa candidatura. A nossa presença em Paris, para a apresentação e para a Festa das Vindimas, foram ações e fatores que enriquecem a nossa candidatura. E queremos continuar a desenvolver ações no próximo ano e meio para justificar que a Guarda tem de facto potencialidade, características muito relevantes para que em 2027 possa assumir este grande desafio de ser Capital europeia da cultura.

 

Quer deixar uma mensagem para os Portugueses que estão em França?

Quero dizer a todos os cidadãos Portugueses e também aos Franceses, que a Guarda tem uma ambição grande. É uma cidade pequena do Interior, junto à Serra da Estrela, na Fronteira com a Espanha, mas daqui partiram muitos Portugueses. Nós só vamos conseguir atingir estes grandes resultados se conseguirmos ter a confiança da nossa Comunidade portuguesa em Paris. Eles próprios são exemplos vivos da nossa determinação, da nossa capacidade, da nossa forma de pensar, daquilo que é a alma lusitana, que ainda está muito presente, não só neles, mas também nos seus descendentes. Fica aqui este convite, este desafio, que nos ajudem, que se associem a nós, para que o território, os nossos produtos, sejam valorizados. E que eles próprios possam ser embaixadores daquilo que é Portugal, daquilo que é a Beira, daquilo que é este território da Serra da Estrela. E que através deles, transmitam a mensagem de que Portugal é de facto um país grande em pessoas, grande na mentalidade, na sua cultura, e a Guarda pode dar aqui um impulso bastante grande se eles sentem a sua Pátria. A Guarda é uma cidade da sua Pátria. Espero que se juntem a todos os eventos que vamos desenvolver até 2021. Todos juntos seremos muito mais fortes.

 

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