Jovens portugueses brilharam em orquestra europeia que atuou ontem em Paris

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Seis jovens portugueses da Orquestra Geração estão em Paris para participar no projeto francês Démos, que reúne jovens dos 27 Estados-membros da União Europeia para um concerto único onde a música é a língua que “une” todas as nacionalidades.

“Falamos todos línguas diferentes, mas falamos uma igual, que é a música. A música une-nos. É muito interessante ver nos ensaios que as pessoas estão a falar grego, italiano, inglês, francês ou português, não nos percebemos, mas na música percebemo-nos todos”, disse a jovem violista portuguesa Ana, que faz parte deste projeto, em declarações à Lusa.

De forma a celebrar a Presidência do Conselho da União Europeia que detém até junho, a França criou uma orquestra de 120 jovens, entre os 12 e os 18 anos, vindos de todos os Estados-membros da União Europeia, a Orquestra Démos Europa, para um concerto que se realizou ontem à noite, na Philarmonie de Paris.

No programa do concerto estavam obras de Ravel, Ludwig van Beethoven, mas também a obra “Ritmos Ciganos”, da autoria de Carlos Garcia, uma encomenda da Orquestra Geração. Para este concerto, foi encomendada especificamente a obra “Freedom, She Yells!”, da autoria do compositor franco-grego Alexandros Markeas.

Os jovens portugueses escolhidos para participar neste projeto europeu têm entre 16 e 18 anos, e fazem parte da Orquestra Geração, um projeto de cariz social que nasceu em 2007 e tem 25 escolas de música em todo o país. Para muitos destes jovens, a vinda até à capital francesa é a primeira experiência internacional na música.

“É um estágio, trabalhamos com muitos professores diferentes. Não estando a seguir música, não tenho muitos contactos com outros métodos de ensino, portanto é muito interessante”, explicou Rita, que toca fagote, mas não pretende prosseguir uma carreira como solista.

Os jovens músicos estão em Paris desde 19 de fevereiro e, para além de ensaiarem cerca de 6 horas por dia, o programa cultural deste estágio incluiu visitas ao Museu do Louvre, Torre Eiffel e também ao Museu da Música.

“É uma oportunidade para estes jovens poderem viver outro tipo de experiências e crescerem a nível pessoal e união de grupo. Ficam para a vida com algo diferente, já que a Philarmonie é uma sala importante”, disse o professor da Orquestra Geração Bruno Santos, que acompanha o grupo em Paris.

A Orquestra Geração teve também um papel na definição artística deste evento, revendo-se nos restantes projetos europeus selecionados para integrar este projeto e chamando a atenção para a qualidade dos jovens músicos nacionais, muitos deles selecionados em Paris para serem os instrumentos principais nalgumas das peças que foram tocadas este sábado.

“Estão a fazer um trabalho espetacular. Muitos estão a fazer primeiras vozes da orquestra, estão a liderar algumas secções. Temos um grupo talentoso, que está a representar muito bem não só a sua condição individual como músico, mas também a vestir a camisola da Orquestra Geração e do seu país”, indicou o Diretor artístico da Orquestra Geração, Juan Maggiorani.

Este é também um momento especial, já que a Covid-19 afastou estes jovens músicos não só dos palcos, mas dos estágios que costumam seguir através da Orquestra Geração nos últimos dois anos, fazendo deste concerto um verdadeiro regresso.

“Nunca estive com tantas pessoas estrangeiras no mesmo sítio e está a ser muito interessante. A pandemia da Covid-19 impediu-nos de ter os nossos estágios habituais e ter isso de volta é muito bom, tocar em orquestra é muito bom e eu já tinha saudades”, concluiu Daniela, que toca clarinete.

Outras orquestras nacionais presentes neste projeto francês de âmbito europeu são Acción por la Música, em Espanha, Fundação Harmony da República Checa ou a Dream Orchestra da Suécia. A orquestra Démos foi dirigida pelos maestros Corinna Niemeyer e Aurélien Azan Zielinski, e o concerto foi emitido em direto na televisão francesa, ficando depois disponível nas plataformas multimédia.

 

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LusoJornal