Mathias Isidoro considera que depois da pandemia “as pessoas precisam de conviver, de sair, de se divertir”

As associações portuguesas de França estão praticamente todas paralisadas por causa das regras sanitárias, no quadro da pandemia de Covid-19. É também o caso da Association Portugal du Nord au Sud (APNS) de Saint Brice-sous-Forêt, uma cidade a norte de Paris, no departamento do Val d’Oise (95).

As principais atividades desta associação, que trabalha em articulação com a Mairie da cidade, são as aulas de língua portuguesa, para adultos e para crianças, mas também tem um Grupo de “Cabeçudos”, organiza a Festa da Bifana, a Festa da Castanha e a Festa do Carnaval.

O Presidente da associação, Mathias Isidoro – que já foi o mais jovem Presidente de uma associação em Saint Brice e continua a ser um dos mais jovens dirigentes associativos portugueses em França – respondeu às perguntas do LusoJornal, comentando os efeitos da pandemia de Covid-19 no movimento associativo franco-português.

 

Qual o impacto do confinamento para a associação?

Infelizmente o impacto do confinamento para a nossa associação não vai ser diferente das outras associações. Porque parámos logo todas as atividades. Em primeiro lugar e por motivos de segurança a nível da saúde, parámos as aulas de língua portuguesa, tanto para adultos como para as crianças. Parámos imediatamente. E a seguir foram os nossos eventos anuais, como o Carnaval que organizamos em parceria com a Mairie, as Comemorações de Nossa Senhora de Fátima, a Festa da Bifana e as saídas com os nossos Cabeçudos. A nossa Direção já tomou a decisão de cancelar também a Festa da Castanha, em novembro.

 

Este confinamento trouxe problemas financeiros para a associação?

Não sei se podemos falar de problemas financeiros, porque em primeiro lugar os artistas e conjuntos musicais que já tínhamos contratado não vão levar o “cachet”, assumimos um compromisso com eles, para os contratar para os próximos eventos. A nível das aulas de português, a Direção da associação decidiu fazer um gesto para com os alunos, ao devolver uma parte da inscrição paga no início do ano, ou para quem quer deduzir este valor na inscrição do próximo ano. Esta decisão foi tomada em plena consciência, sabendo que as aulas estão a ser seguidos por mail e os professores continuam a fazer o trabalho. Este gesto é a nossa maneira de mostrar que também somos solidários com todos aqueles que deixaram de trabalhar porque não podiam sair de casa e também relembrar o espírito de uma associação, que é o apoio e o voluntariado. Esta decisão foi tomada com o coração e não falarei de números.

 

Quando espera que a associação volte às atividades?

Infelizmente, este ano será certamente – como se diz em francês – “une année blanche”. Esperamos poder começar em outubro as aulas de português (sabendo que as inscrições começam em setembro), mas ficamos à espera de ver as próximas semanas. A nível de eventos, será para 2021…

 

Acha que o público vai continuar a frequentar as associações?

Grande pergunta! Vou consultar a minha bola de cristal para responder (risos). Na minha opinião, será complicado e será o “tudo ou nada”. Porque as pessoas precisam de conviver, de sair, de se divertir e depois desta fase difícil, não podemos continuar a viver da mesma forma. A nossa vida vai mudar, vai ter que mudar e até diria que já mudou!

 

Depois da pandemia, o que pode mudar no movimento associativo português?

Como disse, pode ser “tudo ou nada”. Agora é o trabalho de cada associação de tentar fazer com que o movimento associativo não pare. Cada um de nós temos que trabalhar para isso. Sim, vai ser difícil, mas nas associações gostamos dos desafios e se pensarmos “positivo”, vamos em frente. Já ultrapassámos algumas fases difíceis – como por exemplo depois dos atentados aqui em França e mais precisamente na região de Paris – e tivemos que adotar novas medidas. Depois da pandemia, sem querer comparar, será mais longo, é verdade, mas eu acho que somos fortes e “Juntos vamos mais longe!”

 

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LusoJornal