Música: DJEFF, artista luso no Key Paris

Tiago Barros, mais conhecido por DJEFF, vai atuar nesta sexta-feira no ‘The Key Paris’. O DJ português com origens caboverdianas e angolanas tem tido uma presença assídua na capital francesa, tendo já atuado no Djoon ou ainda no Rex Club.

DJEFF, de 35 anos, nasceu em Lisboa, onde esteve exposto à música de Michael Jackson, Europe, Michael Bolton, Brian Adams, entre muitos outros, mas viver numa casa de herança africana significou também beber das raízes ao som de músicos e grupos africanos como Kassav, Tabanka Jazz, Livity, Grace Evora, Eduardo Paim, entre outros. Da sua irmã mais velha veio o primeiro contato com a música electrónica – Robin S, Reel 2 Real, Sizequeen, Daft Punk, Armand Van Helden – e a paixão foi instantânea.

O LusoJornal foi à descoberta deste artista atípico, apaixonado pela música.

Pode nos descrever o DJEFF?

O DJEFF toca um estilo de música agradável, uma boa onda, com uma boa energia, dentro da cadência do House Music, com muitos elementos africanos pelo meio. Mas basicamente é uma música para transmitir uma boa ‘vibe’ e fazer com que as pessoas se divirtam.

Como se traduzem as influências africanas?

O meu pai é caboverdiano e a minha mãe é angolana. Eu nasci em Portugal, mas depois de acabar os meus estudos, formei-me em artes gráficas e design, fui viver para Angola onde estive durante os últimos 15 anos. Agora estou de volta à Europa porque é muito mais fácil para poder viajar, para poder correr o mundo.

Na sua música temos toda essa mistura das suas culturas…

É um pouco difícil descrever. Basicamente eu vou pelos meus sentimentos e por tudo aquilo que eu sinto enquanto ouço todos esses estilos. Eu cresci na Europa, então sempre ouvi músicas de todos os estilos e mais alguns. Inclusive o meu pai era marinheiro, então ele viajou bastante pelo mundo e cada vez que ele voltava para casa, trazia-me diferentes estilos de música para ouvir: desde o rock ao disco, passando pela música africana, enfim tudo o que fosse. Habituei-me a ouvir todos os estilos e não só música africana. Hoje em dia acho que tudo vem destas lembranças, todos esses sentimentos que eu senti ao ouvir esses estilos. Transmitiu-me alguma coisa e é daí que eu acho que vêm estas melodias, e esta minha forma de produzir, que se calhar me torna um pouco diferente dos outros artistas.

Tem atuado em França, como vê esse reconhecimento?

Vejo esse reconhecimento bastante positivo. Paris é, para além de ser a capital da moda, também uma referência dentro da música eletrónica. Temos artistas como o David Guetta, Daft Punk, Martin Solveig, ou seja, são muitos artistas dentro da música eletrónica que saem de França, então sempre foi uma referência, acho eu, para todos os artistas que trabalham dentro da área. Hoje em dia ter a oportunidade de ir tocar a Paris regularmente é algo que acredito que é muito bom. A primeira vez que toquei em Paris foi para a discoteca ‘Djoon’ e agora até tenho uma residência lá, 2-3 vezes por ano. Mas agora também tenho outros ‘clubs’ que também querem o DJEFF. Posso dizer que sou sempre muito bem recebido, não só pelos Franceses, mas também pela comunidade caboverdiana, pela comunidade angolana, e pelos muitos portugueses que vivem por lá também. Existem sempre convites.

Como tem sido o público?

As pessoas recebem-me sempre muito bem. Por vezes até de forma bastante eufórica. Estamos a trazer um bocado do que é a nossa cultura e da nossa música, mesmo que seja misturada com música eletrónica, e as pessoas recebem-nos sempre de forma muito positiva. Recebo muitas mensagens, as pessoas fazem questão em mostrar o carinho e em agradecer, muitas vezes até apenas a minha ida, mesmo até antes de tocar. As pessoas aproximam-se, agradecem o facto de me ter deslocado até lá. Ao longo da carreira, as atuações que tenho aqui ou ali, de certa forma estou a representar o nosso país, normalmente quando digo o meu país, é Portugal porque nasci em Portugal, mas também é Angola e Cabo Verde. Este conjunto destes três países, faz toda a diferença porque dentro da música eletrónica, se calhar não temos muitos artistas que têm oportunidades de ir até França ou até Paris neste caso, para desempenhar o seu trabalho, então as pessoas têm sido muito fantásticas. Por essa razão é que eu faço questão em voltar regularmente.

Qual foi a sua reação com o primeiro convite vindo de França?

Fiquei surpreendido sim, mas pelo simples facto de ser pela discoteca ‘Djoon’. É um ‘club’ onde já tocaram grandes nomes. Era um sonho para mim, era um ‘club’ que, quando eu era mais novo, quando estava no meu quarto a treinar, estava a sonhar em estar lá. Eu já via vídeos de artistas que iam lá. Eu estava a trabalhar para ser convidado, então quando surgiu o primeiro convite, eu fiquei tipo ‘Whaouh’, ou seja, pensei: ‘vou realizar um sonho porque tenho a oportunidade de ir ao Djoon pôr música e tocar a minha música, e as pessoas, de certa forma, estão a pagar para isso’. Não existe reconhecimento melhor do que esse, de nós termos a oportunidade de ir fazer lá um ‘show’, num espaço onde era o nosso sonho. Agora é uma estrada que estamos a caminhar, e as coisas estão a correr bem, portanto está tudo bem.

Esta noite vai atuar no The Key Paris…

É um ‘club’ que é bastante antigo em Paris. É um ‘club’ onde só se toca basicamente música ‘underground’, mais direcionado para o estilo de música que estou a fazer hoje em dia, dentro do Techno, do House, mais eletrónico, e do Deep House. Sei que têm ido lá grandes figuras como o Erick Morillo ou ainda Black Coffee, dentro do Techno e da música eletrónica. Todos os grandes nomes deste estilo têm ido lá tocar por isso é um orgulho muito grande. O meu ‘manager’ quando me informo do convite, fiquei muito feliz. Tenho atuado em vários ‘clubs’ em Paris, na última vez, foi no Rex Club, que também é num estilo ‘underground’ e que também tem muita história em Paris. Vou fazer o meu trabalho no Key Club e se eles me chamaram é porque têm interesse em eu tocar lá a minha música.

LusoJornal