LusoJornal / Mário Cantarinha

O 25 de Abril da dirigente associativa Deolinda Oliveira

Em 74 tinha eu 18 anos e trabalhava numa fábrica quando se deu o 25 de Abril. Para mim não representava muito porque não estava consciente nem ouvia muito as informações visto que não tínhamos televisão. Ouvia apenas rádio e de repente, o alvoroço das canções e a que mais me marcou foi a Grândola, Vila Morena. Começava a compreender o que se estava a passar. O meu patrão, com medo do que viria a acontecer, refugiou-se no Brasil, deixando o barco à deriva. Tomei consciência que tudo iria acabar em banho de sangue.

Foi pena que o 25 de Abril não tivesse ocorrido mais cedo porque assim não teria perdido o meu irmão morto em combate na Guiné Bissau. Chegou a Portugal dois meses depois de ter morrido, fizeram-lhe uma cerimónia e desde então, silêncio total. Sinto-me revoltada. Para mim, o 25 de Abril representou a Liberdade.

 

Deolinda Oliveira

Dirigente associativa em Saint Maur

 

Testemunho recolhido para o LusoJornal, no quadro da Exposição sobre os 40 anos do 25 de Abril, do fotógrafo Mário Cantarinha, publicado na edição em papel do LusoJornal de abril de 2015.

 

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