LusoJornal / Mário Cantarinha

O 25 de Abril da fadista Conceição Guadalupe

Eu era uma menina, na ilha Graciosa nos Açores, onde nasci. A minha mãe falava-nos duma Revolução no 25 de Abril. No dia seguinte, houve uma grande festa com os soldados das Forças Armadas. Não compreendia bem o que queria dizer “Revolução”, mas eu e os meus irmãos estávamos contentes por haver uma festa. À noite, fomos à festa onde havia muita gente, comidas e bebidas, muitos cravos, e os soldados das Forças Armadas que terminaram essa festa em palco a cantar o hino nacional. Eu, pequenina, não via o palco e subi em cima de uma cadeira para poder vê-los. Conhecendo bem a canção, cantava com toda a minha voz. Pouco a pouco, os soldados calaram-se e procuraram de onde vinha a pequenina voz. Então, um soldado – lembro-me que se chamava Vieira – veio buscar-me e levou-me a cantar com eles no palco. Havia a letra do Grândola, Vila Morena por todo o lado, que também cantaram. Mesmo não sabendo o que queria dizer uma Revolução, foi uma bonita experiência que guardo até hoje na minha memória.

 

Conceição Guadalupe

Fadista

 

Testemunho recolhido para o LusoJornal, no quadro da Exposição sobre os 40 anos do 25 de Abril, do fotógrafo Mário Cantarinha, publicado na edição em papel do LusoJornal de abril de 2015.

 

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