LusoJornal / Mário Cantarinha

O 25 de Abril do dirigente associativo José Batista de Matos

Foi um dia memorável, único, com aquela dimensão para mim, e para a esperança de um mundo melhor, para os Portugueses de França e em especial para a Liberdade do nosso país.

Naquele “Ano de Graça”, em abril, o “Milagre” aconteceu. Eu estava a dirigir um “chantier” do RER em Fontenay-sous-Bois, por coincidência, a cidade onde resido há quase 50 anos.

A Direção da empresa onde trabalhava quis, como era habitual nos começos das grandes obras, fazer um convívio entre os quadros da empresa, os técnicos, as Câmaras municipais onde se realizavam as obras, etc. Naquele dia, mais ou menos ao meio dia, eu andava eufórico. Sim, eufórico. E os Diretores estavam admirados com as minhas atitudes, nada conformes aos meus hábitos naturais.

A minha alegria não tinha limites, até que o Diretor Geral da empresa, admirado, perguntou-me porque razão agia daquela forma. A resposta veio do fundo do meu interior, do coração, da alma: “Senhor Diretor, eu estou assim porque o meu país, Portugal, é livre, como a França!” Ficou boquiaberto com a resposta do seu “Chef de chantier”, até ali responsável e… normal!

Quarenta anos depois, esta resposta que dei ao meu patrão continua atual, se nós, os Lusitanos, formos responsáveis para conquistar a Liberdade para Portugal.

Depois deste “episódio”, as minhas relações com a Direção da empresa foram sempre cordiais e exemplares, uma vez que viram com os seus próprios olhos, que os Portugueses também reagiam à Liberdade, mesmo sendo trabalhadores e honestos. O tempo passou, mas a fé continua inquebrável.

Oito anos depois, em 1982, quis, com a ajuda de compatriotas, materializar esta data gloriosa do 25 de Abril de 1974, Dia da conquista da Liberdade no país dos Ditadores e Fascistas, com a realização do único monumento ao 25 de Abril fora de Portugal e o primeiro construído no mundo! Foi uma vitória da Comunidade portuguesa de Fontenay-sous-Bois, com a ajuda e a autorização do Maire da época, o grande Homem e Democrata, Louis Bayeurté.

Abril continua e continuará, se nós, os Portugueses, quisermos!

Abril é nosso! Viva o 25 de Abril! Viva Portugal!

 

José Batista de Matos

Ex-dirigente associativo e ex-Conselheiro das Comunidades Portuguesas, entretanto falecido

 

Testemunho recolhido para o LusoJornal, no quadro da Exposição sobre os 40 anos do 25 de Abril, do fotógrafo Mário Cantarinha, publicado na edição em papel do LusoJornal de abril de 2015.

 

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