LusoJornal / Mário Cantarinha

O 25 de Abril do dirigente associativo Mário Castilho

O 25 de Abril para mim foi o dia onde o MFA deu ao povo português a Liberdade e a Democracia, estas duas palavras que os Portugueses não tinham e nunca tiveram durante 50 anos.

A Liberdade de expressão. A Liberdade para os nossos amigos Africanos dos países como Angola, Moçambique, Guiné,… com a independência. A Liberdade para os Sindicatos e Partidos políticos e votar nas eleições, e o fim da Guerra colonial que assim chamavam.

Eu já estava em França, em Pontault-Combault e ouvi na madrugada do 25 de Abril a canção do Zeca Afonso, Grândola, e o barulho das botas dos militares e fiquei muito admirado, sem saber o que se estava a passar no nosso Portugal. Foi depois, durante o dia, que melhor compreendi. Foi mesmo a vitória do Povo Português contra a ditadura de Salazar e Caetano, Américo Tomás e daqueles maiores Fascistas que os rodeavam.

Como jovem, senti-me libertado e responsabilizei-me no movimento associativo e criei uma associação para melhor defender os nossos compatriotas explorados aqui nesta França com muito racistas contra a presença dos Portugueses, sempre mal vistos. Mas o que diziam é que os Portugueses eram trabalhadores, que não são preguiçosos. Era o que diziam de nós.

Depois de 50 anos, o Povo Português nunca foi reivindicativo nem nos sindicatos e durante esses anos até eram eles que não aceitavam as greves pois vieram para trabalhar e enviar as economias para Portugal. É uma das razões que explica que hoje sentimos a ausência de inscrições nos cadernos eleitorais, seja em Portugal ou em França.

Votar é uma Liberdade, mas também um dever democrático.

 

Mário Castilho

Fundador da APCS de Pontault-Combault e ex-Conselheiro das Comunidades Portuguesas

 

Testemunho recolhido para o LusoJornal, no quadro da Exposição sobre os 40 anos do 25 de Abril, do fotógrafo Mário Cantarinha, publicado na edição em papel do LusoJornal de abril de 2015.

 

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