LusoJornal / Luís Gonçalves

O belo verão do voleibol português: Miguel Tavares, passador da Seleção de Portugal e jogador do Rennes

A nível de Seleções, o voleibol das equipas seniores feminina e masculina deram este verão um passo importante a nível competitivo. Este é um pretexto para entrevistar Miguel Tavares, passador da equipa de Portugal e da equipa de Rennes.

 

As férias foram curtas este verão, tendo sido selecionado para representar Portugal em três competições seguidas. Quer-nos falar destas competições?

A primeira foi a CEV European Golden League, uma competição que engloba os melhores países da Europa que não estão presentes na Volleyball Nations League. Ficámos em primeiro lugar do nosso grupo (Espanha, República Checa e Finlândia) e ficámos depois em 4° lugar na final 4, tendo perdido a meia final com a Estónia e o jogo entre o 3° e 4° com a Turquia. Foi uma competição que serviu para ganharmos ritmo de jogo e percebermos que o coletivo e a ajuda ao colega é mais importante do que o desempenho individual, e foi sempre com este pensamento que conseguimos alcançar vitórias mesmo quando o jogo já parecia perdido. Depois logo de seguida tivemos acesso à Challenger Cup (competição organizada pela FIVB que junta 6 países, os melhores de cada continente, mais um país organizador, para disputar o acesso à Volleyball Nations League de 2019). Estando no grupo da Estónia (vencedora da European League) e do Cazaquistão, conseguimos marcar logo a nossa posição e o nosso valor ao vencer a Estónia no primeiro jogo por 3-0 (exatamente o resultado oposto ao da meia final, cerca de uma semana antes). Depois batemos o Cazaquistão sem grandes dificuldades. Na meia final jogámos contra Cuba, e ganhámos também 3-0, num jogo bastante difícil. Na final, depois de termos entrado mal e a perder o primeiro set, conseguimos vencer a República Checa por 3-1, numa grande exibição de toda a equipa. Seguiram-se 4 semanas de férias e voltámos ao trabalho para preparar a qualificação para o Europeu. Também correu bastante bem, tendo ganho 3 jogos (um a cada adversário: Albânia, Croácia e Austria) por 3-0. A viagem correu menos bem num jogo um pouco atípico. Apesar de termos entrado bem, não soubemos gerir a vantagem e saiu-nos caro, acabando por perder o primeiro set nas vantagens. Isso pesou-nos muito e apesar de termos respondido no 2° set, ganhando 25-19, acabámos por perder 3-1. No entanto estamos numa posição muito farovavelAu para a qualificação e dependemos apenas de nós para nos qualificarmos.

 

Que belo verão para o voleibol português: em femininos estamos qualificados para a fase final do Campeonato da Europa 2019 e em masculinos estamos em 1° do grupo de qualificação. O nível competitivo de Portugal está a evoluir?

Sem dúvida, o nível da Seleção nacional aumentou. O que nos fez ganhar tantos jogos este verão foi o facto de termos encontrado finalmente uma forma de sermos constantes a desenvolver o nosso jogo, isto é, não aconteceu (como acontecia em anos anteriores) fazer um jogo excelente, depois 2 muito maus, depois um mais ou menos… Este ano fomos jogando sempre ao mesmo nível, tendo mesmo começado a conseguir manter o nível durante todos os sets, tanto na Challenger Cup como na qualificação. Isso é devido a muito treino, mas acima de tudo aos jogadores estarem conscientes de qual é o seu papel dentro de campo, e de que o mais importante é o resultado coletivo e o jogo coletivo. Por isso diria que sim, que a qualidade da Seleção aumentou.

 

O que falta a Portugal para estar na fase final do Europeu em masculinos?

Faltam mais 2 jogos. Jogamos dia 5 de janeiro em Gondomar contra a Croácia e no dia 9 fora, contra a Albânia. Queria aproveitar para pedir apoio do público que é um jogo decisivo para nós e gostaríamos de carimbar ali a passagem e festejarmos todos juntos!

 

A nível de clubes, uma nova época aproxima-se ao serviço do Rennes. Quais são as espectativas?

É muito cedo ainda para traçar um objetivo. A equipa é 80% constituída por jogadores novos, que não se conhecem. Um deles ainda não chegou, está ao serviço da Seleção belga no Campeonato mundial. Mas acredito que temos qualidade e podemos jogar de igual para igual com todas as equipas. Vamos ver se conseguimos criar um modelo e sistema de jogo que seja eficaz em pouco tempo para estarmos prontos para começar o Campeonato. Penso que o objetivo passará por encarar jogo após jogo, sempre focados mais no nosso nível, nunca esquecendo que temos qualidade suficiente e vontade para ganhar cada jogo.

 

Da sua passagem pelos franceses do Tourcoing durante duas épocas, terá sido par si enriquecedor como experiência e proveitoso para o seu futuro?

Muito enriquecedor e proveitoso. Passei dois anos muito bons e levo comigo muita coisa que aprendi, que vai ser-me muito útil daqui para a frente. Fui muito bem recebido e tratado enquanto lá estive. Espero ter correspondido e ter estado à altura.

 

A 16 de outubro vai defrontar a sua anterior equipa, o Tourcoing. Será que se aborda este tipo de encontros da mesma forma? Uma preparação diferente?

Não. Penso que cada jogo tem de ser preparado da mesma maneira. É apenas a segunda jornada do Campeonato e antes dessa temos o primeiro jogo do Campeonato contra o Nice, aqui em Rennes. Claro que será um jogo especial pois vou ter a possibilidade de rever tantos amigos que fiz ao longo destes dois anos. Espero ver-vos lá.

 

No futebol há 15 jogadores portugueses a jogarem na 1ª divisão francesa, 5 deles no Lille. Não se vai sentir um pouco só de ser o único português presente no volley francês da 1ª divisão na época 2018-2019?

Não penso. Já estou habituado. Claro que era bom poder jogar contra ou mesmo na mesma equipa de outro português. Talvez um dia, quem sabe?