Opinião: Manuel Cargaleiro recebe Medalha Vermeil de Paris

Uma segunda-feira dedicada a Manuel Cargaleiro que é, com Isabel Meyrelles, o mais antigo dos emigrados artísticos portugueses em Paris, onde vive desde os anos finais da década de 1950.

O mestre da cerâmica e do desenho foi amigo próximo de Vieira da Silva e de todos os jovens artistas que foram passando pela cidade nas décadas difíceis (e por isso heroicas) de 1960 e 70.

Há duas décadas que a sua obra cerâmica acrescenta alegria aos milhares de parisienses, franceses e estrangeiros que todos os dias passam pela estação de metro Champs-Elysées Clémenceau.

Agora, finalizando um processo de modernização e alargamento da estação que serve o Grand Palais e o Petit Palais, duas das mais importantes e visitadas estruturas museológicas da cidade, inauguraram-se, pelas 10h30, novos corredores e átrios de acesso com novos azulejos de Cargaleiro (produção portuguesa da centenária mas renovada empresa Viúva Lamego). Veremos nesses brilhantes ‘carreaux’ a mesma energia e felicidade decorativa, o mesmo apelo da natureza vegetal e da luz que importa a uma obra pública numa cidade onde a vida é densa e veloz.

Nos Salões da Mairie, o Primeiro-Ministro português António Costa, a caminho de Bruxelas, e a Ministra da Cultura, Graça Fonseca, estiveram presentes numa cerimónia de homenagem que contou com entrega da Medalha de Mérito Cultural do Governo português a Cargaleiro. Anne Hidalgo entregou, por sua vez, a este parisiense de adoção plena, a medalha de mais alto grau da cidade: a Medalha Vermeil.

Mudemos de tom e de disciplinas e regressemos ao ritmo normal da cultura portuguesa em França: dias 29 e 30, na Librairie Portugaise & Brésiliénne.

Numa colaboração criativa luso-francesa, é lançado, em Paris, o livro-CD, “Trente six histoires pour amuser les enfants d’un artiste”. A música de Francisco de Lacerda, compositor e maestro amigo de Debussy e de Satie e celebrado na Paris de inícios de novecentos, é interpretada por Elisabeth van Straaten, ao piano. O texto é de Jean-Yves Loude e as ilustrações de Pierre Pratt.

Finalmente, entre 22 e 30, decorre em Nice, o Forum d’urbanisme et d’architecture (Festival OVNI). A Trienal de Arquitetura de Lisboa foi convidada a apresentar um dos seus projetos. No caso, escolheu mostrar a colaboração multidisciplinar que reúne Pedro Cabeleira, com a curta metragem “Filomena” e uma série de fotos de Catarina Botelho, ambos trabalhando a partir da ficção literária de Patricia Portela sobre lugares recentes da arquitetura portuguesa contemporânea.

Boas escolhas culturais e até para a semana.

 

Esta crónica é difundida todas as semanas, à segunda-feira, na rádio Alfa, com difusão antes das 7h00, 9h00, 11h00, 15h00, 17h00 e 19h00.