O trágico ataque ocorrido em Mulhouse, em que um homem armado com uma faca atacou agentes de estacionamento, foi precedido por um gesto heroico de Lino Sousa Loureiro. No sábado, 22 de fevereiro, Lino, enquanto fazia as suas compras na praça do mercado, interveio corajosamente para proteger os agentes atacados. O seu ato de bravura permitiu a captura do agressor, mas, lamentavelmente, Lino perdeu a vida na ambulância que o transportava ao hospital. Devemos prestar a nossa homenagem a Lino, cuja coragem reflete os mais altos valores de solidariedade e humanidade.
No entanto, esse gesto heroico contrasta profundamente com as falhas gritantes na nossa política de gestão de indivíduos radicais e indesejáveis. Brahim A., o agressor responsável pela tragédia, já estava “registado” por apologia ao terrorismo e tinha a obrigação legal de deixar o território francês. A sua permanência no país, apesar das evidências claras de risco, é um reflexo de um fracasso sistémico da nossa justiça e política de imigração. O laxismo na aplicação da lei, combinado com uma diplomacia excessivamente conciliadora com países que se recusam a aceitar os seus cidadãos, possibilitou que essa tragédia se concretizasse.
É inaceitável que indivíduos com um perfil tão perigoso, permaneçam livres. Este não é um caso de simples negligência, mas sim uma clara incapacidade de proteger os nossos cidadãos perante ameaças reais. Quando a lei falha, e as expulsões são adiadas ou recusadas repetidamente, a França enfraquece a sua própria segurança e torna-se vulnerável a novos ataques.
A segurança dos nossos cidadãos deve ser a nossa prioridade absoluta.
Não podemos mais permitir que a indecisão e a falta de ação continuem. Para garantir essa segurança, é urgente adotar medidas firmes, que devem ser implementadas de forma imediata.
Primeiramente, o reforço das expulsões deve ser uma prioridade. Não podemos mais tolerar que indivíduos radicalizados permaneçam em território francês. Um mecanismo expeditivo deve ser adotado para garantir a expulsão de pessoas fichadas por radicalização, mesmo que isso exija medidas coercitivas com países que se recusam a colaborar, como a Argélia.
Se necessário, a França deve aplicar sanções diplomáticas e económicas para forçar a readmissão desses cidadãos.
Em paralelo, é fundamental a descentralização da vigilância e controle. A França tem de investir num sistema de monitoramento eficaz, que envolva tanto as autoridades locais como as nacionais. Isso requer maior coordenação entre os serviços de inteligência e o aumento do número de agentes de segurança responsáveis pela supervisão de indivíduos radicalizados. Só assim poderemos garantir uma vigilância constante e eficaz, capaz de identificar e neutralizar ameaças antes que elas se concretizem.
Outro passo crucial é o reforço das leis contra a incitação à violência e ao terrorismo. A legislação atual tem de ser revista e completada para garantir que qualquer indivíduo envolvido na propagação de ideologias extremistas seja processado de forma célere e exemplar. O objetivo deve ser punir severamente aqueles que pregam o ódio e a violência, sem concessões ou leniência.
Além disso, é essencial que a abordagem sobre a radicalização seja reavaliada. Não podemos continuar a ser indulgentes com aqueles que pregam a violência sob o pretexto de distúrbios mentais ou qualquer outro argumento. O perigo representado por essas ideologias é grande demais para ser tratado com condescendência. Precisamos de fortalecer as nossas ferramentas de vigilância e proibição contra aqueles que optam por se opor deliberadamente aos valores fundamentais da República.
Este apelo à ação imediata não deve apenas responder às ameaças, mas também refletir sobre as nossas responsabilidades coletivas. A França deve estar à altura do sacrifício de pessoas como Lino Sousa Loureiro e agir com a firmeza necessária para proteger os nossos cidadãos e garantir a segurança de todos.
Não podemos continuar a permitir que a indecisão continue a colocar as nossas vidas em risco. A segurança exige uma política clara, decisiva e sem concessões perante a intolerância e a violência.
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Mickaël Fernandes