LusoJornal | António Marrucho

Opinião: O verão do Cemitério Militar Português de Richebourg

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O mês de julho está para terminar, o agosto para começar, altura em que parte dos emigrantes aproveitam para matar saudades viajando até à terra que os viu nascer, crescer, partir.

Muitos deles partiram jovens. Familiares seus, que ficaram na altura, também eles partiram, podendo ser recordados no jardim dos falecidos.

Momento que também nós escolhemos para revisitar lugares de memória portuguesa em terras de França, em terras de Flandres, em Richebourg.

Richebourg é uma pequena vila de 2.646 habitantes, contudo, com muitos mais soldados sepultados da I Guerra mundial nos cemitérios ali localizados, entre os quais 1.831 soldados lusitanos.

O LusoJornal dá regularmente notícias e faz reportagens sobre o Cemitério Militar Português de Richebourg.

Para quem, como nós, ali vai várias vezes no ano, achamos por bem lembrar estes 1.831 soldados portugueses ali sepultados. Ao falarmos destes, homenageamos pela mesma ocasião, os 55 mil que foram mobilizados para o Corpo Expedicionário Português, com valentia, mesmo se por vezes não compreenderam muito bem a razão pela qual para ali foram enviados.

Das numerosas visitas, algumas perguntas se nos colocam, algumas reflexões aqui deixamos.

Não pretendemos fazer um catálogo, artigos houve em que, falamos de outros aspetos do Cemitério.

Como em Portugal, também aqui, o Norte de França, tem sido, este ano, bafejado com imenso calor. A erva do Cemitério de Richebourg está praticamente toda seca, dadas as circunstâncias, dificilmente poderia apresentar-se com outro aspeto.

Consideramos contudo menos normal o ornamento atual do Cemitério.

Há dois anos fizemos reportagem e artigo com dados estatísticos sobre as campas, a floração do Cemitério. Achamos, na altura, com a equipa que fez a dita captura de dados, que cerca de 30 plantas ou arbustos diferentes no Cemitério eram demais, dificultando o ordenamento regular, dando mais trabalho e ocultando em 1/3 das campas e nomes de soldados.

Certas obras foram feitas no Cemitério, nomeadamente o prolongamento da erva até à base das campas, um trabalho útil contudo quanto a nós motivo de mais trabalho, cortar a erva junto à pedra torna-se mais difícil, o trabalho terá que ser feito manualmente, a máquina de cortar a erva ao passar demasiado rente à campa arrisca-se a tocar nesta, de a riscar, partir. Porque não foram colocadas à volta das campas, pequenas pedras ou areia grossa?

Não seria mais bonito colocar uma flor, uma rosa por exemplo, entre cada campa, para embelezar um pouco mais o dito Cemitério?

Duas lápides que, durante vários anos, foram como que literalmente “comidas” por duas árvores dentro do Cemitério, foram quebradas, duas novas, em substituição, foram colocadas em ambos os lados da primeira linha quando entramos no Cemitério. É ser-se purista se perguntarmos onde estão os restos mortais dos dois soldados, não seria normal que fossem exumados e colocados junto às novas lápides?

A história constrói-se, a história evolui, a história retifica, as pesquisas informam e fazem evoluir.

 

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