Paulo Pisco quer um programa de apoio para lusodescendentes no domínio artístico e cultural

O Deputado socialista Paulo Pisco, eleito pelo círculo eleitoral da emigração na Europa, entregou na mesa da Assembleia da República uma proposta de Projeto de Resolução para a criação de um programa de apoio para portugueses e lusodescendentes no estrangeiro no domínio artístico e cultural.

“A presença portuguesa no estrangeiro tem hoje características muito diferentes das que tinha há algumas décadas, devido às segundas e terceiras gerações, à evolução da sociedade portuguesa, à facilidade na mobilidade europeia e internacional, aos níveis de formação e à especificidade dos interesses pessoais” começa por explicar o Deputado. “O domínio artístico e cultural insere-se nesse contexto, havendo hoje muitos jovens talentos que fazem uma formação de qualidade em Portugal, mas depois não encontram as oportunidades que lhes permitam desenvolver o seu potencial ou porque simplesmente querem ter outras experiências no estrangeiro e aprofundar os seus conhecimentos. Por isso, muitos emigram”.

Paulo Pisco diz que são artistas plásticos, músicos, cantores, bailarinos, atores escritores, cineastas, fotógrafos ou dedicam-se a outras atividades culturais, “tentando encontrar o seu caminho em meios altamente competitivos, muitos dos quais com condições para evoluir e projetar uma imagem positiva de Portugal”.

E é por isso mesmo que considera que “o seu mérito merece o devido reconhecimento”.

“Por o mundo das artes e da cultura ser muito difícil e competitivo, seria da maior importância que os jovens talentos portugueses e lusodescendentes no estrangeiro pudessem beneficiar de apoios adequados, para mais facilmente alcançar a visibilidade e reconhecimento que desejam. Por vezes, pouco mais é preciso que um pouco de atenção e interesse e formas simples de organização, o que é facilitado pelo facto de em alguns casos existir uma grande concentração de criadores em cidades como Berlim, Paris, Luxemburgo, Zurique, Londres e muitas na Europa e noutros continentes” explica Paulo Pisco.

O Deputado considera que há poucos programas criados pelo Governo para apoiar os talentos culturais e artísticos nas Comunidades. A exceção será o Prémio Ferreira de Castro, que promove os escritores das Comunidades. “No passado, chegou a estar em perspetiva também um projeto chamado ‘Meridiano’, para promover músicos, cantores e grupos musicais, mas que nunca chegou a ver a luz do dia” diz o Deputado socialista.

.

Mapeamento é necessário

Paulo Pisco começa por sugerir que o Governo, através das suas estruturas diplomáticas e consulares, faça um mapeamento dos criadores e agentes culturais portugueses e lusodescendentes que residem no estrangeiro, “de forma a conhecer-se melhor quem são, onde estão, o que fazem e que expetativas têm relativamente a Portugal e aos países de acolhimento. Num mundo como o atual, que funciona cada vez mais em rede, este tipo de informação é fundamental para criar mais oportunidades para portugueses e lusodescendentes”.

Na proposta de Resolução, o Deputado considera que o Governo deve continuar a apoiar as “manifestações da cultura tradicional”, como os ranchos, essencialmente levadas a cabo pelas associações, mas “existe hoje uma clara necessidade de olhar também para a existência de outras formas de expressão cultural que precisam igualmente de ser apoiadas e reconhecidas, até porque possuem um enorme potencial para o desenvolvimento de projetos de cooperação no domínio bilateral entre países”.

“O Instituto Camões pode também ter um papel muito importante neste domínio” lembra Paulo Pisco, “ajudando a fazer esse mapeamento e a promover nos seus espaços os artistas e criadores portugueses e lusodescendentes nas Comunidades, pela proximidade e pela adequação da sua missão de promoção cultural”.

.

“É preciso, portanto, ir mais longe”

O Deputado considera que “é preciso ir mais longe na promoção dos criadores portugueses que residem no estrangeiro, construir uma ligação mais forte entre eles e o Instituto Camões, mobilizar mais as nossas missões diplomáticas e consulares e as estruturas culturais em Portugal, para criar pontes, estabelecer parcerias, construir projetos e criar os mecanismos que permitam a sua maior projeção nos países de acolhimento e em Portugal”.

E é por isso que Paulo Pisco faz uma “referência especial” para as câmaras municipais, que podem ter um papel relevante neste domínio, promovendo os talentos culturais do seu município residentes no estrangeiro.

“O reconhecimento desta realidade não é apenas muito relevante para todos os portugueses que estão vocacionados para a criação artística e precisam de apoio para se projetar, mas é também uma excelente oportunidade para o país mostrar a sua diversidade cultural e a qualidade dos seus talentos” conclui Paulo Pisco que apresenta esta proposta conjuntamente com o Deputado João Paulo Rebelo, em nome do Grupo Parlamentar do Partido Socialista.