Lusa / Manuel de Almeida

Portugal empatou sem golos no regresso ao Stade de France

O reencontro entre as Seleções de Portugal e da França, no Stade de France, mais de quatro anos após a final do Euro 2016 que Portugal venceu por 0-1 após prolongamento, não foi dos melhores jogos e acabou com um empate sem sabor, 0-0.

As estrelas ficaram caladas, sem marcar, e as defesas sorriram com direito a elogios visto que não sofreram nenhum golo.

A primeira parte começou de forma tímida com as duas equipas a serem cautelosas, sem arriscar, tanto é que a ação mais comentada foi a entrada duríssima de Rúben Dias sobre o avançado francês Olivier Giroud, mas o atleta da França ainda ficou dentro das quatro linhas para o resto do encontro.

Depois disso, pouco ou nada no terreno de jogo, algumas iniciativas, mas sem remates concretos que se enquadravam com a baliza. No fim dos 45 primeiros minutos mantinha-se o empate sem golos.

Na segunda parte, e perante umas centenas de adeptos com alguns Portugueses ‘infiltrados’, o jogo não conseguiu subir em intensidade. Num estádio quase vazio, visto que a capacidade é de 80 mil espetadores e que havia apenas algumas centenas de adeptos, as duas equipas não estavam empolgadas para desfazer o empate que até não era um mau resultado, tanto para os Franceses como para os Portugueses.

A única verdadeira oportunidade até chegou do lado de Portugal, em cima do minuto 90, quando Francisco Trincão, médio do FC Barcelona, que tinha entrado no decorrer da segunda parte, eliminou dois-três jogadores antes de dar a bola a Cristiano Ronaldo que rematou do pé esquerdo, mas o ângulo estava fechado e Hugo Lloris não teve muitas dificuldades em evitar o golo.

A França saiu deste jogo sem perder, esquecendo cada vez mais a final de 2016, enquanto Portugal consegue, pela segunda vez consecutiva, sair sem perder o confronto frente aos Franceses. Recorde-se que a Seleção portuguesa, que venceu em 2016, tinha sido sempre derrotada desde 1975. Após 41 anos sem vencer, a Seleção das Quinas arrecada dois jogos sem perder.

Na classificação do Grupo 3 da fase de grupos da Liga das Nações europeias de futebol, Portugal e a França lideram com 7 pontos, à frente da Croácia com 3 e da Suécia que ainda não pontuou.

Na próxima jornada, nesta quarta-feira 14 de outubro, Portugal recebe a Suécia enquanto a França desloca-se à Croácia.

 

Fernando Santos pouco satisfeito: as reações dos protagonistas

Fernando Santos, o Selecionador português, não estava muito satisfeito após o jogo em que as duas equipas acabaram por não marcar nenhum golo: “Foi um jogo muito equilibrado. Jogadores muito cautelosos, sobretudo em termos ofensivos. Não acho que houvesse excesso de respeito. O jogo não foi muito rápido, teve domínios repartidos. Faltou dinâmica, mais agressividade na procura do golo. Nós, treinadores, queremos sempre mais. É daqueles jogos que queremos sempre mais. Da minha parte não foi o que queríamos. Óbvio que queríamos ser organizados, queríamos explosividade, procura da profundidade. As duas equipas abusaram um bocadinho de jogar no pé. Sempre que variaram o jogo, criaram problemas uma à outra”, analisou o Treinador luso, antes de lembrar que o grupo 3 ainda está em aberto: “Está tudo em aberto. A Croácia também ganhou e continua a contar. Estão-se a esquecer da Croácia, mas ainda vão receber Portugal e França”, concluiu.

No que diz respeito a Cristiano Ronaldo, estava feliz com o trabalho desenvolvido pela Seleção numa mensagem divulgada nas redes sociais: “Grande trabalho de toda a equipa! Continuar a trabalhar com o mesmo foco, só assim ficaremos mais perto do nosso objetivo! #todosportugal”, escreveu o avançado e Capitão português. Quem partilhou a opinião de CR7 foi o luso-francês Raphaël Guerreiro, que viu um jogo sólido de Portugal: “Tivemos uma boa disposição ofensiva e defensiva também. Tivemos algumas ocasiões para fazer um golo”, afirmou o defesa lusodescendente que não esquece o próximo jogo frente à Suécia: “Vamos fazer a recuperação do costume. Estou habituado a jogar de três em três dias”, concluiu.

Os defesas portugueses estiveram em destaque, conseguindo parar as ofensivas de Olivier Giroud, Antoine Griezmann Lopes e sobretudo Kylian Mbappé, por isso Nélson Semedo, lateral do Wolverhampton estava contente com a exibição da equipa: “No geral fizemos um grande jogo. A defender estivemos muito bem. A França tem uma grande equipa, quer à frente, quer atrás, mas conseguimos controlá-los bem. Queríamos ganhar, mas não é um mau resultado. Sabíamos que o mínimo deslize ou erro podíamos sofrer golos. Não conseguimos marcar, mas é importante não termos saído com uma derrota”, admitiu.

Quanto a Rúben Dias, não lamentou o amarelo que recebeu após a falta sobre Olivier Giroud: “São lances que fazem parte do jogo, não faz parte dos planos de um jogador ver um amarelo tão cedo. Aconteceu, estava a saltar a acabei por acertar-lhe. Não é algo que possamos prever antes do início do jogo, temos de lidar com isso. Para nós, como é óbvio, o jogo tem outra dimensão com público torna-o mais emotivo, mais bonito”, sublinhou o defesa que trocou o SL Benfica pelo Manchester City, que também não esqueceu o próximo jogo frente à Suécia: “Vamos ver. É jogo a jogo. Ao fim ao cabo defrontamos uma Seleção muito forte [ndr: a França] e o facto de termos cedido pouco espaço ao adversário e estarmos sempre perto de ganhar o jogo dá-nos alento para prepararmos o próximo”, assegurou.

Quem se estreou com a Seleção portuguesa no Stade de France foi uma das novas pérolas, ausente em 2016, o avançado do Atlético Madrid, João Félix: “Foi um jogo repartido, complicado para ambas as equipas. Eles estavam a atacar bem, nós a defender bem. Nós também atacámos bem, eles também defenderam bem. Foi um jogo equilibrado. Com a França estivemos bem, foi um jogo muito equilibrado, contra grandes jogadores. Eles também jogaram contra grandes jogadores. Se déssemos espaço, eles podiam criar oportunidades, tal como poderia ter sucedido connosco”, concluiu o atleta luso.

 

A França não viu Cristiano Ronaldo

Um facto é incontestável nos confrontos entre França e Portugal: apesar de ser o melhor jogador do mundo, Cristiano Ronaldo ainda não marcou um único golo à Seleção francesa, e não foi no domingo à noite que isso aconteceu, aliás Didier Deschamps, Selecionador francês, nem viu CR7: “Podemos sempre fazer melhor. Com a qualidade do adversário tivemos de tomar precauções, hoje não vimos o Cristiano Ronaldo. Foi mais difícil para os ataques, pois por vezes os movimentos não foram tão bons, por vezes os passes não chegaram. Temos de ser melhores na última ação para ganhar jogos. Sabíamos que Portugal era uma grande equipa e temos de realçar a qualidade defensiva de ambas as formações. Os médios foram muito eficientes do ponto de vista da eficácia técnica e na complementaridade, o que nos permitiu ter maior controlo de jogo na segunda metade”, analisou o Técnico gaulês.

Para Hugo Lloris, capitão dos ‘Bleus’, a noite foi de total satisfação visto que não sofreu nenhum golo: “Estivemos bem na recuperação. Recuámos um pouco, talvez por medo do adversário. Também faltou agressividade nos últimos trinta metros, mas fizemos uma exibição sólida. Pogba esteve presente, teve voz como líder. Nós sentimos a sua presença em campo. Vai continuar a mostrar a sua força”, referiu o guarda-redes francês Hugo Lloris, que atualmente veste a camisola do Tottenham, na Inglaterra, clube treinado por José Mourinho.

O próximo jogo entre Portugal e a França vai decorrer no Estádio da Luz, em Lisboa, num encontro a contar para a quinta e penúltima jornada da fase de grupos da Liga das Nações europeias de futebol. Recorde-se que apenas o primeiro dos quatro grupos apura-se para o ‘final four’ da competição cuja primeira edição, em 2019, foi arrecadada pela Seleção portuguesa.

 

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