Primeiro romance de Altina Ribeiro, “(Il)Légitime”, foi apresentado no Consulado Geral de Portugal em Paris


Na semana passada foi apresentado no Consulado Geral de Portugal em Paris, o primeiro romance de Altina Ribeiro “(Il)Légitime” editado pela Almaletra. O livro, em língua francesa, já tinha sido apresentado em francês por Dominique Stoenesco, na Casa de Portugal André de Gouveia, na Cidade Universitária Internacional de Paris, e foi agora apresentado em português pelo jornalista Carlos Pereira, Diretor do LusoJornal.

A abertura da sessão foi feita pela Cônsul-Geral de Portugal em Paris, Mónica Lisboa, que colocou esta apresentação no quadro da comemoração do Dia internacional dos Direitos das Mulheres e Carlos Pereira destacou, no início da apresentação, que apenas agora, pela primeira vez na sua história, o Consulado-Geral de Portugal em Paris tem uma mulher a chefiar o posto e também, pela primeira vez, uma mulher a ocupar as funções de Cônsul-Geral Adjunta.

Ainda antes de começar, a Cônsul-Geral Adjunta apresentou um teaser do próximo documentário sobre a emigração portuguesa em França, onde precisamente intervém Altina Ribeiro.

Para a apresentação do livro, Carlos Pereira falou o percurso literário de Altina Ribeiro, desde o primeiro livro “Le Fado pour seul bagage”, editado em 2005, logo no início do LusoJornal.

“Este primeiro livro é importante porque é uma autobiografia da autora e da sua família, e situa a ação entre dois países – em Portugal, onde Altina Ribeiro nasceu, em S. Vicente da Raia, perto de Chaves, e em França, onde a escritora mora desde os 9 anos de idade”. Carlos Pereira diz que este espaço geográfico entre dois países é uma constante nos livros que Altina Ribeiro já escreveu.

“Mas este primeiro livro também destacou os dotes de contadora de histórias da autora. Ao ponto que logo depois, várias pessoas lhe pediram para contar as suas próprias histórias”. Foi assim que surgiu “Alice au pays de Salazar” (2010) sobre a vida de Alice Neto, “Trois notes de blues pour un fado” (2016) sobre a vida do cantautor Dan Inger dos Santos, e “Dona Zezinha – la vie peu ordinaire d’une institutrice” com a vida de uma professora regente, D. Zezinha, contada pelo filho.

“Neste 5° livro de Altina Ribeiro – se excluirmos as traduções: ‘De São Vicente a Paris’ e ‘Dona Zézinha, a vida singular de uma professora’ – a autora conta também a vida de Fernanda. Uma história real que lhe foi contada, mas desta vez não se trata de uma biografia, mas sim de uma obra ficcionada fortemente inspirada de factos reais” explicou Carlos Pereira.

Altina Ribeiro comentou as diversas formas de escrever, entre a autobiografia, a biografia e o romance. Mas anunciou já que no próximo livro vai contar o percurso de vida de Manuel Tavares.

“As obras de Altina Ribeiro são de interesse público” defendeu Carlos Pereira. “Contam as histórias da emigração e um dia mais tarde, quando alguém achar necessário escrever essa mesma história, falar da emigração portuguesa para França dos anos 60 e 70, vão recorrer a este tipo de livros, que infelizmente há poucos”.

No caso de “(Il)Légitime”, Altina Ribeiro conta a história de Fátima, que nasceu em Portugal, nos anos 60, numa família pobre, sem ser esperada nem bem-vinda, cresceu sem afeção entre a casa dos pais e dos avós. “O mundo dos adultos e a sua violência marcaram para sempre esta rapariga que não deixa de ser uma criança com os seus sonhos e necessidade de amor” lê-se na contracapa do livro. “Quando chegou a França, nos anos 70, um outro mundo abriu-se a ela, cheio de promessas. No entanto o peso da família continua, e o passado parece perseguir esta heroína que a vida não poupa”.