Saúde: Dia Mundial Da Asma_LusoJornal·Saúde·14 Maio, 2025 A asma é uma doença inflamatória crónica das vias respiratórias, caraterizada pelo estreitamento dos brônquios, que se manifesta, habitualmente, com sintomas como dificuldade em respirar, pieira ou som tipo “assobio”, tosse e sensação de aperto no peito. Estes sintomas têm caráter intermitente e podem ser desencadeados por diferentes estímulos, tais como a exposição a alergénios (ácaros, pólen, pêlo de animais), exercício físico, infeções respiratórias, fumo de tabaco, poluição atmosférica ou até mesmo o riso ou cheiros intensos. A asma tem uma elevada prevalência em todo o mundo, afetando mais de 300 milhões de pessoas de todas as faixas etárias. Em Portugal, são mais de 600 mil doentes com asma, dos quais dois terços não têm a doença controlada. As alterações climáticas, a exposição à poluição e as alterações dos padrões polínicos podem justificar o aumento da prevalência da doença a nível global. Existem diferentes tipos de asma, sendo a mais comum a asma alérgica, com início frequente na infância, muitas vezes associada a rinite alérgica, eczema ou alergia alimentar, bem como a história familiar de doenças alérgicas. Os casos não alérgicos são geralmente diagnosticados na idade adulta e podem estar associados a outros fatores, como exposição ocupacional ou obesidade. A asma pode estar associada a várias comorbilidades que contribuem para um pior controlo dos sintomas, nomeadamente, tabagismo, rinossinusite crónica, doença do refluxo gastroesofágico ou síndrome de apneia obstrutiva do sono. A asma é a doença respiratória crónica mais comum na infância. Os pais devem estar atentos a uma série de sinais que podem indicar asma em crianças, especialmente se forem recorrentes ou se piorarem com o tempo. A tosse persistente, a pieira e a falta de ar, sobretudo à noite ou após exercício físico e as crises recorrentes de “bronquite” podem indicar asma. No entanto, é importante realçar que muitas crianças desenvolvem sintomas semelhantes quando apresentam infeções respiratórias, maioritariamente víricas, sem nunca vir a desenvolver asma. Por esse motivo, é fundamental haver um acompanhamento médico especializado no sentido de realizar exames e esclarecer o diagnóstico. A asma não tem cura, mas a grande maioria dos doentes consegue controlar a sua doença com terapêutica inalatória adequada. Muitos doentes com asma interrompem a sua terapêutica inalatória quando se sentem bem. No entanto, essa interrupção pode comprometer seriamente o controlo da doença. Muitos percecionam uma falsa sensação de cura, o que não é verdade, pois a asma é uma doença inflamatória crónica, mesmo sem sintomas visíveis. A terapêutica inalatória, quando tomada de forma regular, reduz os sintomas associados à asma, previne as crises e preserva a função pulmonar. É importante também controlar o peso e ter uma alimentação cuidada. Sabemos que os doentes obesos têm também mais agudizações e mais sintomas. A prática de atividade física diária e regular ajuda o doente a conseguir uma melhor capacidade respiratória e, consequentemente, um melhor controlo da asma. Os doentes com asma não controlada têm dificuldade em realizar tarefas simples de vida diárias, como tomar banho, subir escadas ou mesmo falar. Nos casos mais graves, as crises são frequentes e os doentes recorrem aos serviços de urgência para obter alívio dos sintomas. Entre 5 a 10% dos casos de asma são graves. Tal como o seu nome indica, a asma grave é mais perigosa, correspondendo a um subgrupo de doentes que permanece não controlado, apesar da medicação em doses elevadas. Atualmente, já existem terapêuticas biológicas que permitem melhorar a qualidade de vida das pessoas com asma grave. São terapêuticas prescritas a nível hospitalar, geralmente em consulta de asma especializada, e permitem um controlo mais adequado na grande maioria dos casos. São terapêuticas que ajudam não só no controlo dos sintomas, mas também na redução das exacerbações, das idas aos serviços de urgência e das hospitalizações. Neste Dia Mundial da Asma, é fundamental lembrar: a asma é uma doença crónica que pode ser controlada. Fique atento aos sinais, siga as orientações médicas e não deixe a asma controlar a sua vida. Respire!. Dr. António Sousa Fernandes PneumologistaSociedade Portuguesa de Pneumologia