Saúde: O medo extremo de ter um bebé_LusoJornal·Saúde·15 Janeiro, 2025 Chama-se tocofobia, e é o medo irracional e excessivo do momento do parto que leva que, em situações extremas, a mulher queira e tente evitar esse mesmo momento. De facto, é uma realidade para algumas mulheres, descrito em alguns estudos uma prevalência de 14%. Existem alguns fatores predisponentes como a ansiedade, sintomas depressivos e falta de suporte social! Em qualquer altura da vida de uma mulher, ela já ouviu relatos de partos e descritas experiências aterrorizantes. As mulheres podem desenvolver um medo extremo da gravidez e do parto, por várias razões. Algumas causas incluem história de abuso ou violação, que pode levar a sentimentos de vergonha associados à gravidez; pressão social para ter um parto vaginal sem complicações, mesmo quando há indicação para uma cesariana; histórias de experiências negativas de outras pessoas durante o parto; medo da dor e de procedimentos médicos como agulhas; preocupações com mudanças no estilo de vida e perda de controle sobre a rotina. As consequências deste pânico podem ser significativas e incluem limitações físicas, psicológicas e sociais. Entre elas estão: – Evicção de uma gravidez, mesmo que a desejem – Solicitação de cesariana eletiva, para evitar o parto vaginal – Enjoos e vómitos – Ansiedade e depressão, que podem afetar a qualidade de vida – Problemas de vinculação com o bebé – Distúrbios de stress pós-traumático ou depressão pós-parto . As consequências da tocofobia podem ser significativas e incluem limitações físicas, psicológicas e sociais que podem afetar a qualidade de vida. Além de problemas de vinculação com o bebé, distúrbios de stress pós-traumático e outros de saúde mental. Para evitar a tocofobia, as mulheres devem obter um maior conhecimento, informar-se sobre a gravidez e o parto pode ajudar a reduzir o medo do desconhecido, comunicar, escrever e racionalizar, expressar sentimentos e pensamentos pode ser terapêutico e ajudar a entender e gerir o medo, procurar ajuda profissional, como psicólogos e terapeutas, que podem oferecer estratégias e apoio emocional. Devem contar com redes de suporte social e o apoio de amigos, família e grupos de apoio pode proporcionar conforto e segurança¹. Deve procurar informação, como ler livros, revistas e outras fontes confiáveis que possam oferecer insights e conselhos úteis. O falar acerca dos sentimentos, partilhar preocupações com parceiros, amigos ou profissionais de saúde pode aliviar a ansiedade. Estes comportamentos podem ajudar a mulher a sentir-se menos medo em relação à gravidez e ao parto. É importante que cada mulher encontre as estratégias que melhor funcionem para ela e que não hesite em procurar apoio quando necessário. Para ajudar as mulheres com tocofobia, é importante adotar uma abordagem multidisciplinar que inclua uma – Comunicação aberta, leve, fácil e acessível – Encorajar a mulher a expressar seus medos e preocupações – Encorajar a expressar o não gostar de estar grávida – Apoio psicológico – Terapia cognitivo-comportamental – Educação sobre o parto – Fornecer informações precisas sobre o processo de parto e descrever o que esperar pode ajudar a diminuir o medo do desconhecido – Rede de suporte social – Contar com o apoio de familiares, amigos e grupos de apoio pode proporcionar conforto e segurança – Profissionais de saúde qualificados – Trabalhar com uma equipa de saúde que entenda a condição e possa oferecer um cuidado personalizado . Essas estratégias podem ajudar a mulher a sentir-se mais preparada e menos ansiosa em relação à gravidez e ao parto. O papel dos profissionais de saúde é o seguimento que dê apoio e o carinho que se possa traduzir em desmistificação e maior segurança daquele momento importante que é o parto. É importante que os profissionais de saúde reconheçam e abordem esse medo durante o a gravidez para oferecerem um cuidado integral à saúde materno-fetal e tentar melhorar e ir de encontro a uma boa experiência de parto! É igualmente importante que cada mulher consiga encontrar as estratégias que melhor funcionem para ela e que não hesite em procurar apoio quando necessário. A confiança vai ajudar a lidar com o estigma e os impactos da tocofobia, a estar mais segura nas suas escolhas, e a lidar com a gravidez e o parto de forma mais serena e natural. . Dra. Irina Ramilo Ginecologista/obstetra no Hospital Lusíadas Lisboa @aginecologistadamelhoramiga