A rinoplastia está, em meu entender, entre as cirurgias mais complexas que se realizam no âmbito da cirurgia plástica facial. O nariz, pela peculiar proeminência da sua morfologia, constitui o elemento central da face e, assim, é considerado por muitos como a pedra de toque de um rosto equilibrado e harmonioso. Contudo, essa singularidade confere-lhe também o poder de se salientar, com a intensidade equivalente, pela negativa.
Abundam, de resto, referências culturais que atestam a importância primordial desta parte do rosto, entre as quais o paradigmático nariz helénico, configurando um ideal estético representado na arte, ou a força do nariz de Cleópatra que, desde Pascal até aos nossos dias, alimenta um sem número de especulações que lhe atribuem um poder único na História.
Qualquer modificação é, por isso, um enorme desafio para todos aqueles que a tal se dispõem, mas, essencialmente, para os que, em termos profissionais, a tal procedimento se dedicam.
Há que ter em conta que, à necessidade ou ao desejo de intervenção, podem subjazer razões de índole muito diversa. Em primeiro lugar, há que considerar razões de ordem puramente estética, mas também as de natureza funcional, sendo que, frequentemente, se encontram associadas.
Por vezes, estamos perante a necessidade de correção de algum desequilíbrio ou mesmo deformidade desta delicada estrutura, que pode ter origem em características genéticas, em alterações ao longo do crescimento, decorrer de traumatismos vários, ou mesmo ter origem na modificação que, progressivamente, ocorre com a idade. Contudo, a insatisfação com a aparência do nariz, que pode depender da sua forma, do seu tamanho, ou da sua assimetria está, na maioria dos casos, na origem da vontade de realizar uma rinoplastia.
Quando se associam às razões de ordem puramente estética os problemas funcionais, que se prendem, maioritariamente, com a necessidade de melhorar a respiração, o procedimento indicado é a rinosseptoplastia, ou seja, um procedimento que combina a rinoplastia (cirurgia estética do nariz) com a septoplastia (correção do desvio do septo).
Devido à complexidade das estruturas implicadas neste tipo de procedimento cirúrgico, os profissionais que a ele se dedicam estão obrigados a intensa e constante dedicação, não só na apreensão, ab initio, de todo o conhecimento (em constante evolução), técnicas e recursos que possam proporcionar o melhor resultado nas diferentes intervenções a realizar, mas ainda à prestação dos mais adequados e corretos esclarecimentos aos pacientes relativamente à sua situação concreta e às suas ambições. Para além da importantíssima atenção a questões anatómicas e funcionais, é prudente e necessário que o médico tenha a sensibilidade de detetar e atender a possíveis fragilidades emocionais relacionadas com este tipo de cirurgia, proporcionando aconselhamento esclarecedor e perfeitamente dirigido a cada caso particular.
Clarificadas todas as dúvidas nas consultas pré-operatórias e ultrapassados os normais receios, chega o dia da cirurgia, que demora cerca de duas horas e meia. É o momento em que o cirurgião mobiliza saber e arte, num procedimento que tem algo de escultórico. Findo este momento, aguarda os pacientes um pós-operatório praticamente indolor, com uma recuperação muito boa. Passada uma semana conseguem realizar quase todas as atividades normais da sua vida diária.
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Dr. Filipe Magalhães Ramos
Diretor Clínico
Clínicas FMR, no Porto e em Lisboa