Saúde: Rizartrose – um nome que vale a pena conhecer


Um dos fatores que contribuiu para o desenvolvimento dos humanos foi a interação olho-mão. A capacidade cerebral cada vez maior a par da capacidade de manipulação cada vez mais fina e complexa dos objetos evoluíram conjuntamente impulsionando-se mutuamente.

A característica única das nossas mãos é a capacidade de realizar a oponência (do polegar). Os nossos dedos não estão todos no mesmo plano do espaço como nos símios que apenas conseguem fletir os dedos contra a palma da mão para pegarem em algo. No caso dos humanos o polegar tem a capacidade de se colocar num plano distinto dos restantes dedos e ir ao seu encontro realizando o que chamamos “pinça fina” essencial para a manipulação delicada.

Esta função única da mão dos humanos assenta na conformação especial de uma articulação da base do polegar, a articulação entre o metacarpo e o trapézio (articulação trapézio-metacárpica) que permite a mobilidade deste dedo em vários planos. Mas essa mobilidade é conseguida à custa de menor “encaixe ósseo” ficando a sua estabilidade mais dependente dos ligamentos e músculos e portanto menos sólida o que leva à elevada frequência dos fenómenos degenerativos desta articulação (osteoartrose da articulação trapézio-metacárpica ou Rizartrose).

É muito mais frequente nas mulheres (90%), normalmente bilateral e surge por volta dos 50-60 anos estando presente em 25% as mulheres pós menopausicas (provavelmente mais porque pode cursar sem dor).

Caracteriza-se por dor na base do polegar quando se faz a pinça digital (por exemplo apertar uma mola de roupa, rodar uma chave), incapacidade de agarrar objetos de maiores dimensões, falta de força que surgem de forma bilateral depois da menopausa. A evolução da deformação da articulação ao longo dos anos leva a deformações do dedo que diminuem ainda mais a sua capacidade funcional.

A primeira linha de tratamento consiste na evicção dos movimentos dolorosos, anti-inflamatórios, uso de talas e fisioterapia.

Verificou-se que a injeção de gordura na articulação faz desaparecer a sintomatologia em 75% dos casos sendo que aos 2 anos ainda é eficaz em 60% dos casos. Este procedimento pode ser realizado bilateralmente na mesma altura e pode ser repetido proporcionando uma recuperação muito rápida (2 a 4 semanas).

Os métodos cirúrgicos clássicos consistem na remoção parcial ou total do osso doente (trapézio) com ou sem colocação de próteses ou ligamentoplastias. São procedimentos também muito eficazes embora tenham um tempo de recuperação de 3 a 6 meses. Não devem ser realizados simultaneamente nas duas mãos devido à prolongada incapacidade que causam.

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Dr. Rui Leitão

Cirurgião plástico

Clínica Fisiogaspar

LusoJornal