Turismo Literário: uma nova (e mais rica) maneira de viajar

“Literatura e turismo literário: Memórias e Diáspora” é a coletânea dos trabalhos apresentados no colóquio internacional “Patrimonialiser la Mémoire Diasporique” organizado pela Universidade de Aix-Marseille em maio de 2018. Este volume é publicado pela editora francesa Le Poisson Volant e insere-se na parceria que esta editora mantém com essa Universidade no âmbito da cátedra Eduardo Lourenço.

Estes dez trabalhos organizados por Rita Baleiro, professora na Universidade do Algarve, são apresentados em português, à exceção do último trabalho, o de Michèle Janin Thivos, que é apresentado em francês e que trata a figura do Abade Faria (1756-1819), português nascido em Goa, professor de Filosofia e pioneiro do estudo do hipnotismo, que se tornou imortal ao servir de inspiração para o célebre personagem Abade Faria do romance de Alexandre Dumas, “O Conde de Monte Cristo”.

São então dez trabalhos de investigadores portugueses, brasileiros, espanhóis e franceses que abordam o Turismo Literário, realidade que tem ganhado muitos praticantes nos últimos anos, embora se esteja ainda numa fase sem dados estatísticos precisos.

Num mundo de “turismo massificado de pronto-a-servir”, como diz Rita Baleiro, do tipo viagem de cruzeiro, um tipo de turismo que impossibilita aos turistas o mergulho em outro contexto cultural diferente do seu. Assim, deste vazio em que apenas o corpo, e não a mente, do turista se desloca de um espaço para o outro, tem surgido em força a necessidade da “criação de produtos turísticos que proporcionem experiências mais próximas da verdade cultural de um dado espaço”, refere Rita Baleiro, “há um amplo número de turistas que tem a ambição de retomar o espírito do viajante e de fazer da viagem um processo que contribua para o autoconhecimento e crescimento pessoal”.

É então graças aos escritores e aos seus textos literários, elementos fulcrais deste novo tipo de turismo cultural, que os viajantes cansados da “McDonaldização” das suas experiências turísticas – onde, por exemplo, uma estadia na Tailândia se tornou, de maneira exasperante, similar a uma viagem nas Caraíbas, sendo negadas aos turistas as especificidades de cada cultura e de cada terra – têm a oportunidade de contextualizar as realidades histórico-culturais e geográficas que visitam.

Este livro é portanto uma espécie de estado da arte do turismo literário, uma ponderação sobre a sua atual situação, que leva o leitor a estudar a representação do imigrante italiano em São Paulo, ou a analisar as derivas pós-coloniais na literatura de viagens ou, ainda, a viajar por diversos lugares graças às obras de Camilo Castelo Branco, Branquinho da Fonseca, José Saramago ou Jorge Amado.

 

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LusoJornal