LusoJornal | Mário Cantarinha

25 de Abril: 50 anos / 50 testemunhos – Joaquim Parente


Para mim, o 25 de Abril representa a Liberdade. E a Liberdade é a coisa mais bonita que podemos ter.

Eu estava há 20 dias em Lisboa. Tinha chegado de Santa Margarida, e cheguei à Escola Prática de Transmissões, na Graça de onde ia ser mobilizado para Timor.

O primeiro sentimento, sobretudo nos quarteis onde estávamos, com as sirenes todas a apitar, foi um sentimento de medo. Mas afinal tudo correu bem, sem uma gota de sangue. Foi o primeiro golpe de Estado em Portugal sem uma gota de sangue, toda a gente se rendeu. Em outros países, houve milhares de pessoas que perderam a vida em Golpes de Estado militares, como este. Em Portugal, não.

Esse foi um dia de Liberdade para as pessoas que estavam sem direitos, os prisioneiros políticos, e foi uma grande coisa. Antigamente não podíamos abrir a boca para falar do que estava mal.

A descolonização também foi uma coisa boa, exceto para Timor, já que a Indonésia invadiu o país. Mais tarde, também eu me associei em França à luta pela independência do povo timorense.

Talvez dois pontos menos positivos do 25 de abril: acho que foi Liberdade de mais. E acho que há pessoas que foram favorecidas com o 25 de Abril e outras não.

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Joaquim Parente

Radialista

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“25 de Abril: 50 anos / 50 testemunhos” é uma iniciativa do fotógrafo Mário Cantarinha, em parceria com o LusoJornal.

Mário Cantarinha escolheu 50 personalidades da Comunidade portuguesa de França, 25 homens e 25 mulheres. Alguns destes testemunhos já foram utilizados para uma exposição há 10 anos. O LusoJornal publica agora os 50 testemunhos, um por dia, até ao dia 25 de abril de 2024.