5 de maio, Dia Mundial da Língua Portuguesa

[pro_ad_display_adzone id=”46664″]

 

A Unesco decretou o dia 5 de maio como o Dia Mundial da Língua Portuguesa. O dia 5 de maio já vinha a ser celebrado desde 2005 pela CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) como dia da Língua Portuguesa e da Cultura mas a Unesco veio consagrar este dia e reconhecer a sua importância a nível mundial.

Língua falada oficialmente por 265 milhões de pessoas em 9 países – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste – presente em quatro continentes, terceira língua europeia mais falada no mundo e a primeira mais falada no hemisfério Sul, é a quinta mais utilizada no espaço da internet. Prevê-se que haja mais de 500 milhões de falantes no final do século! É portanto motivo para ser festejada!

Louvada seja a língua que navegou através dos séculos guardando na memória o falar dos povos que a criaram!

Foi celta nos tempos primórdios, foi grito na boca de Viriato combatendo os romanos nos montes Hermínios. Traído e derrotado, a língua do vencedor romano impera na Lusitânia. Toda a plebe acaba por falar vulgarmente o latim mas era sem contar com a chegada de um bando de bárbaros germânicos, viciosos godos, de elmos na cabeça que não eram nada suaves e que travaram uma guerra feroz acabando por se instalar nas terras lusitanas e galegas. Estes povos que nem por isso eram assim tão bárbaros, adotaram os modos e os falares e as crenças das gentes daquelas terras acrescentando o seu linguado guerreiro. Viveram assim tranquilamente três séculos até que dos Algarves cavalgaram os mouros que vieram se instalar no Al-Andalus como chamaram e diga-se a verdade também trouxeram a luz dos sábios esquecidos que iluminaram as trevas da Hispânia adormecida e trouxeram técnicas, agricultura e comércio e palavras nada alambicadas para as nomear: laranja, açúcar, arroz, alface, azeite e todas as palavras em al cuja mais conhecida é o Algarve, o Ocidente.

O reino de Portugal e dos Algarves pouco a pouco se fez, assim o quis o grande Afonso Henriques e o galego-português se implantou e seu descendente, rei e trovador, Dom Dinis, o oficializou e o encantou dando-lhe todo o seu amor nas catingas. Fernão Lopes nele a história contou, Garcia de Resende no Cancioneiro Geral o modernizou e João de Barros o normatizou. Assim renasceu o português!

Camões num brado épico o celebrou, Gil Vicente com ele brincou, Sá de Miranda em versos o sonetou, os navegadores portugueses o levaram aos quatro cantos do mundo, os jesuítas no Japão propagaram a fé e a língua. Palavras levaram e palavras trouxeram. Os japoneses agradecem, arigatô! Testemunha desta aventura no Japão foi Fernão Mendes Pinto que em nada mentiu, somente omitiu duas ou três coisas mas fica perdoado como bom peregrino que foi. O Padre António Vieira, os índios tupis-guaranis no Brasil, evangelizou.

O português infatigável assim continuou o seu rumo…

Foi romântico com Almeida Garret, histórico com Alexandre Herculano, perdidamente amoroso e mesterioso com Camilo Castelo Branco, farpado com Ramalho Ortigão, humilde com Antero de Quental, afrancesado com Eça de Queirós, impressionista com Cesário Verde, solitário com António Nobre, hermético com Fernando Pessoa, futurista com Almada Negreiros, dolorido com Mário Sá-Carneiro, musical com Camilo Pessanha, justiceiro com Miguel Torga, rústico com Aquilino Ribeiro, defensor do povo com Alves Redol, Manuel da Fonseca, sibilino com Agustina Bessa-Luís, encantador com Sophia de Mello Breyner, introspetivo com António Lobo Antunes e nobelizado com José Saramago! Mas tantos outros continuam a inová-lo, a inventá-lo a recriá-lo dentro e fora de Portugal!

Foi honorificado por Machado de Assis, popularizado por Jorge Amado e poetisado por Carlos Drumond de Andrade no Brasil. Foi crioulizado por Manuel Lopes e Baltasar Lopes em Cabo Verde, foi libertado por José Luandino Vieira, Pepetela, José Eduardo Agualusa e Ondjaki em Angola e foi reinventado por Mia Couto em Moçambique.

Cantado por Amália Rodrigues, Zeca Afonso, Chico Buarque, Bonga, Cesária Évora… o português não é de ninguém e é de todos nós, de todos os que o falam e o cantam nos quatro cantos do mundo!

Por isso viva a língua portuguesa que é o nosso pensamento, a nossa alma e o nosso futuro!

 

António Oliveira

Secretário Geral da ADEPBA

 

[pro_ad_display_adzone id=”41082″]