50 Anos do 25 de Abril : Joaquim Furtado leu o primeiro comunicado do MFA na rádio portuguesa


Joaquim Furtado, 75 anos, jornalista aposentado, de nacionalidade portuguesa, partilhou a sua trajetória profissional e “experiências históricas” numa entrevista ao LusoJornal na Universidade Jean Monnet, em Saint-Étienne.

Convidado pela professora Rosa Maria Fréjaville para uma conferência que assinalou os 50 anos da Revolução do 25 de abril de 1974, Joaquim Furtado esboçou uma perspetiva única sobre este período decisivo da história contemporânea portuguesa.

Nascido numa época em que a rádio constituía uma revolução tecnológica, Joaquim Furtado ficou cativado desde a adolescência pelo potencial deste meio de comunicação. A sua paixão pela rádio levou-o a abraçar a carreira jornalística, motivado pelo desejo de “envolvimento social e político”. A sua vocação confirmou-se quando integrou a Rádio Universidade, marcando o início de um longo percurso jornalístico.

Joaquim Furtado partilhou também com o LusoJornal a sua experiência direta no dia 25 de abril de 1974, um dia que mudou o curso da história portuguesa. Trabalhando no Rádio Clube Português, estação escolhida pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) como “a voz do movimento”, encontrava-se na linha da frente quando os militares tomaram o controle do estúdio e lhe pediram para ler o primeiro comunicado na antena. Sem conhecimento prévio do Golpe de Estado, Joaquim Furtado viu-se confrontado com uma situação onde, após um breve período de incerteza, teve as garantias das “intenções democráticas” do MFA: a queda do regime, o fim da guerra colonial, a libertação dos presos políticos, a abolição da PIDE e da censura.

Joaquim Furtado não foi, pois, apenas uma testemunha da Revolução, mas foi também participante dessa noite histórica, ao ler o primeiro comunicado do Movimento das Forças Armadas na rádio.

Essa experiência, bem como o seu completo trabalho sobre a guerra colonial numa série documental de 42 episódios para a RTP (Rádio e Televisão de Portugal), sublinham a importância da memória e da narrativa na compreensão do nosso passado recente.

A intervenção de Joaquim Furtado na Universidade Jean Monnet foi uma oportunidade de reflexão sobre o impacto duradouro do 25 de Abril, não apenas para Portugal, mas também como um exemplo da “busca universal de liberdade e de justiça”.