LusoJornal / Cristina Miranda Home Opinião A ausência de galerias vindas de Portugal foi evidente na Art ParisJoão Pinharanda·15 Setembro, 2020Opinião Justifica-se aqui um balanço da Feira Art Paris que vos referi a semana passada e que terminou domingo. Depois da edição online, durante o confinamento, que então aqui referimos como muito frágil no que respeitava à representação portuguesa, parecia, pela comunicação da versão “ao vivo” que foi enviada à imprensa, que essa falha tinha sido corrigida. A ausência de galerias vindas de Portugal continuava evidente (apenas a jovem FOCO, de Lisboa, propriedade de um galeria francês, fez esse esforço) mas as galerias parisienses que representam artistas portugueses, anunciavam apresentá-los. Afinal, nenhum deles estava visível nas paredes dos seus stands e, não fora a histórica Jeanne Bucher/Jeager, mal se teria percebido o destaque anunciado. Algumas obras magníficas de Vieira da Silva e Arpad, pinturas de Michael Biberstein e Rui Moreira, mas principalmente o enorme destaque dado às esculturas de Miguel Branco sustentavam essa presença. Fragilidades do mercado nacional e pouca implantação dos artistas portugueses no mercado francês não justificam investimentos ou riscos maiores da parte das galerias portugueses e franceses, mas a crise sanitária e a dimensão menor desta Feira podem também justificar este balanço. Esta é uma situação que a nova estratégia da Fundação Calouste Gulbenkian, através da sua delegação em Paris, poderá ajudar a reverter apoiando de modo explicito a presença de artistas portugueses em prestigiadas instituições francesas. Dando corpo à sua nova estratégia a Gulbenkian atribuiu 125.000 euros a 8 propostas de exposição de artistas ou temas portugueses na temporada de 2020-2021. A saber: o Centre Photographique d’Île-de-France, de Pontault-Combault, apresentará uma exposição monográfica de Sandra Rocha, fotógrafa já há alguns anos estabelecida em Paris e com uma obra que vem progressivamente a ser reconhecida; In Extenso – Lieu d’art contemporain, de Clermont-Ferrand, receberá “Tools for Living”, exposição individual de Andreia Santana; o Festival Circulation(S), que se desenrola em Paris, terá um Focus Portugal na sua edição de 2021; o Creux de l’enfer, em Thiers, apresentará, sob o título «Mur mur» (fazendo, em francês, o trocadilho fonético entre muro, dito e escrito duas vezes, e murmúrio), obras de Francisco Tropa, de todos os apoiados o mais conhecido dos meios franceses; a Villa Arson, em Nice, dará carta branca a um programa comum de João Fiadeiro, coreógrafo português et Violaine Lochu, artista performer francesa; o Centre d’art contemporain Le Lait, em Albi, apresentará «Langages tissés» de Isabel Carvalho; a Ecole nationale supérieure d’arts de Paris-Cergy associada ao Centre d’art Ygrec, que gere, apresentará Ângela Ferreira, artista já com alguma circulação no país; e, finalmente, o Institut National d’Histoire de l’Art (INHA), sediado em Paris, será palco de uma coletiva intitulada «Résistance Visuelle Généralisée: Livres de photographie et mouvements de libération (Angola, Mozambique, Guinée-Bissau, Cap-Vert) de 1960 à 1980», organizada por duas investigadoras portuguesas instaladas nas universidades franceses. Precedendo a esperada Saison Croisée / Temporada Cruzada França-Portugal, que a Covid adiou de 2021 para 2022, esta primeira vaga permitirá preparar, do lado das artes visuais e performativas, o que se espera possa vir a ser em 2022 e nos anos seguintes uma presença ainda mais vasta e sustentada de artistas portugueses no contexto cultural francês. Boas escolhas culturais e até para a semana. Esta crónica é difundida todas as semanas, à segunda-feira, na rádio Alfa, com difusão antes das 7h00, 9h00, 11h00, 15h00, 17h00 e 19h00. [pro_ad_display_adzone id=”41082″]