Portugal participou no Congresso Internacional de Astronáutica em Paris

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As empresas portuguesas tiveram a maior presença de sempre no Congresso Internacional de Astronáutica, que se realizou este ano em Paris até quinta-feira desta semana, com uma aposta na sustentabilidade do espaço.

“Estamos num momento muito importante do desenvolvimento desta nova era da economia espacial. Olhamos para o espaço no domínio do conhecimento, mas o espaço também é uma área de desenvolvimento de tecnologia e de negócio. E Portugal tem de se posicionar”, disse o Presidente da Agência Espacial Portuguesa, Ricardo Conde, em declarações à Lusa.

É sob a égide da Agência Espacial Portuguesa que seis empresas portuguesas estiveram em Paris, com espaço luso no 73º Congresso Internacional de Astronáutica, uma das maiores mostras mundiais de setor espacial, que recebeu cerca de 6.500 visitantes vindos de todo o mundo, com 250 empresas e entidades públicas a exporem as últimas novidades no que diz respeito à inovação no espaço.

A empresa portuguesa GeoSat posiciona-se neste encontro mundial procurando novos clientes para os seus serviços de mapeamento espacial, mas também ela própria como cliente, já que vai prosseguir a expansão da sua constelação de satélites, tendo atualmente dois, após ter assinado um acordo de 137 milhões de euros no âmbito do PRR.

“Estamos à procura de novas oportunidades de negócios e novos parceiros com quem possamos chegar ao mercado, especialmente em diferentes mercados verticais como agricultura, mercado financeiro, gestão do território, e posicionamo-nos também como clientes de alguns subsistemas que não são desenvolvidos em Portugal e que vamos necessitar para os próximos satélites”, indicou Francisco Vilhena da Cunha, Presidente executivo (CEO) da GeoSat, que já trabalha com entidades na Europa, América Latina e Ásia.

Também a Neuraspace, que leva a cabo gestão de tráfego espacial, esteve nesta mostra à procura de novos clientes, tendo como ambição tornar o espaço mais seguro e mais sustentável. “Nós gerimos o lixo espacial, mas também satélites ativos, porque precisamos de ter a certeza que eles não colidem uns com os outros. O que nós fazemos é gestão do tráfego espacial, mas sobretudo ter a certeza que o espaço é um lugar seguro. Com a economia do espaço a crescer até um trilião em 2040, só conseguiremos lá chegar se esta atividade for sustentável”, declarou Chiara Mafletti, Diretor das operações da Neuraspace e ainda Presidente da Agência Espacial Europeia.

Neste encontro estiveram também as empresas portuguesas AIR Centre, TEKEVER, Lusospace e OMNIDEA. Os Açores marcam presença com a Estrutura de Missão dos Açores para o Espaço, tentando angariar empresas que queiram usar o arquipélago como base de lançamentos. “Há algum interesse e curiosidade em perceber os próximos passos, mas estamos muito recetivos a mostrar a região. Existem já algumas empresas que têm interesse em realizar testes nos Açores e estamos a trabalhar no sentido que as coisas se façam de forma coerente, segura e sustentável”, declarou Paulo Quental, coordenador desta estrutura.

Mais do que uma moda ou uma corrida ao espaço, é importante para Ricardo Conde que este setor continue a desenvolver e a mostrar a sua utilidade para os países e que continua a atrair investimento que vise um futuro mais sustentável.

“Não devemos apostar no espaço porque é ‘sexy’ ou porque está na moda, temos de olhar para os problemas com que estamos confrontados e perceber se o espaço é uma componente para compreender o que se passa, por exemplo, Portugal sofre com as alterações climáticas ou questões de gestão do território, isto tem de ser feito de cima e o espaço permite-nos isso”, concluiu.

 

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LusoJornal