A associação “Des Ailes pour le Portugal” continua a ajudar a associação ASAS em Santo Tirso

A associação “Des Ailes pour le Portugal”, com sede em Saint Herblain (44), nos arredores de Nantes, enviou no fim de semana passado mais uma carrinha com material que recuperou em França e que entregou na associação ASAS em Santo Tirso.

Tudo começou quando Elisabeth Barbosa tomou conhecimento que um primo foi institucionalizado e entregue à associação ASAS. Numa primeira fase, Elisabeth Barbosa queria recuperar a criança, mas o processo já tinha transitado pelo Tribunal. Mesmo assim, descobriu a instituição e compreendeu que necessitava de ajuda.

De regresso a Nantes, criou a associação “Des Ailes pour le Portugal” para apoiar aquela instituição e “desde então não parámos de crescer porque as crianças devolvem-nos com um sorriso”.

Habitualmente a associação envia para Portugal produtos alimentares que se conservam, produtos de higiene, material escolar, material paramédico, roupas, brinquedos,… “Quando temos donativos em dinheiro, mandamos comprar por exemplo frutas e legumes lá em Portugal, mas também já mandámos comprar um computador, auscultadores e até uma televisão porque a televisão deles avariou durante o confinamento” explica Elisabeth Barbosa numa entrevista “live” ao LusoJornal. Desta vez seguiram sacos com roupa, uma cadeira de rodas e produtos de higiene.

 

Uma instituição de apoio às crianças

“A ASAS é uma associação que já existe desde 1994 e a sua principal missão é acolher e proteger crianças e jovens principalmente dos concelhos de Santo Tirso e da Trofa” diz ao LusoJornal Gilda Torrão, a Diretora da instituição que acolhe 58 crianças divididas por três casas. “São crianças que não têm família ou que têm uma família destruturada, são crianças abandonadas, maltratadas, negligenciadas de uma ou de outra forma, em que a Segurança social e o Tribunal, por causa dos maus tratos de que essas crianças são vítimas, retiram-nas às famílias e confiam-nas à associação”.

A ASAS tem uma casa onde acolhe 24 crianças dos 0 aos 6 anos, outra casa que acolhe crianças dos 6 aos 12 anos e uma outra casa para jovens dos 12 aos 18 anos. “Temos mais dois apartamentos de autonomia onde moram 4 jovens em cada um deles. São jovens que já estão a preparar-se para uma vida autónoma e independente, sem retaguarda familiar” explica Gilda Torrão.

Para além das 58 crianças que moram nas casas da ASAS, a instituição acompanha mais de 300 crianças nas suas próprias casas. “Nós damos apoio a crianças que estão nas suas próprias casas, e porque têm um acompanhamento insuficiente, nós temos duas equipas que lhes dão apoio”.

A Diretora da ASAS considera importante a ajuda da associação Des Ailes pour le Portugal. “Eles são brilhantes, são formidáveis, é muito bom que uma associação se tenha unido ao nosso projeto, porque confiou no nosso trabalho. Eles vieram visitar a instituição, nós não nos conhecíamos, e foi por confiança no nosso trabalho que eles decidiram apoiar-nos”.

Elisabeth Barbosa explica que por vezes recebem donativos em dinheiro. “Nesse caso, nós compramos material, tiramos fotografias às faturas e enviamos para quem nos deu o dinheiro, para elas saberem onde gastámos o dinheiro”.

 

Cursos de português

Mas a associação decidiu também criar atividades para recolha de fundos. Para tal, abriu dois cursos de português – um em Saint Herblain e outro em Chôlet – e está em estudo a abertura de um terceiro curso.

“Temos muitos pedidos para cursos de português, porque aqui na região só há aulas de português na universidade” argumenta Elisabeth Barbosa. A associação recorre a um professor – “o único assalariado da associação” – e “tivemos muito retorno positivo. No primeiro ano tínhamos só 55 alunos e no segundo 135 alunos. Com a Covid-19 penso que no próximo ano teremos um pouco menos alunos, mas já temos 70 inscritos” disse ao LusoJornal.

Se tudo correr bem e se a associação conseguir uma sala, em setembro começará um novo curso em La Roche-sur-Yon.

 

Uma viagem a França

No próximo ano, entre os dias 25 de março e 1 de abril de 2021, a associação Des Ailes pour le Portugal, vai acolher um grupo de 12 adolescentes e 3 animadores da ASAS que vêm passar férias em França. A ideia de acolher os jovens em casas de família teve de ser abandonada porque o Tribunal só os autorizou a sair se ficassem num albergue. “Mas temos muitas atividades previstas, até porque estamos junto ao mar. Durante a estadia deles, vamos organizar também um concerto caritativo, no dia 27 de março, em Nantes” conta Elisabeth Barbosa. Os artistas Manuel Campos, Lyana, Christophe Malheiro, Marco – que participou em The Voice Kids – e o conjunto Amizade, de Cholet, já confirmaram a presença.

Gilda Torrão diz que “para a ASAS sobrou a parte mais fácil, porque o maior trabalho foi da associação Des Ailes pour le Portugal. Nós ficámos com a parte melhor que é alegria, a euforia, os saltos quando nós anunciámos às nossas crianças que podemos ir a França” disse ao LusoJornal. “O trabalho burocrático junto dos tribunais também foi uma parte difícil, porque é o tribunal que deve decidir em tempo útil se os jovens podem viajar”.

 

Um apelo para todos

Elisabeth Barbosa nasceu em Nantes, filha de mãe francesa o pai português, de Rio Tinto, nos arredores do Porto. “Para já queremos ajudar esta instituição, mas se um dia pudermos ajudar outras, porque não?” diz ao LusoJornal. No entanto acrescenta que “nós temos um acordo com a associação ASAS e quando eles tiverem coisas a mais, por exemplo roupas ou brinquedos, eles próprios podem doar a outras instituições”.

Gilda Torrão recomenda a todos que estejam atentos às crianças que nos rodeiam. “Estejam atentos aos sinais das famílias que vos rodeiam que, por vezes, não estão bem, precisam de uma palavra amiga ou de alguém que lhes dê a mão. Essa é a nossa principal mensagem, estejam atentos, estejam todos atentos porque as crianças precisam de nós”.

Gilda Torrão também disse ao LusoJornal que “por vezes, com muito pouco, se pode fazer uma grande diferença. Nós tivemos aqui um menino a passar dificuldades e com a oferta de uma cadeira de rodas e de uma cama articulada, nós podemos melhorar a qualidade de vida das crianças”.

 

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