Alberto Trindade Martinho apela às novas gerações para investirem em Portugal, o país dos pais

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Alberto Trindade Martinho, doutorado e docente em antropologia, especialista no tema da emigração, nasceu na aldeia mais alta de Portugal no Sabugueiro (Seia). Depois de uma licenciatura em Ciências Sociais e Políticas na Universidade de Lisboa, mestrado na Universidade de Aix-Marseille, fez um doutoramento em Antropologia Social e Cultural na Universidade de Nice.

Tem numerosas publicações relacionadas com o tema da emigração portuguesa, muito especialmente sobre a segunda geração e tem também publicações com temas relacionados com a região onde nasceu e onde vive.

Colaborou, conjuntamente com José Manuel Nunes Campos, no livro “Contrabando e emigração numa aldeia raiana – Foios”.

Na entrevista que concedeu ao LusoJornal, falou das repercussões sociais, económicas e culturais da emigração sobre Portugal nos 70 últimos anos.

O avô de Alberto Trindade Martinho emigrou clandestinamente, a partir do porto de Leixões para os Estados Unidos, assim como os tios – o pai não chegou a emigrar tendo falecido muito novo.

No início da sua carreira, Alberto Martinho começou, como ele próprio diz, por “desbravar sobre temas relacionados com os concelhos da Guarda e do Sabugal”. Depois destes primeiros estudos, o professor Vitorino Magalhães Godinho convidou-o a partir para França a fim de estudar o fenómeno da emigração portuguesa, nomeadamente sobre a vertente da segunda geração.

Foi, por assim dizer, a primeira vez que este tema era abordado a nível de um estudo. Desta pesquisa, inquéritos pessoais e em estruturas relacionadas com os Portugueses, em colaboração com os especialistas Michel Poignard e Michel Oriol, nasceram, entre outros, estudos sobre aquela categoria de emigrantes portugueses, que conduziram ao mestrado em 1986 na Universidade de Aix-Marseille e num segundo tempo ao doutoramento.

Destes estudos, Alberto Trindade Martinho conclui que a maior parte dos jovens da segunda geração desejavam ficar em França, havendo contudo uma certa corrente do “cá e lá”, querer-se trabalhar em França mas também em Portugal.

Este mesmo “cá e lá” que encontramos atualmente por parte dos avôs que estão a residir em Portugal mas que vão a França por razões durante alguns meses pessoais mas por vezes para tomar conta dos netos em certos períodos do ano.

O “cá e o lá”, Alberto Trindade Martinho diz ser cada vez mais de atualidade, fenómeno do tempo presente: “Jovens que por vezes vêm de França estudar em Universidades e Politécnicos a Portugal, muitos estão a ajudar a transformar as aldeias de seus pais, investindo, puxando por elas economicamente e a nível turístico, tanto mais que com os meios informáticos atuais pode-se trabalhar de cá para lá e de lá para cá, também a isto podemos considerar no darmos o salto, é de isso o meu exemplo com a criação de um empreendimento turístico, implantação de energias renováveis, eólicas e solares, criação de emprego em coisas novas, para além do setor do emprego primário, tudo isto deverá transformar as nossas aldeias e fazer evoluí-las evitando de estarem dependentes, em grande parte, das reformas: por exemplo 45% dos dinheiros entrados nos Foios vêm das reformas de cá e de lá, em Loriga esse dado é de 50%… há também por parte das gerações atuais o desejo de se conhecer o Portugal moderno das cidades e da zona litoral”.

O fenómeno da migração permitiu de uma certa maneira “um rejuvenescimento nas aldeias. Os jovens que por cá ficaram passaram pelas Universidades e pelos Politécnicos, Portugal dotou-se de um certo saber científico e tecnológico que tem sido importante e que vai ser importante para o futuro das nossas aldeias, as novas tecnologias vão permitir intercâmbios entre Portugal e o exterior, processos de trabalho à distância, como por exemplo a Suécia em que em 1978 já 24% do trabalho era feito em casa” disse ao LusoJornal.

“Por outro lado os autarcas começaram a ver os emigrantes como uma chance e não só como gente a que temos que sacar dinheiro que trazem, mas sim acolhê-los como os novos turistas, que deixam cá o dinheiro mas que também por cá, fazem investimentos, não sendo uma espoliação do emigrante mas sim uma integração. A emigração tem tido economicamente uma importância extraordinária com a entrada nestes últimos anos de 3 biliões de euros nos cofres de Portugal”.

Alberto Trindade Martinho terminou por fazer um apelo tanto aos autarcas como aos jovens fora de Portugal para que “tirem proveito dos financiamentos europeus com ajudas que podem ser obtidas através do programa europeu 20/20, há imenso dinheiro que as pessoas não se dão conta que existe, incentivos que são igualmente feitos pela Secretaria de Estado das Comunidades para quem desejar regressar e do programa de Bruxelas que passa a ser 20/30 para financiar o tecido produtivo… é bom que os meios de comunicação, como o vosso jornal, façam apelo e divulguem estas ajudas que se podem obter através de fundos europeus aliados a boas condições locais em Portugal em todos os setores de produção”.

Alberto Trindade Martinho é alguém que sabe, alguém que estudou, alguém que investiu, alguém que acredita nos que estão em Portugal, mas também nos que estão lá fora, uma pessoa otimista que vê a emigração como “uma grande chance para Portugal e para o seu futuro”.

Vver a entrevista AQUI.

 

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