LusoJornal / Mário Cantarinha

Associação lembra em agosto a passagem da fronteira de Vilar Formoso “a salto”

A Associação de Exilados Políticos Portugueses vai organizar em agosto, em Vilar Formoso, umas jornadas socioculturais que destacam a passagem da fronteira “a salto”, por milhares de Portugueses, nos anos da ditadura e da guerra colonial.

As jornadas estão marcadas para os dias 10 e 11 de agosto para a vila fronteiriça de Vilar Formoso, concelho de Almeida, distrito da Guarda, e pretendem ser uma homenagem a todos aqueles que atravessaram a fronteira “a salto” (de forma clandestina) e “corriam risco de prisão ou expulsão”.

O Presidente da Associação de Exilados Políticos Portugueses (AEP61-74), Fernando Cardoso, disse à Lusa que, no dia 10 de agosto, está prevista a presença, num colóquio, dos historiadores Irene Pimentel e Pacheco Pereira, e de Ana Gomes.

O programa do primeiro dia da iniciativa também inclui, entre outros momentos, a projeção do filme “O Trilho do Poço Velho”, de Luís Godinho, e a apresentação de um livro.

No segundo dia, 11 de agosto, terá lugar a marcação e o percurso de um dos antigos trilhos do “salto” (trilho do cruzeiro) até à localidade espanhola de Fuentes de Onõro e a colocação, na zona da alfândega de Vilar Formoso, de uma placa alusiva à passagem “a salto” da fronteira.

Fernando Cardoso disse à Lusa que a ideia para a iniciativa que a AEP61-74 vai realizar em Vilar Formoso surgiu no decurso de um projeto intitulado “Os Trilhos do Salto”, que tem como objetivo “produzir pequenos documentários sobre as cinco ou seis zonas de passagem de fronteira” que os exilados utilizavam durante a ditadura. Já foi produzido o primeiro filme, “O Trilho do Poço Velho”, com realização de Luís Godinho, precisamente sobre a passagem em Vilar Formoso.

“Também porque Vilar Formoso foi o ponto de passagem mais importante quer para exilados quer para emigrantes económicos”, acrescentou o responsável, lembrando que “a maior parte da emigração na Europa”, nos anos de 1960/70, praticou a modalidade do “salto”.

Segundo o responsável, o “salto” era realizado essencialmente de dois modos: “Ou através de um passador ao qual se pagava uma quantia (na época 5.000 ou 7.000 escudos). Esse passador conduzia um grupo até Paris, por exemplo, ou dava, após a passagem da fronteira entre Portugal e Espanha, indicações concretas como chegar a França. Ou os ‘saltadores’ poderiam utilizar umas das redes de passagem já organizadas quer pelo PC [Partido Comunista] quer pela extrema-esquerda”.

A organização espera reunir várias dezenas de pessoas em Vilar Formoso, nos dois dias das jornadas socioculturais, adiantando o Presidente da Associação de Exilados Políticos Portugueses que, até ao momento, estão inscritas “cerca de 60”.

A iniciativa tem o apoio da Câmara Municipal de Almeida, da Junta de Freguesia de Vilar Formoso e do Ayuntamiento de Fuentes de Oñoro (Espanha).

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