Associações portuguesas em França ‘salvam’ eleições para o Conselho das Comunidades

Dezenas de pessoas votaram ontem no Consulado-Geral de Portugal em Paris, muitas delas motivadas pelas associações de portugueses na região Île-de-France, e com os candidatos a assegurarem defender o movimento associativo luso em França.

“Soube desta eleição porque faço parte da associação de portugueses na minha cidade. Eu não ouvi falar destas eleições em mais sítio nenhum. Do que eu sei, os Conselheiros facilitam a resolução dos problemas que podemos ter cá e podemos pedir a sua ajuda. É muito mais interessante ter alguém aqui com quem podemos falar diretamente”, disse Aida, uma eleitora portuguesa, em declarações à Lusa.

Aida veio ontem de manhã de Les Ulis, a cerca de 20 quilómetros de Paris, para votar no Consulado-Geral de Portugal e tal como muitos dos eleitores com quem a Lusa falou ontem de manhã, soube desta eleição através da associação local de portugueses. Para Paulo Marques, cabeça de lista da lista A, candidata em Paris, o papel das associações é “essencial”.

“As associações são essenciais, mas estas associações já não contam com Portugal e é por isso que muitas vezes muitas associações portuguesas não são conhecidas das autoridades. Nós vamos aproveitar as eleições de 10 de março para pedir aos Partidos políticos em campanha, aos futuros Deputados, diretrizes para a Comunidade portuguesa, como mais apoios para estas associações”, declarou.

A lista B diz que há “movimento” no Consulado, mas lembra que muitas pessoas não estão inscritas para votar e que isso dificultou mesmo a elaboração das listas.

“Há algum movimento e já houve alguns votantes. Nós tivemos pouco tempo para preparar as listas. O problema é que há muitas pessoas que pensam que estão inscritas e afinal não estão. Até para fazer a lista tivemos de substituir pessoas por causa disso!”, explicou António Oliveira, membro da lista B.

A rádio Alfa, rádio que emite em FM na região de Paris, foi também uma das formas de os eleitores portugueses saberem que este domingo poderiam votar nos seus Conselheiros para os próximos quatro anos. “Tenho uma amiga que está na lista e essa pessoa está na associação na minha cidade. Mas fora disso, também ouvi na rádio Alfa, que oiço todos os dias. Também conheço alguns eleitos locais aqui em França, portanto sabia bem que estas eleições iam acontecer”, declarou Carlos, que veio de Palaiseau, a cerca de 40 minutos de Paris.

Para as autoridades portuguesas, esta votação está a decorrer dentro da normalidade e com “boa adesão”.

“A votação está a correr bem, dentro das expectativas. Estamos a ter uma boa adesão, está tudo montado e organizado e é tudo muito positivo. Nós estamos preparados para acolher todos os portugueses que querem votar e encorajamos todos a virem votar. Temos sempre pessoas a chegar, desde as oito da manhã, e se continuar assim teremos uma excelente participação”, declarou Filipe Ramalho Ortigão, Cônsul-Geral Adjunto em Paris.

O Consulado-Geral de Paris contou com cinco mesas nas suas instalações e na área consular de Paris, que abrange outras regiões, há ainda outras duas mesas, uma em Orleães e outra em Tours. Em França, todos os Consulados têm cadernos em papel para estas eleições para o Conselho das Comunidades, o que não permitiu multiplicar as mesas de voto e tem um impacto ambiental importante.

“A desmaterialização dos cadernos eleitorais já foi posta em prática numa eleição anterior, foi uma experiência muito positiva em termos de organização da eleição, já que nos poupou a impressão de algum papel. Permitiria sim, o desdobramento das mesas, desde que estejam reunidas todas as condições. É uma excelente medida em termos ambientais e para levar o voto mais próximo da Comunidade”, indicou Filipe Ramalho Ortigão.

Com mais ou menos participação e quem quer que ganhe, a Comunidade portuguesa em França está confiante que estará bem representada no Conselho das Comunidades. “Eles defendem os nossos interesses, nós sabemos quem são e temos a convicção que são pessoas que vão no bom sentido. Soubemos desta eleição através da associação de portugueses ao pé de nós e muita gente virá votar hoje da nossa associação. Fizemos ainda um longo trajeto, mas tudo vale a pena quando a alma não é pequena”, concluiu Ilda, que veio de Corbeil Essones só para votar em Paris.