Audiência no Tribunal Administrativo com os pais de alunos e Direção da Cité scolaire internationale de Lyon

O ensino da língua portuguesa, assim como o de outras línguas, na Cité Scolaire Internationale (CSI de Lyon), nas suas respetivas seções, corre o risco de ver anulado certos patamares de ensino como o LV2 (ensino de uma segunda língua viva) e o LV3 (ensino de uma terceira língua viva).

Na terça-feira da semana passada, dia 17 de junho, no Tribunal Administrativo de Lyon, decorreu uma audiência de cerca de uma hora e meia, com os pais de alunos de várias nacionalidades, representados pela advogada Mailly Conte, de Lyon. Foram apresentadas supostas irregularidades de processo e a queixa formulada pelos pais dos alunos. Foram levantadas também os erros de processo da Direção da CSI que apresenta o seu projeto de fusão das LV2 e LV3 sem concertação em reuniões, sem votação, assim como todas as diretivas que quer impor a todas as seções, a partir de setembro próximo, sem mesmo consultar a Reitoria e o Ministério.

«A Direção de CSI, composta por Florence Geib, Aurélie Speed et Myriam Bekkari, tem um comportamento inexplicável e não tem nada de democrático. Elas decidem, cortam e rasgam e não nos põem ao corrente das suas decisões, nem marcam reuniões. Isto é intolerável” disse Roberto, pai de dois alunos na CSI, na Secção Polaca.

A Secção portuguesa estava representada por apenas uma mãe de duas alunas, e também pelo Conselheiro das Comunidades Portuguesas Jorge Campos que muito se “preocupa” pelo ensino da língua portuguesa na região de Lyon, sabendo que, na Secção estão inscritos cerca de 120 alunos lusófonos, mas de várias nacionalidades, desde Brasileiros, Angolanos, Caboverdianos, entre outros.

“Ou por desinteresse, ou por não terem tido conhecimento desta audiência, só havia perto de quarenta pessoas presentes na sala de audiências” diz Jorge Campos.

Depois de ouvir as duas partes adversas, o Juiz e o seu auxiliar, anunciaram que a resposta a esta audiência terá lugar em setembro próximo.

“Estas decisões têm de ser tomadas e devem ser tomadas no Conselho de administração da CSI, onde figuram todos os elementos do Conselho e não apenas da Direção. São muito importantes as decisões tomadas e refletem bem a irresponsabilidade que as anima para tomarem estas decisões unilaterais e que só trazem prejuízo aos alunos e aos pais dos alunos. Nós não vamos ficar por aqui, pois se em setembro a decisão não for a nosso favor, certamente que vamos novamente recorrer junto do Tribunal Administrativo” disse a advogada Milly Conte que também é professora na Universidade de Lyon 2.

A ideia final de tudo isto é que a fusão e a supressão pela Direção dos níveis LV2 e LV3, fará com que os alunos só terão a possibilidade de estudarem a língua materna e talvez uma segunda língua à escolha, mas não a possibilidade de optarem por quatro línguas no final, como era feito até agora.

“A Comunidade portuguesa na Região de Lyon tem esta possibilidade, dos filhos seguirem os seus estudos na Secção portuguesa na CSI. Sendo perto de 50 mil a residirem no grande Lyon, são muito poucos os que frequentam a Secção. Sabendo que nas inscrições é necessário saber já falar e compreender o português, o que limita muito os candidatos. Na maioria, excluindo os recém-chegados, sem falar português ou então num nível muito inaceitável para as exigências da Secção e da CSI” explica o Conselheiro das Comunidades Jorge Campos.

“Nós, em casa, quase nunca falámos em português, somos portugueses, mas não fazemos o esforço de comunicar esses valores, os da língua e da cultura, aos nossos filhos. Porquê? Não sei explicar… talvez por comodismo ou por qualquer outra razão” disse o pai de um aluno, o senhor António.