Lusa | Miguel A. Lopes

Benfica empata em Toulouse e segue para os ‘oitavos’ da Liga Europa


O Benfica empatou ontem sem golos em Toulouse e apurou-se para os oitavos de final da Liga Europa de futebol, mas com uma exibição frouxa e com a ‘estrelinha’ da sorte do seu lado.

De resto, a abordagem do Benfica à partida foi, desde logo, muito temerosa, sem assumir e controlar o jogo, permitindo que o Toulouse, 13º classificado da Liga francesa, se instalasse no seu meio-campo e começasse a criar lances de envolvimento que levavam perigo à área ‘encarnada’.

Aos 19 minutos, Bah ‘deu o corpo às balas’ e evitou que Suazo abrisse o marcador, ao surgir completamente solto junto ao segundo poste, e nem as substituições forçadas feitas pelo treinador do Toulouse, de Diarra e Desler, devido a lesão, quebraram a dinâmica ofensiva dos franceses, muito precipitados na finalização das jogadas.

O Benfica deu sinal de vida apenas aos 24 minutos, quando David Neres conseguiu infiltrar-se até à linha de fundo e assistir para Rafa, cujo remate saiu por cima da barra, mas três minutos depois o Toulouse desperdiçou oportunidade soberana, por Nicolaisen, com uma cabeçada à entrada da pequena área que Trubin sacudiu por instinto.

Só a partir da meia hora de jogo o Benfica conseguiu estabilizar o seu jogo, com controlo da bola, a marcar os ritmos, a subir em bloco e a forçar o Toulouse a defender mais no seu meio-campo, e aos 33 minutos, pela primeira vez, criou um desequilíbrio com uma aceleração de Bah na linha, com Di María a falhar por centímetros o desvio da bola para o fundo das redes.

No melhor período de jogo do Benfica, António Silva teve a oportunidade de inaugurar o marcador, aos 45+1 minutos, a passe de Di María, mas não foi capaz de desfeitear o guarda-redes Restes, que fez a mancha e evitou o golo.

Para a segunda parte, Roger Schmidt decidiu proceder às entradas de Carreras e Arthur Cabral para os lugares de Morato e Tengstedt, alterações que tiveram o condão de piorar a equipa, torná-la mais permeável na defesa perante o maior balanceamento ofensivo do Toulouse, que tinha de arriscar para chegar ao golo e tentar inverter o rumo da eliminatória.

Valeu ao Benfica a falta de eficácia dos jogadores franceses, umas vezes, noutras a ‘estrelinha’ da sorte, e noutras ainda o guarda-redes Trubin, e começou logo aos 47 minutos, quando Sierro, com tudo para fazer o golo, rematou à figura do guarda-redes ucraniano.

Aos 52 minutos, foi Otamendi a salvar para canto uma bola para golo, ‘tirando o pão da boca’ a Dallinga, mas a oportunidade mais escandalosa surgiria aos 55, quando o médio neerlandês Spierings cabeceou a rasar o poste, na pequena área, um cruzamento, só com Trubin pela frente.

O golo do Toulouse parecia iminente, perante um Benfica incapaz de segurar o jogo e um treinador incapaz de tomar decisões, e valeu mais uma vez Trubin a defender por instinto um remate do mesmo Spierings, aos 66 minutos.

Percebendo que o golo francês estava iminente, Roger Schimdt trocou David Neres pelo médio norueguês Aursnes, e a verdade é que a equipa conseguiu, pelo menos, ficar mais equilibrada e com maior capacidade para segurar a bola e quebrar o ímpeto dos jogadores gauleses.

No entanto, a equipa teve de sofrer até ao fim porque o Toulouse nunca desistiu e, mesmo no período de compensações, obrigou Trubin a garantir o ‘nulo’ e a passagem aos oitavos de final da Liga Europa.

Não obstante, o Benfica foi uma equipa temerosa, sem personalidade para controlar e pegar no jogo, excessivamente permeável em algumas fases, uma sombra da equipa que fez grandes exibições na época passada, na Liga dos Campeões.

A colocação de João Mário no duplo ‘pivô’ a meio-campo, com João Neves, foi falhada, porque nunca conseguiu equilibrar a equipa, compensando a aposta em três jogadores de características ofensivas como Neres, Di María e Rafa, tal como as alterações que introduziu após o intervalo, com as entradas de Carreras e Arthur Cabral para os lugares de Morato e de Tengstedt.

.

Declarações na flash-interview

Roger Schmidt (Treinador do Benfica):

“Jogámos o suficiente para passar e atingimos o objetivo. Estamos felizes, pois passámos. Tivemos duas ou três oportunidades na primeira parte para marcar, o que seria útil. Na segunda parte, tivemos algumas dificuldades, não encontrámos os momentos certos para as transições e no fim tivemos de defender. Estamos felizes por estar na fase seguinte.

No futebol temos de ser tecnicamente espertos. As segundas mãos de jogos internacionais são difíceis, as equipas arriscam mais, como aconteceu hoje. Lutam mais.

[João Neves e António Silva jogaram após a morte de familiares] A situação afetou toda a equipa, a preparação não foi fácil, não como num jogo normal, é claro. Tenho grande respeito por ambos, por estarem disponíveis para jogar num desafio difícil, mantendo o foco competitivo. Toda a equipa deu tudo para os apoiar. No fim, é bom que possamos passar à próxima fase”.

Álvaro Carreras (jogador do Benfica):

“Passámos, portanto estamos contentes. Procurámos seguir em frente e agora esperamos pelo próximo desafio.

O treinador não nos pediu nada de especial ao intervalo. Era seguir com o que estava planeado e conseguimos. Agora, vamos lutar nesta competição até ao fim, jogo a jogo.

Adaptei-me rapidamente desde o primeiro momento em que cheguei a Portugal. Estou contente por estar aqui”.

Alexander Bah:

“Estamos desapontados por não jogarmos como queríamos, mas estamos felizes por termos passado, após um jogo difícil. Conseguimos passar, que é o mais importante.

.

Toulouse 0-0 Benfica

Jogo realizado no Estádio Municipal de Toulouse

Árbitro: Maurizio Marinai (Itália)

Ação disciplinar: Cartão amarelo para Donnum (15 min), Suazo (74 min), Kamanzi (83 min) e Bah (84 min).

Toulouse: Restes, Desler (Kamanzi, 30 min), Nicolaisen, Logan Costa, Moussa Diarra (Keben, 23 min), Spierings, Sierro, Donnum, Gboho (Magri, 80 min), Suazo (Babicka, 80 min) e Dallinga. Suplentes: Domínguez, Lacombe, Cissoko, César, Kamanzi, Magri, Schmidt, Skyttä, Cásseres, Keben e Babicka. Treinador: Carles Martínez

Benfica: Trubin, Bah, António Silva, Otamendi, Morato (Carreras, 46 min), João Neves, João Mário, Di María (Kokçu, 85 min), Rafa, Neres (Aursnes, 68 min) e Tengstedt (Arthur Cabral, 46 min). Suplentes: Samuel Soares, André Gomes, Aursnes, Tomás Araújo, Carreras, Florentino, Kökcü, Rollheiser, Tiago Gouveia, Marcos Leonardo e Arthur Cabral. Treinador: Roger Schmidt