Cabo-verdianos que votaram em Paris pedem estabilidade para o país

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Centenas de cabo-verdianos acorreram no domingo passado à Embaixada de Cabo Verde em Paris para votar nas eleições presidenciais, tendo como principais reivindicações estabilidade, segurança, saúde e o fim das desigualdades no seu país de origem.

“A estabilidade é fundamental para Cabo Verde e esta eleição vai decidir o destino do país para os próximos 10 a 15 anos”, disse António, cabo-verdiano que vive há cinco anos em França, em declarações à jornalista Catarina Falcão da Lusa.

Tal como outros conterrâneos, António vive nos arredores de Paris e deslocou-se à capital para votar nas eleições presidenciais cabo-verdianas, um escrutínio disputado por sete candidatos. Quem veio votar neste domingo tem preocupações específicas, apesar de viver longe do seu país de origem.

“Quero que os candidatos façam realmente o trabalho que há para fazer. Desde logo a segurança, mas também a saúde e depois a criação de emprego. Há uma desigualdade social enorme que não deixa viver bem as pessoas”, referiu David, instalado em França há 33 anos.

Na Embaixada de Cabo Verde em Paris foram instaladas 10 mesas de voto e, no total, havia 22 mesas de voto em toda a França, incluindo Amiens, Cannes, Lyon, Marseille, Nice ou Roubaix. Lá dentro, segundo testemunhos recolhidos pela Lusa, a eleição decorria de forma “normal” e “com alegria”.

A abstenção em França esteve acima dos 80% e na Embaixada de Cabo Verde em Paris ficou mesmo acima dos 85%. Para Arcanja, que vive nos arredores de Paris desde 1992, houve falta de informação nesta campanha presidencial, fazendo com que muitos cabo-verdianos que vivem em França tivessem algum receio em votar.

“Votamos porque é o dever de um cidadão, temos de contribuir para o melhor da nossa terra. Eu nem sei bem as expectativas, porque aqui em França não fomos bem informados. Falta informação de campanha, embora se compreenda, por causa da Covid-19. Votamos com um pé atrás”, explicou.

O próprio papel do Presidente é questionado por alguns Cabo-verdianos, que, acostumados ao sistema francês, têm dificuldade em compreender que não seja o Chefe de Estado a tomar as principais decisões do país. “O Presidente não tem muito poder em países como Cabo Verde ou Portugal. Em França o Presidente bate na mesa, diz as coisas e já está. E, em Cabo Verde, parece que os Presidentes estão lá para assinar os documentos no fim e não muito mais do que isso”, referiu David.

Na lista de reivindicações da diáspora de França estão ainda os transportes para Cabo Verde, assim como a mobilidade entre ilhas, que tem prejudicado o regresso ao arquipélago mesmo em termos de acalmia da pandemia de Covid-19. “A diáspora de Cabo Verde espalhada no mundo sente isso na pele. Tínhamos a sensação de que os emigrantes, sobretudo de Santiago, não voltariam a passar a noite no banco do aeroporto na ilha do Sal, mas é o que voltou a acontecer e nem sequer conseguimos passar a noite porque não há mesmo aviões. Visitar a terra natal agora é um problema bastante grave”, lamentou António.

José Maria Neves acabou por ser eleito logo à primeira volta e vai tomar posse nas próximas semanas.

 

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LusoJornal