LusoJornal | Carlos Pereira

Concerto de Fado na Catedral de Oloron juntou Jorge Baptista da Silva e Fátima Garcia

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No sábado passado, dia 11 de setembro, a Associação France-Portugal-Europe organizou um recital de fado na Catedral Sainte Marie, em Oloron-Sainte-Marie (64), com Jorge Baptista da Silva e Fátima Garcia.

O concerto enquadrou-se na homenagem aos 349 Portugueses que passaram pelo Campo de Gurs, um campo de refugiados da Guerra civil espanhola, e por isso foi organizado em parceria com o Comité Aristides de Sousa Mendes e a Association Terres de Mémoires et de Luttes, e com financiamento da Direção Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas (DGACCP).

“Gostamos muito de fazer concertos aqui, na Catedral de Oloron, pelo espaço magnífico, pelo quadro, e por aqui serem organizados concertos de grande qualidade” explica ao LusoJornal Elsa da Fonseca Godfrin, a Presidente da Associação France-Portugal-Europe, criada em 1987.

Naquele espaço, a associação já acolheu outros artistas portugueses, como, por exemplo, mais recentemente, os cantores líricos Luís Peças e João Paulo Ferreira. “Temos muito orgulho de ter sempre divulgado a cultura portuguesa, o nosso Portugal, o Portugal que nós gostamos, junto de um público francês”.

Desta vez a Catedral não estava cheia, porque tinha a concorrência de um outro concerto na cidade, mas tratava-se efetivamente de um público essencialmente francês.

No Campo de Gurs, naquela região francesa, estiveram, entre 1939 e 1940, refugiados da Guerra civil espanhola, entre os quais 349 Portugueses. Por isso, Elsa da Fonseca Godfrin pediu aos artistas um reportório de canções portuguesas, espanholas e francesas. “Queríamos mesmo ter um espetáculo único” sorriu ao LusoJornal.

Jorge Baptista da Silva canta desde os 11 anos de idade. Estudou canto no Conservatório nacional e também no estrangeiro com nomes sonantes do canto lírico internacional. “Mas resolvi depois ficar por Portugal, abraçar o fado, ficar perto das pessoas que me são queridas, abdicando da ópera” confessa ao LusoJornal. Coube-lhe pois cantar alguns temas em língua espanhola, como “Granada”, “Soleda” ou “Besame mucho”.

Fátima Garcia nasceu em Clermont-Ferrand, filha de Portugueses emigrantes naquela cidade. Apesar de ter ido morar para Portugal com apenas 8 anos de idade, guardou a língua francesa. “Eu tenho cá família, amigos e o coração. Venho cá regularmente e com as novas tecnologias, esse contacto também é facilitado, por isso, continuo a falar francês”. Foi pois muito naturalmente que cantou temas de Charles Aznavour e de Edith Piaf, como “Et maintenant”, “La vie en rose” ou “L’important c’est la rose”.

“Eu costumo dizer que Piaf é a fadista francesa” diz Fátima Garcia. “Sou uma fã incondicional de Amália Rodrigues, é uma pessoa por quem tenho um apreço muito grande desde miúda, mas claro que também gosto muito da Edith Piaf porque acho que o sentimento que ela tinha se aproxima muito do Fado”.

Os dois cantaram em português, por vezes em dueto. Por exemplo, ouviu-se “Gaivota”, “Fado Peniche” e “Fado Bailado” cantados por Jorge Baptista da Silva e “Prece”, “Casa portuguesa” e “Barco negro” na voz de Fátima Garcia.

Jorge Baptista da Silva foi convidado pelo encenador Filipe La Féria para integrar o espetáculo “História de um povo” que esteve mais de um ano em cartaz no Casino Estoril, integrou também um espetáculo de homenagem a Amália Rodrigues com Maria Mendes, e faz o papel de António Calvário “jovem” no musical “Calvário, uma vida de canções”, em que também entra o próprio António Calvário.

Canta todos os dias numa casa de fados em Lisboa e também dá aulas de canto durante o dia. Aliás, Fátima Garcia foi sua aluna. “Notei nela uma apetência vocal e incentivei-a a entrar noutros registos, como por exemplo o fado”.

Apesar de ser licenciada em sociologia, Fátima Garcia faz do fado a sua profissão, também canta todos os dias numa casa de fados lisboeta, mas também tem uma empresa de “origami”, a arte japonesa de dobrar papel, “que é o meu entretém durante o dia”.

No fim do concerto decorreu um convívio na sede da Associação France-Portugal-Europe, perto da Mediateca da cidade, no qual também esteve o Cônsul Geral de Portugal em Bordeaux, Mário Gomes.

 

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