LusoJornal / Mário Cantarinha

Congresso da Cívica virado para as eleições Europeias e para as próximas Autárquicas

No domingo 17 de março teve lugar o Congresso da associação Cívica, nos Invalides, em Paris. A associação dos autarcas portugueses ou de origem portuguesa em França virou as suas atenções para as eleições Europeias de 2019, e para as eleições Autárquicas de 2020, isto sem esquecer questões essenciais como a presença da língua portuguesa em França.

O Congresso teve a presença e discursos de várias personalidades da Comunidade portugueses, como o Embaixador de Portugal em França, Jorge Torres Pereira, ou ainda os Deputados portugueses Paulo Pisco e Carlos Gonçalves.

A associação Cívica, liderada pelo Presidente Paulo Marques, também deu voz aos autarcas luso-franceses Nathalie Lucas da cidade de Thorailles, David Resende de Camps-sur-l’Isle e Marie Afonso de Monthléry.

Em entrevista ao LusoJornal, Paulo Marques, Presidente da Associação e autarca em Aulnay-sous-Bois, fez o balanço do Congresso e lembrou os desafios que os luso-eleitos têm pela frente.

 

O que podemos dizer deste Congresso 2019?

Sendo o último Congresso do mandato 2014-2020, porque vamos ter eleições em março de 2020, o tema principal foi as eleições, e claro mais particularmente as eleições Autárquicas, mas sem esquecer as Europeias e as Legislativas em Portugal. Um dos objetivos principais sendo a participação cívica e cidadã, o nosso dever é que haja cada vez mais inscritos nas listas para ambas as eleições. Que haja a possibilidade para todos de conversar, de analisar e de avançar sobre esses temas: a participação cívica e política nos nossos territórios.

 

Qual foi o balanço de 2018 para a Cívica?

O ano correu bem. Temos a qualificação de “Association d’intérêt général”, o que nos permite ter uma intervenção mais decisiva graças aos meios humanos e financeiros. Permitiu-nos, por exemplo, para a comemoração dos 100 anos da primeira guerra mundial, levar a Portugal uma das exposições extraordinárias que viajou pela Alemanha, pela França e esteve em Albufeira, no sul de Portugal, onde as pessoas podiam ver e viver o que sentiam os soldados nas trincheiras, durante a guerra. Foi um ano de 2018 incrível com mais conhecimentos, mais experiências, e mais formações. Há um intercâmbio importante entre os membros no ano em que estamos a preparar os 20 anos da nossa estrutura.

 

As eleições Europeias são diferentes este ano?

Elas foram sempre todas diferentes. O processo eleitoral faz com que haja realidades locais diferentes. Vão ser diferentes porque as populações e os Governos são diferentes. Em França, na Itália ou no Leste da Europa, houve mudanças. Temos de falar da Europa de maneira diferente do que até agora.Temos que ser nós, os cidadãos, a falar, a decidir, a olhar e compreender o que é a Europa. Temos que ser nós a Europa. Os eventos que ocorrem em maio, todos os anos, mostram cada vez mais que o cidadão estava cada vez mais no centro da Europa. Temos de ver no quotidiano o que realizamos, mesmo antes dos Deputados europeus ou dos Governos.

 

É complicado mobilizar?

É cada vez menos complicado. Não se compara com o que se passava há 20 anos atrás. Posso dizer que em 2014 havia 10 mil candidatos e deveremos atingir à volta dos 15 mil candidatos em 2020. Tudo simplificou-se porque agora, aos 18 anos os jovens estão diretamente inscritos, e é mais fácil mobilizar. Os jovens têm mais interesse nas eleições, mas claro tenho que admitir que têm mais interesse pelas Autárquicas do que pelas Europeias. Isto porque a Europa está longe das nossas realidades locais.

 

A Cívica tem feito um trabalho importante junto dos mais jovens…

Com as redes sociais isto também é mais simples. Nós temos de ter cuidado apenas é com a desinformação. No entanto estas reuniões, o Congresso, bem como as reuniões no Senado francês, permite-nos analisar estas situações, e as realidades dos nossos territórios. Eu acho que, para os jovens quererem votar, é necessário o autarca estar próximo deles. Com essa proximidade, os mais jovens vão ter uma visão diferente do que é ser autarca, do que é participar, do que é ser eleitor. O nosso projeto de Assembleia Autárquica para Jovens, bem como a banda desenhada editada e distribuída a 64 mil exemplares a nível nacional, permite que haja cada vez mais participação cívica dos mais jovens. Isto é essencial porque podem ser os nossos autarcas no futuro.

 

Qual é o desejo da associação Cívica para as próximas eleições autárquicas?

O nosso desejo é que haja cada vez mais luso-eleitos em várias instituições. Temos metas, neste momento uma foi atingida, com os 4.000 autarcas de origem portuguesa em França. A segunda meta alcançada, era que houvesse Deputados de origem portuguesa. O que queremos agora é que haja cada vez mais candidatos em 2020, cada vez mais autarcas e cada vez mais membros da Cívica, para fazer com que a participação cívica esteja no coração das nossas intervenções.

 

Os luso-eleitos podem ajudar a salvar a língua portuguesa?

Há várias hipóteses e acho que vai ser um pouco graças a toda a gente. Todo o movimento associativo, todos os cidadãos portugueses têm de defender a língua portuguesa, e acho que os autarcas podem ser o elo de ligação nos seus territórios. Todos os autarcas, nos seus territórios, têm de alertar para o facto da língua portuguesa passar a ser uma língua ‘rara’, e diríamos ‘muito rara’.

 

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