Conselheiro das Comunidades Manuel Cardia Lima diz que Dijon devia ter um Cônsul Honorário

Manuel Cardia Lima é membro do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), mas foi também o Presidente da Federação das Associações Portuguesas do Rhône-Alpes (FAPRA). Considera que o atual Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, “é uma pessoa de escuta, nota-se que quer inteirar-se da vida das Comunidades” e considera também que, de um modo geral, o balanço do Secretário de Estado “é positivo”.

“Estive em contacto com ele no seguimento dos acidentes nas estradas que eu acompanhei nesta região e vi um homem sensível e preocupado” conta Manuel Cardia Lima ao LusoJornal.

No entanto, acha que o Governo devia consultar mais o Conselho das Comunidades. “Que eu saiba, até hoje o Conselho não tem sido consultado pelo Secretário de Estado das Comunidades, mas o Conselho tem emitido pareceres sobre os mais variados assuntos” afirma o Conselheiro. Por exemplo, sobre a nova Lei do recenseamento eleitoral, Manuel Cardia Lima explica que “nas nossas reuniões, o senhor Secretário de Estado veio falar da Lei, mas não fomos propriamente interrogados nesse sentido”. No entanto, acrescenta que “eu integro a Comissão sobre questões económicas, sociais e fluxos migratórios. Talvez tenha sido consultada outra Comissão, não sei”.

No entanto, destaca que as relações “são boas, temos acesso direto ao Secretário de Estado, podemos falar com ele. Eu pessoalmente tratei diretamente vários assuntos com ele. Nesse sentido não tivemos nenhum problema de relacionamento”.

Interrogado pelo LusoJornal sobre os serviços consulares, o Conselheiro das Comunidades diz que “funcionam muito melhor do que há 10 ou 20 anos” e lembra que “praticamente não tenho ouvido queixas”.

“Ouço dizer que noutros países, o atendimento nos Consulados é mau, mas aqui, nesta área, não me têm chegado problemas de maior” diz Cardia Lima. “Temos pessoas competentes nos Consulados”.

Manuel Cardia Lima é Conselheiro das Comunidades eleito pelas áreas consulares de Lyon e de Marseille. Diz que foi apenas duas vezes a Marseille. “Tive excelentes relações com o Cônsul anterior, Pedro Marinho. Recebeu-me e depois falámos várias vezes ao telefone”. O Conselheiro acompanhou de perto o caso de uma menina na Córsega que foi tirada aos pais, mas também os Portugueses vítimas do atentado de Nice.

O Consulado Honorário de Clermont-Ferrand também acabou por ser reforçado com uma segunda funcionária e o Conselheiro diz que não lhe têm chegado queixas sobre o funcionamento. “Mas não acho bem que o Consulado funcione na sede de uma empresa. Parece-me que não está bem ali”. Mas acrescenta logo: “se for para mudar para pior, é melhor ficar ali”.

Para Dijon, onde atualmente há Permanências consulares, “é necessário um Cônsul Honorário com um funcionário do Consulado de Lyon. Há Comunidade para isso naquela zona, mas o problema é sempre de meios”. Cardia Lima considera também as Permanências consulares em Annemasse são importantes. “Há pessoas daquela região que dizem que vão aos Consulados na Suíça, mas acabam por ser mal atendidos porque lá os serviços estão mais saturados. “Por isso as Permanências consulares são importantes naquela região”.

O Conselheiro das Comunidades falou ainda do meio associativo português na região de Lyon, que conhece bem porque foi Presidente da Federação das Associações. Na prática, a FAPRA está inativa há praticamente uma dezena de anos. Por um lado, porque não tinha subsídios de Portugal – “nunca teve. A única vez que recebeu um subsídio foi porque o Consulado organizou o Dia de Portugal e pediu um subsídio via Federação, mas foi tudo”, conta ao LusoJornal – por outro lado porque deixou de haver financiamento do então Fonds d’Action Sociale.

Na altura, segundo Manuel Cardia Lima, havia umas 26 associações com cotas em dia e a Federação trabalhava com umas 40 coletividades.

“As associações não gostam de trabalhar umas com as outras” confessa Manuel Cardia Lima. “Eu até costumo dizer que se não querem trabalhar juntos, pelo menos que não devem dar-se mal”.

O Conselheiro das Comunidades viu chegar a França muitas famílias carenciadas no auge da crise em Portugal. “Mas agora a situação acalmou bastante” mas afirma que “continuam a chegar trabalhadores destacados e por vezes em situações pouco claras” e quer que o Governo acompanhe mais de perto esta situação.

A rede de Gabinetes de Apoio ao Emigrante merece “nota positiva” do Conselheiro das Comunidades. “Nunca contactei diretamente com nenhum, mas tenho encaminhado pessoas para esses Gabinetes, sobretudo situações de famílias que regressam definitivamente a Portugal e necessitam de apoios” conta ao LusoJornal.

Manuel Cardia Lima também tem acompanhado de perto as geminações entre localidades portuguesas e localidades francesas. Mesmo se considera que “agora nestas geminações já só se fala de intercâmbios económicos. Ora, uma geminação devia ser mais do que isso”.

O Conselho das Comunidades devia acabar as suas funções este mês de setembro, mas “para que a sua eleição não coincida com as eleições Legislativas, foram adiadas para mais tarde”.

“Primeiro, eu tinha uma opinião de que o Conselho das Comunidades não servia para nada, mas eu hoje penso diferente. Acho que não podemos mudar tudo, mas podemos participar, podemos aconselhar, podemos ajudar a mudar algumas coisas” diz Cardia Lima ouvido pelo LusoJornal.

É o caso, por exemplo, da nova Lei do recenseamento automático dos Portugueses residentes no estrangeiro. “O número de eleitores cresceu bastante, mas isso não quer dizer que as pessoas vão votar” alerta Manuel Cardia Lima. “Tem de haver um trabalho de sensibilização, todos os dias, e não podemos deixar as culpas todas no Governo, temos de ser todos a fazer essa sensibilização, desde os diplomatas até cada um de nós”.

 

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