Cônsul-Geral de Portugal em Lyon quer fazer obras no Consulado

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O Cônsul-Geral de Portugal em Lyon, André Sobral Cordeiro, disse ao LusoJornal que o “grande projeto” que tem para 2022 são as obras de manutenção no posto consular que “provavelmente me vai ocupar muito tempo este ano”.

O edifício já tem alguns anos e as condições de trabalho das pessoas mudaram muito. “Hoje temos muito mais equipamento informático, há muito mais cabos a passarem por baixo das mesas, por cima, por todo o lado” explica o diplomata ao LusoJornal. “Embora o Consulado funcione e funciona muito bem, está na altura de fazer algumas obras. Há aqui alguns problemas que todos os edifícios, com o tempo, vão ganhando e que era bom fazer as obras. É um programa que está mais ou menos definido, agora estamos no processo das autorizações e é o que demora mais algum tempo, mas se tudo correr bem, a obra deve realizar-se este ano”.

André Sobral Cordeiro tem uma formação em história e confessa que “qualquer diplomata tem que ter as mínimas noções de história para poder entender o mundo passado, o mundo atual e o mundo passado que resultou no atual” garante ao LusoJornal. “A minha formação em história abriu-me os horizontes para vir para o mundo contemporâneo”. Destaca os professores que teve, entre os quais estavam Medeiros Ferreira, Fernando Rosas ou Nuno Severiano Teixeira.

Depois fez um mestrado em Estudos Europeus em Genebra e um Doutoramento em Direito Europeu em Viena, na Áustria.

Quando estava a terminar o Mestrado em Genebra, “um dia recebi um telefonema nestes termos: ‘Fala Mário Soares, quer vir trabalhar comigo?’ Eu achei que era algum amigo meu a brincar, depois a coisa esclareceu-se e fui trabalhar com o doutor Mário Soares, na Fundação Mário Soares, como Assessor do Gabinete, já ele era ex-Presidente da República. Foi um prazer, como é evidente”.

Depois ingressou na carreira diplomática, em 2005 foi para a Embaixada de Portugal em Teerão, passou pela Direção-Geral de Política Externa, até ter sido colocado em Cantão, na China, onde abriu o Consulado de Portugal naquela cidade, antes de vir para Lyon.

Contrariamente a Cantão, onde a atividade consular é mais virada para a vertente económica, André Sobral Cordeiro veio encontrar em Lyon uma forte Comunidade portuguesa “que ocupa 90% do meu tempo”.

O posto consular tem 15 funcionários, dois deles trabalhando no Consulado Honorário de Clermont-Ferrand e uma funcionária que está de baixa há um ano e que vai aposentar-se agora.

Um concurso recente permitiu recrutar um Assistente técnico. “Para esse posto a escolhida foi uma estagiária que já cá estava e como agora não temos estagiária, não houve aumento de funcionários” diz o Cônsul-Geral. “Houve um outro concurso para um Coordenador técnico, mas como o Vice-Cônsul se reformou, foi alguém que já estava no Consulado que assumiu as funções de Coordenador técnico”.

“O meu objetivo é guardar o excelente serviço que eu encontrei quando aqui cheguei” confessa ao LusoJornal.

No Consulado Geral de Portugal em Lyon não há listas de espera. “As listas de espera em Lyon, que de vez em quando surgem, são temporárias e duram muito pouco tempo. Tem a ver com um maior pedido por parte dos cidadãos em períodos muito específicos, como no início das férias escolares, no início do ano letivo, no verão… nessas alturas há sempre uns picos, mas por regra nós não temos listas de espera”.

Em setembro, as Permanências consulares voltaram a ser realizadas. “Foi das primeiras coisas que fiz quando cheguei. Havia condições para isso. Como se recordará, em setembro as coisas estavam bem melhores e até ao final de novembro fizemos tantas quantas foi possível” explica André Sobral Cordeiro.

“As Permanências consulares obrigam a ausência dos funcionários durante um dia inteiro do Consulado. Se eles estão fora, não podem fazer os atos aqui e isso, por exemplo, foi uma das razões porque houve uns pequenos períodos de listas de espera, porque não se conseguia responder a tudo nessas alturas. Como em dezembro e janeiro nós não fazemos Permanências consulares por causa dos calendários, então neste momento não há listas de espera porque temos cá os funcionários todos”.

O Cônsul-Geral propôs ao Ministério a realização de 28 Permanências consulares durante o ano 2022, com algumas alterações, em função da experiência anterior e da densidade populacional da região. Haverá Permanências em Annemasse, Annecy, Chambéry, Grenoble, Dijon, Dôle, Mâcon, Chalon…

No dia 31 de dezembro terminou o prazo para entrega de pedidos de subsídios da DGACCP às associações portuguesas no estrangeiro e André Sobral Cordeiro diz que houve muito poucos pedidos nesta área consular. “As associações queixam-se que o processo é demasiado burocrático. A mim não me parece que seja, acho que é o necessário, mas algumas associações queixam-se disso e por essa razão não concorrem”.

O LusoJornal interrogou o Cônsul-Geral sobre o caso particular da associação ULFE de Dijon. A associação acolhe as Permanências consulares, mas durante o período de confinamento passou por sérios problemas financeiros. Numa entrevista ao LusoJornal, o Presidente da associação, António Costa, disse que as autoridades portuguesas nem tinham dado resposta ao pedido de ajuda. “Está a dar-me uma novidade” disse André Sobral Cordeiro. “Eu não conheço o caso. Quando cá cheguei ninguém me falou nisso, desconheço em absoluto o que me está a dizer, mas já falei com a associação por diversas vezes e se tudo correr bem, no dia 18 de fevereiro irei a Dijon para conhecer a associação”.

A passagem para Portugal do Centro de atendimento consular, já anunciada pelo Governo, que vai centralizar todas as chamadas telefónicas dos Consulados de Portugal em França é considerada “uma excelente solução” pelo Cônsul Geral em Lyon. “Eu acredito que 80% das perguntas que são colocadas ao telefone, são idênticas em todos os Consulados. De facto, um Centro de atendimento consegue rapidamente responder. Eu acho que isso vai ajudar muito, libertando as linhas telefónicas e vai permitir que, quando as pessoas têm necessidade de falar mesmo connosco para assuntos que nos dizem absolutamente respeito, as linhas vão estar livres”.

André Sobral Cordeiro já constituiu o Conselho Consultivo da Área Consular, como prevê o Regulamento consular. Os dois Conselheiros das Comunidades – Manuel Cardia Lima e João Veloso – integram o Conselho consular. “Depois tentei misturar economia, cultura e as diferentes cidades da área de jurisdição para não concentrar tudo em Lyon. Tenho gente de Saint-Étienne, de Dijon, de Grenoble… para que haja uma dispersão na área geográfica, tenho empresários, professores universitários…” diz o diplomata português.

A primeira reunião desde Conselho da área consular estava previsto para início de fevereiro, mas talvez passará para março por causa das restrições que ainda podem acontecer em fevereiro.

André Sobral Cordeiro disse também ao LusoJornal que as autoridades francesas têm uma boa imagem da Comunidade portuguesa na região. “Ninguém fez qualquer crítica à Comunidade portuguesa, muito pelo contrário, todas me têm dito que é uma Comunidade participativa, que não causa problemas, que está muito bem integrada. Para os Franceses, os Portugueses são como os Franceses, não há qualquer diferença. Isto foi-me dito aqui em Lyon, mas também a nível regional e até noutras cidades mais pequenas na área de Lyon”, disse na entrevista ao LusoJornal. “Não me foi mencionado, até agora, qualquer problema com a Comunidade portuguesa”.

Ainda este ano, o Cônsul-Geral de Portugal gostava de fazer uma “grande exposição” de arte portuguesa em Lyon. “Acho que há um grande afastamento de Lyon em relação ao Portugal, e não percebo porquê, porque temos uma Comunidade tão grande. Mas acho que há uma falta de visibilidade do nosso país, não há nenhuma loja gourmet portuguesa, não há nenhum restaurante português em Lyon, e sem qualquer pretensão de ser o salvador, acho que vou tentar, dentro das minhas possibilidades, repor aquilo que Portugal já teve aqui. Vamos ver o que podemos fazer”.

 

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