Covid-19: Supermercados portugueses não escaparam à corrida às compras em França

A imposição da quarentena e o agravamento da pandemia da Covid-19 em França levou a uma corrida aos supermercados, incluindo os estabelecimentos que vendem quase exclusivamente produtos portugueses e muitos deles ficaram sem stock.

“Foi o fim do mundo. No último fim de semana e início da semana foi uma coisa que nunca se viu. Com 40 anos neste ramo, nunca tinha visto isto”, relatou Armindo Teixeira, proprietário dos supermercados Les Halles du Portugal, em declarações à Lusa.

Este empresário português tem duas lojas em Choisy-le-Roi e Saint-Cyr-l’École, na região parisiense, e relatou que apesar de ter trabalhado muito, não se vive um clima normal no setor alimentar em França. “Uma pessoa trabalha, mas não é com aquele gosto. Há medo, stress e é uma altura um bocado especial”, indicou.

Também na cadeia de supermecados Aux Délices du Portugal, com cinco lojas espalhadas nos arredores da capital francesa, a experiência foi similar. “Foi uma confusão muito grande, sobretudo na terça-feira, levaram tudo. E até esvaziaram o armazém, especialmente em termos de massa, arroz, legumes, bebida. Foi uma coisa louca”, contou Joaquim Santos, responsável pela loja de Pontault-Combault.

Esta loja, sediada numa cidade onde há uma grande Comunidade portuguesa, viu muitos franceses e pessoas de outras origens a comprarem no início da semana produtos tradicionalmente portugueses como charcutaria ou bacalhau. “Toda a gente comprava tudo e não importava o quê”, acrescentou Joaquim Santos.

O mesmo cenário repetiu-se no supermercado Lusomarket, em Bonneuil-sur-Marne. “Vimos muitas pessoas que nunca tínhamos visto antes vir cá comprar. Havia pessoas com três carrinhos”, indicou Sérgio Santos, cozinheiro neste supermercado, que tem também um serviço de refeições.

Para proteger as suas lojas e organizar as entradas, os supermercados portugueses optaram por destacar funcionários para a entrada das lojas. “A entrada foi com calma porque impusemos respeito. Pusemos um guarda à porta e as pessoas entraram 10 por 10 e foram muito inteligentes, mas nas lojas ao lado foi uma miséria”, disse Joaquim Santos.

Armindo Teixeira fala mesmo em pilhagens em outras lojas que não se organizaram. “De momento, tudo que seja alimentação está aberto. Na terça-feira, tivemos aqui a polícia a dizer que tínhamos de reduzir o número de pessoas na loja. As pessoas não vão ficar sem comer e estão autorizadas a sair para comprar comida. Senão podemos chegar a um ponto de pilhagem”, afirmou o empresário.

A prioridade das lojas portuguesas é restabelecer o stock e muitas já têm camiões na estrada vindos de Portugal, com produtos alimentares secos e frescos, mas também nisso há alguma contenção. “Estamos a pedir em maior quantidade, mas eles não estão a mandar na quantidade que nós queremos. Estamos a dividir o mal pelas aldeias, em Portugal ou em França, estão a fazer um trabalho sério e a dividir os produtos por todos”, concluiu Joaquim Santos.

 

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