Esta semana vai ser inaugurada em Lisboa a Galeria francesa de arte Jeanne Bucher Jaeger

A galeria francesa Jeanne Bucher Jaeger vai abrir um espaço no Chiado, em Lisboa, a 19 de janeiro, com exposições dos artistas André Bauchant (1873-1958) e Louis-Auguste Déchelette (1894-1964). Dirigida pelo galerista Rui Freire, as exposições ficam patentes ao público de 20 de janeiro até 17 de março, de terça-feira a sábado.

Rui Freire disse à Lusa que o espaço, em Lisboa, “é um espaço de abertura, experiências novas. É um espaço de experimentação, onde nós podemos mostrar obras de artistas modernos, contemporâneos e outras peças que nos interessam”.

A galeria francesa, fundada em 1925, revelou a pintora portuguesa Maria Helena Vieira da Silva, em Paris, pelo que não é de excluir a apresentação de algumas obras menos vistas da artista e do seu companheiro, o pintor Arpad Szenes. “Não é impossível mostrar obras da Vieira e do Arpad, sobretudo coisas que não são mostradas regularmente. O objetivo realmente de abrir este espaço é também mostrar coisas que não são vistas regularmente quer em Portugal, quer também aqui em Paris”, acrescentou.

Depois de Vieira da Silva e de Arpad Szenes, a galeria Jeanne Bucher Jaeger “sempre manteve uma ligação com Portugal e com artistas portugueses”, representando, atualmente, Miguel Branco, Rui Moreira e Michael Biberstein.

Com dois espaços de exposição em Paris, um no Marais e outro em Saint Germain, a ideia de abrir um novo em Lisboa surgiu, não só da ligação histórica a artistas portugueses, mas também devido ao “momento particular” que atravessa Lisboa.

Em Lisboa, a galeria vai ficar situada no número 01 da rua Serpa Pinto, perto do Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, e pretende, também, “criar pontes” entre Lisboa e Paris, entre artistas e colecionadores, e ser ainda “um espaço de encontro” para “a comunidade francesa que se encontra neste momento a viver em Lisboa”.

A exposição inaugural vai mostrar obras de dois artistas ‘naïf’, André Beauchamp e Déchelette, não para “voltar ao passado”, mas para mostrar “uma programação alternativa e diferente” da que é exibida em Paris, “coisas raras, que não se encontram facilmente”.

Com 92 anos, a galeria Jeanne Bucher Jaeger tem sido dirigida pela mesma família há três gerações, e expôs vários nomes das artes dos séculos XX e XXI. Sob a direção da fundadora Jeanne Bucher, entre 1925 e 1946, foram promovidos os “amigos” Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes, mas também nomes como Nicolas de Staël, Hans Reichel, Roger Bissière, Mark Tobey, Jean Dubuffet, Fermin Aguayo e André Bauchant.

André Bauchant, artista autodidata, iniciou-se na pintura aos 46 anos, quando regressou da primeira Grande Guerra, onde começou por pintar pequenos postais que vendia aos seus camaradas soldados. Por seu turno, Louis-Auguste Déchelette dedicou-se exclusivamente à pintura em 1942, na sequência do bom acolhimento pela crítica da sua primeira exposição, organizada por Jeanne Bucher.