Exposição sobre a “La diaspora juive portugaise” na Casa de Portugal André de Gouveia

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A exposição “La diaspora juive portugaise”, realizada pelas edições Chandeigne e concebida pela historiadora Livia Parnes, vai ser apresentada na Casa de Portugal André de Gouveia, na Cidade universitária internacional de Paris, entre os dias 10 de setembro e 4 de outubro. O evento integra o programa da Temporada França Portugal 2022.

 

“A história da diáspora judaica portuguesa no contexto sefárdico permanece pouco conhecida. Em 20 painéis, esta exposição conta a sua história, desde as suas origens – a conversão forçada dos judeus portugueses (1497) – até as reminiscências contemporâneas das memórias de Marrano e dos seus lugares de memória” lê-se numa nota de apresentação da exposição. “Perseguidos pela Inquisição de 1536, os Cristãos Novos deixaram Portugal, procurando um lugar para praticar o judaísmo mais ou menos livremente. Do século XVI ao século XVIII, participam nas profundas mudanças socioeconómicas, religiosas e intelectuais que levaram o mundo ocidental à modernidade. Apesar da grande dispersão geográfica e religiosa desta diáspora – que inclui convertidos que se tornaram sinceramente cristãos, judeus, marranos e criptojudeus – conseguiu preservar uma certa coesão que se manifesta na língua, literatura, liturgia, arquitetura, patronímica e arte funerária. Embora composta, partilha um destino comum que dará origem a uma nova forma de pertença coletiva, designada pelo termo a Nação”.

“As edições Chandeigne já existem há 30 anos e trabalham sobre a história de Portugal e sobre a expansão portuguesa há precisamente 30 anos” explica a editora Anne Lima. “Uma das nossas coleções, Péninsules, interessou-se sempre pelos confrontos de religiões e uma das questões muito importantes é a presença do judaísmo em Portugal e na diáspora portuguesa de maneira mais larga”.

As edições Chandeigne já publicaram livros como “Antonio Enríquez Gómez, un écrivain marrane” d’Israël Salvador Révah, “Consolation aux tribulations d’Israël” de Samuel Usque, “Fables de la mémoire. La glorieuse bataille des Trois Rois (1578): souvenirs d’une grande tuerie chez les chrétiens, les juifs et les musulmans” de Lucette Valensi, “Fantômes d’Islam et de Chine. Le voyage Bento de Góis s.j. (1603-1607)” d’Hugues Didier, “Histoire des Juifs portugais” de Carsten L. Wilke, “La Découverte des Marranes” de Samuel Schwarz, “La supercherie dévoilée. Une réfutation du catholicisme au Japon au XVIIe siècle” de Jacques Proust, “Les nouveaux-Juifs d’Amsterdam. Essais sur l’histoire sociale et intellectuelle du judaïsme séfarade au XVIIe siècle” d’Yosef Kaplan, “Sefardica. Essais sur l’histoire des Juifs, des marranes & des nouveaux-chrétiens d’origine hispano-portugaise” d’Yosef Hayim Yerushalmi ou “Sous le ciel de l’éden. Une mémoire marrane au Pérou?” de Nathan Wachtel.

“Damo-nos também conta que nos dicionários e livros de história sobre judaísmo publicados em França, às vezes Portugal aparece como uma subparte de Espanha. Isso não nos satisfaz porque realmente a história do judaísmo português tem uma especificidade e é diferente da história do judaísmo espanhol, embora esteja ligada, mas é diferente” afirma Anne Lima. “Não é uma história à parte, faz parte da história de Portugal. Isto parece-nos muito importante mostrar. Não é um grupo humano separado que esteve em Portugal e que depois teve uma perseguição, houve a inquisição e o batismo forçado, é também uma presença mundial, criou ligações que estão ligadas à história de Portugal, então tem toda a sua lógica que a Chandeigne se interesse por este tema”.

A exposição tem 20 painéis do 80 cm de largura por 2 metros de altura e pretende circular por bibliotecas, serviços municipais, escolas, centros culturais… Por enquanto, as edições Chandeigne apenas dispõem de dois exemplares na versão francesa. “A ideia é fazer uma boa tradução em português e utilizar os painéis como estão, alterando apenas o texto” explicou Anne Lima que continua a procurar apoios para a tradução.

Livia Parnes é especialista da história do judaísmo em Portugal e escreveu uma tese sobre o marranismo. Anne Lima e Livia Parnes conhecem-se desde os anos 90.

A expansão dos judeus portugueses está relacionada com a expansão marítima e com o desenvolvimento do comércio à escala mundial. Livia Parnes conta essa expansão para as Caraíbas, para o Oriente, até para os Estados Unidos, ao fundarem a Nova Orléans, que mais tarde se tornou Nova Iorque.

“Os Marranos encontram-se em Portugal, mas esta exposição mostra que os encontramos também nos sítios onde esta diáspora se vai fixar. Até vamos encontrar Marranos no Brasil, no México, no Peru… no século 20” explica Livia Parnes ao LusoJornal. “Depois da conversão forçada, há uma nova forma de praticar, há um criptojudaísmo. Mantêm uma forma de judaísmo que é um pouco alterada, modificada ao longo dos séculos, mas que se vai transmitindo nas famílias através das tradições, das crenças e vamos encontrar isto até ao século 20”.

A historiadora continua explicando que “mesmo aqueles que partiram no século 17, já esqueceram o judaísmo dos antepassados, levam com eles uma forma transformada do judaísmo e vamos encontrar estas noções do judaísmo mesmo no Brasil, pessoas que praticam de maneira diferente. Eles dizem que são tradições familiares e os antropólogos e os historiadores vão descobrir que são tradições do judaísmo, mesmo se eles não estão conscientes dessa ligação” afirma Livia Parnes.

No sábado, dia 10 de setembro, depois da inauguração da exposição, às 18h00, haverá um concerto intitulado “Chemins musicaux” com temas de compositores de origens judias e portuguesas, por Eva Viegas e Dimitri Malignan, piano solo e piano a 4 mãos.

 

«La Diaspora Juive Portugaise»

Du 10 septembre au 4 octobre

Du lundi au vendredi, 9h00 à 19h00

Samedi et dimanche, 14h00 à 19h00

 

Maison du Portugal André de Gouveia

Cité internationale universitaire de Paris

7 boulevard Jourdan

Paris 14

 

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