Lusa | António Cotrim

Festival de Avignon começa esta semana com teatro de Tiago Rodrigues e dança de Marco da Silva Ferreira

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O dramaturgo e encenador Tiago Rodrigues, que em 2023 vai passar a dirigir o Festival de Teatro de Avignon, vai apresentar uma revisitação da tragédia grega “Ifigénia”, que constitui uma das produções em destaque no Festival deste ano, com estreia local marcada para dia 07, na abertura do certame.

O coreógrafo Marco da Silva Ferreira, com o espetáculo “Førms Inførms”, concebido para a companhia sul-africana Via Katlehong Dance, que se estreia em Avignon no próximo dia 10, é outra presença portuguesa no festival, um dos mais importantes dedicados às artes de palco, que, a partir de 2023, terá em Tiago Rodrigues o seu Diretor artístico.

“Via Injabulo” e “Ifigénia” fazem parte da programação da Temporada França Portugal 2022.

“Ifigénia” fica em cena em Avignon, até dia 13, e já tem lotações esgotadas em quase todas as récitas, sobrando apenas alguns bilhetes para a sessão de dia 12, destinados a venda presencial, segundo a bilheteira ‘online’.

Estreada no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, em 2015, “Ifigénia”, a história da filha do rei Agamémnon, que o soberano sacrifica em nome do combate na guerra de Troia, é transposta por Tiago Rodrigues para o contexto contemporâneo dos conflitos armados e dos seus objetivos, a partir da tragédia de Eurípides.

A obra faz parte de uma trilogia dedicada aos clássicos gregos e ao mito da Casa dos Atridas, em particular. Depois de “Ifigénia”, Tiago Rodrigues abordou “Agamémnon”, a partir de Ésquilo, em que a morte da filha do rei de novo se impõe, com Clitemnestra, a mãe, a definir a vingança, assim como a relação e o destino das personagens que se cruzam na peça seguinte, “Electra”, também inspirada em Eurípides.

 

“Ifigénia” vai continuar em digressão em França

A montagem de “Ifigénia”, em Avignon, conta com interpretações de Carolina Amaral, Fanny Avram, João Cravo Cardoso, Alex Descas, Vincent Dissez, Mireille Herbstmeyer, Julie Moreau, Philippe Morier-Genoud e Richard Sammut, com encenação de Anne Théron.

Trata-se de uma coprodução do Théâtre National de Strasbourg, com a companhia Les Productions Merlin, o Teatro Nacional São João, do Porto, que acolherá a peça na próxima temporada, e ainda com palcos franceses de Brive-Tulle, La Roche-sur-Yon, Sud-Aquitain (Bayonne) e da Région Nouvelle-Aquitaine. Conta igualmente com o apoio do Ministério da Cultura de França e a parceria da France Télévisions.

“Ifigénia” partilha o programa de abertura desta 76ª edição do Festival de Avignon, com a adaptação de “O Monge Negro”, de Anton Tchekhov, pelo encenador e realizador Kirill Serebrennikov, o único cineasta russo selecionado para o último festival de Cannes (com o filme “Tchaikovsky’s wife”), onde condenou publicamente a invasão da Ucrânia.

Há um ano, quando foi anunciada a escolha de Tiago Rodrigues para a direção do Festival de Avignon, a abertura da 75ª edição coube à versão de “O cerejal”, de Tchekhov, pelo encenador português, que então dirigia o Teatro Nacional D. Maria.

 

A dança de Marco da Silva Ferreira

Quanto a Marco da Silva Ferreira, apresentará no festival, nos próximos dias 10 a 17, a coreografia “Førms Inførms”, como parte do díptico “Via Injabulo”, a par de “Emaphakathini”, do coreógrafo e bailarino franco-senegalês Amala Dianor, que a companhia Via Katlehong Dance irá interpretar.

Nascido em 1986, em Santa Maria da Feira, Marco da Silva Ferreira trabalhou com coreógrafos como Hofesh Shechter, Sylvia Rijmer, Tiago Guedes, Paulo Ribeiro e Victor Hugo Pontes. Entre 2018-2019, foi artista associado no Teatro Municipal do Porto, e de 2019 a 2021, do Centre Chorégraphique National de Caen en Normandie.

No âmbito da Temporada Cruzada, além de “Førms Inførms”, Marco da Silva Ferreira assina os espetáculos “Fantasia Menor” (apresentado na Normandia e em Paris), “SIRI” (Bordeaux e Porto), “Novas Conexões (Novos Links)”, para os alunos do Conservatório de Paris e da Escola Superior de Dança de Lisboa, e “S/Corpos de Baile”, criação conjunta com Tânia Carvalho, para a Companhia Nacional de Bailado, que irá encerrar a temporada no Théâtre de la Ville, em Paris.

“Via Injabulo” conta com coprodução do Festival Dias da Dança e do Teatro Municipal do Porto, que o acolherá em setembro, a par do Chaillot Théâtre National de la Danse e do Théâtre de la Ville de Paris, e da Maison de la Danse (Lyon), assim como do Festival d’Avignon, do Théâtre de Loire Atlantique, de Nantes, da Maison des Arts de Créteil e do Espace 1789 – Scène Danse de Saint-Ouen.

Tem ainda apoio do Instituto Francês da África do Sul e do Centro Cultural Camões, em Paris.

No âmbito da Temporada França Portugal 2022, o Festival de Avignon apresentará ainda a peça “Saigão”, da encenadora, dramaturga e realizadora francesa Caroline Guiela Nguyen, em que as personagens partilham memórias do passado colonial e da guerra, no Vietname, desde meados do século XIX.

“Saigão” esteve em cena no Teatro D. Maria, no passado mês de abril.

 

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