Francesa FNAC passou a gerir a histórica Livraria Barata em Lisboa

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A histórica Livraria Barata, em Lisboa, passou este mês a ser gerida integralmente pela cadeia francesa FNAC, que se compromete a “honrar o legado histórico e o estatuto de Loja com História”, assim como a manter todos os trabalhadores.

“Preservar e honrar a herança histórica desta Loja com História como uma instituição cultural de relevo na cidade de Lisboa é o grande compromisso da FNAC, que pretende manter a atmosfera acolhedora de proximidade com a comunidade e de acesso à cultura”, lê-se num comunicado divulgado pela FNAC no início do mês de agosto.

Desde 2020 que a Livraria Barata, localizada na Avenida de Roma, mantinha uma parceria com a cadeia francesa e a autarquia lisboeta, com o objetivo de tentar ultrapassar a crise que atravessava, agravada pelas restrições e confinamento impostos pela pandemia de Covid-19, que a conduziu a uma perda de vendas entre 80% e 90%.

Com esta parceria tripartida, através do programa “Lojas com História” da Câmara Municipal de Lisboa, pretendeu-se “preservar o património cultural e de cidadania desta livraria” e dinamizar o espaço através de uma maior oferta de produto.

Deste modo, a FNAC entrou na Livraria Barata com novos produtos que tradicionalmente aquele espaço não vendia tais como vinis, jogos e brinquedos, instrumentos musicais, ‘merchandising’, equipamentos de som e de telecomunicações, e outros como materiais de papelaria, numa amplitude que anos antes também tinha tido presença constante na loja.

Tratava-se de uma parceria estritamente comercial, sem que a cadeia de lojas francesa tivesse comprado qualquer parte da Barata, que manteve o nome original, acrescido apenas da frase “powered by FNAC”.

Agora, com este novo acordo, “a livraria assume a marca FNAC a partir de hoje, dia 4 de agosto, mantendo a atmosfera acolhedora de acesso à cultura e de proximidade com a comunidade e com os autores”, afirma a empresa, realçando que todos os colaboradores da livraria se vão manter, passando a FNAC Avenida de Roma a contar com uma equipa de 16 pessoas.

“A digitalização e a globalização do mercado representam desafios significativos e difíceis de acompanhar. Neste sentido e, como para a FNAC estas livrarias fazem parte do património cultural, decidimos investir na Livraria Barata, assumindo a sua gestão, implementando as ferramentas informáticas e a proposta de canais digitais que disponibilizamos em todas as FNAC, mas garantindo a manutenção do seu ADN de forma a perpetuar a sua história num futuro cada vez mais exigente”, explica Nuno Luz, Diretor-geral da FNAC Portugal.

O responsável esclarece ainda que o objetivo “é salvaguardar o que a Barata trouxe aos amantes de livros e cultura, acrescentando aquilo que é uma experiência FNAC”.

No piso inferior da livraria decorrerão apresentações de discos, livros, sessões de autógrafos, horas do conto, entre outras atividades.

Está prevista também uma maior diversificação dos artigos à venda na loja, nomeadamente manuais escolares, papelaria, música, jogos de tabuleiro, brinquedos e produtos tecnológicos, tais como portáteis, telemóveis, equipamentos de som e vários acessórios na área da tecnologia.

Serão disponibilizados ainda todos os outros serviços FNAC, como pontos de recolha de compras ‘online’ e bilheteira.

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A Barata é uma empresa familiar, criada por António Barata, em 1957, com um percurso fortemente ligado à história de Lisboa, e chegou a ter uma cadeia de uma dúzia de livrarias espalhadas pela cidade, em pontos como o Instituto Superior Técnico e o bairro de Campo de Ourique.

A origem de tudo é a livraria-mãe, na Avenida de Roma, que começou por ser uma pequena loja de livros, papelaria e tabacaria, e que em 1986 sofreu uma transformação arquitetónica que a tornou o espaço que é hoje, com o seu piso em calçada portuguesa e estantes de inspiração modernista.

Nos anos de 2010, para dar impulso ao negócio, a Barata fez uma parceria de âmbito comercial com o Grupo Leya, que lhe permitiu acesso prioritário na comercialização de todas as chancelas do grupo, desde as edições gerais às escolares.

Hoje classificada “Loja com História”, a Barata nasceu há 63 anos, “nas brumas da ditadura”, e foi-se tornando um espaço de comunhão literária, mas também de resistência, de busca e partilha de conhecimento e informação, segundo a descrição da própria livraria.

Esse posicionamento valeu ao seu fundador a perseguição da polícia política da ditadura, PIDE, mas nem assim fechou as portas, alimentando sempre um espaço de cultura e de pensamento livre.

Criada à imagem das “grandes livrarias independentes, herdeiras da Europa das Luzes, precursoras da alfabetização e da promoção do conhecimento, numa lógica plural, humanista e universalista”, a Barata evoluiu em dimensão e oferta, apostando no ensino técnico e na vertente infantojuvenil.

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